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Depois de posar nua, Preta Gil aproveita o selo de "polêmica" em "Caixa Preta", seu novo programa de TV, na Band
Paquita rebelde
LAURA MATTOS
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em menos de um ano, ela passou de filha de Gilberto Gil a cantora, atriz de novela, modelo, celebridade de "Caras" e, agora, apresentadora de televisão.
Sob tutela de Marlene Mattos,
Preta Gil, 29, estréia "Caixa Preta", na Band, em abril. Diz que já
quis ser paquita e que está adorando ocupar a vaga de "pupila"
da ex-diretora da Globo. "Estou
me achando a Xuxa. Ia amar se a
Marlene mandasse em mim, fosse
uma carrasca comigo", brinca,
com deboche característico.
O programa fará de sua própria
personalidade irreverente uma
atração. Uma caixa preta com
perguntas provocativas circulará
por festas de famosos e outros
ambientes. Marlene, diretora artística da Band, quer "Caixa Preta" ao vivo, mas deverá transmiti-lo gravado no início. Vai ao ar aos
sábados, provavelmente às 23h. A
nova apresentadora assinou com
a Band por um ano, deixando para trás proposta de comandar
programa no Multishow e atuar
em novela na Globo (já participou
de "Agora É que São Elas").
Preta passou a ter a vida dos sonhos de Darlene -a louca por fama de "Celebridade"- em agosto, com o lançamento de seu CD e
do encarte em que aparece nua.
O disco vendeu 20 mil cópias
("Apesar de todo o investimento
da gravadora [Warner] em Maria
Rita..."). E sabe que seu programa
é conseqüência da polêmica em
torno da gordinha, negra e filha
de ministro pelada. Ela já foi publicitária, promotora, diretora de
clipes ("Dirigi alguns meio porcarias, do KLB, Carla Visi, que fazem parte do meu crescimento").
À Folha, revelou detalhes de seu
programa, falou do pai, da relação
com Marlene, da demissão de seu
padrinho do Ministério da Cultura, do caso Waldomiro Diniz.
Folha - Você concorda que seu
programa de TV é conseqüência da
polêmica em torno de ter aparecido nua no encarte do CD?
Preta Gil - Tenho um site com
mensagens que me esculhambam
e deixo no ar porque acho ótimo.
Tem também gente que fala: "Você mudou minha vida. Sou gordinha, não botava maiô há dez anos
e ontem fui à praia". Tem marido
falando: "Minha mulher não transava de luz acesa porque era gordinha. Obrigada, porque agora ela
se acha o máximo". Isso tudo me
rendeu um programa de TV.
Folha - Você ficará num sofá?
Preta - Não gosto de sofá. Isso
me remete à sessão de analista.
Quero ficar mais à vontade, circular pelo cenário. Todo programa
terá uma pessoa da platéia que irá
interagir com os convidados.
Quero levar de tudo: Zé Celso [o
dramaturgo José Celso Martinez
Corrêa], [a banda pop] Charlie
Brown Jr., o Caetano. Quero fazer
as pessoas falarem de modo menos óbvio. A idéia é dizer coisas
que não são ditas, trazer à tona
mediocridades e hipocrisias.
Folha - Vai de consultório sentimental à exploração de polêmicas?
Preta - A caixa vai ter perguntas
inusitadas. Pode ser qualquer bobagem, tipo: "Qual é seu trauma
de infância?", "Quem você detesta
na TV?". Quero mostrar a famosa
que tem problema para arrumar
namorado e a mulher da platéia
que não é famosa nem bonita,
mas é a sensação da rua.
Folha - Em show, você esculhamba com tudo. Será assim na TV?
Preta - As pessoas não podem se
levar muito a sério. Isso acontece
demais na TV. A gente tem que
ter autocrítica e escracho para
crescer. Tem que tirar a máscara.
Mas não quero agredir ninguém.
Perco a piada mas não o amigo.
Folha - Na caixa, poderia ter algo
do tipo "Você odeia a Xuxa"?
Preta - Com certeza (risos). Até
porque neste momento eu estou
me achando a Xuxa, a nova pupila
da Marlene Mattos. Quero ficar o
tempo todo dizendo: "Cadê meus
seguranças?".
Folha - E ser pupila da Marlene
Mattos causa medo também?
Preta - Só empolgação. Eu ia
amar se ela mandasse em mim, se
fosse uma carrasca comigo. Sempre penso nela gritando comigo e
eu chorando (risos). Não, ela não
é assim. A Marlene é um doce comigo, ela me escuta muito, dá risada das besteiras que falo. Acho
o máximo poder abraçá-la, beijá-la. Sempre falo: "Nossa, sou amiga da Marlene Mattos!". Nós nos
conhecemos há quatro anos e ela
me chamou para fazer matérias
para o programa da Xuxa. Já quis
ser paquita, então, adorei.
Folha - Chegou a tentar?
Preta - Nunca, pensa bem. Preto,
no Brasil. Só se eu fosse a Bombom (risos). Vamos combinar
que o racismo impera no Brasil.
Folha - Vai ficar rica na Band?
Preta - Meu contrato é superbacana, vai justificar o fato de eu ter
de gravar toda semana, ter que
perder alguns convites para show.
Poderei reestruturar minha vida.
Folha - Ao descobrir que queria
ser artista, transformou-se em uma
louca pela fama, numa Darlene?
Preta - Não tenho isso. Sou famosa desde o dia em que nasci.
Eu me chamo Preta, sou filha do
Gilberto Gil. Quando era publicitária, estava numa agência e a mulher do cafezinho me pedia autógrafo. Como é que se explica isso?
Sabe aquela coisa do "meu destino é ser star"? Achava cafona, brega. Mas o que posso fazer?
Folha - Qual é a sua opinião sobre
o episódio envolvendo seu padrinho, Roberto Pinho -demitido
por Gil do Ministério da Cultura sob
acusação de irregularidades?
Preta - Achei triste. Ele é meu
padrinho e sempre será.
Folha - Falou com ele sobre isso?
Preta - Não. Não tenho relação
de falar com ele desde que cresci.
Mas espero que as pessoas consigam colocar suas vidas em ordem. Meu pai tomou a atitude
certa porque, sendo verdade ou
não, aconteceu algo esquisito.
Folha - O que achou de Flora (mulher de Gil) ter organizado o camarote no Carnaval de Salvador, apesar de ter dito, em 2003, que não o
faria enquanto Gil fosse ministro?
Preta - Natural. Ao longo de um
ano, ela foi percebendo que não
havia problema, do ponto de vista
pessoal, profissional e até legal.
Folha - Não vê problemas éticos?
Preta - Nenhum. Pelo amor de
Deus! Agora viramos uma família
de abestalhados, que faz bobagem
para tudo quanto é lado? Não, né?
Folha - E também estão acusando
seu pai de viajar muito para shows.
Preta - Caramba. Deixa o cara
em paz. Ele está fazendo um trabalho tão bonito...
Folha - Não dá para deixá-lo em
paz, Preta. Ele é ministro.
Preta - Ah, então não deixa. Mas
nessa viagem que ele está fazendo
agora para trabalhar, que tirou 15
dias de férias porque têm direito,
a quantidade de reuniões que está
fazendo para o governo e o ministério... Ninguém fala sobre isso.
Folha - E o caso Waldomiro Diniz?
Preta - Ai, não tenho noção do
que está acontecendo. Foi no Carnaval [na verdade, o escândalo
veio à tona uma semana antes].
Folha - Nem chegou a falar com
seu pai sobre isso?
Preta - Imagina! Eu, pulando
atrás da Timbalada, ia falar com o
meu pai sobre o Waldomiro?!
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