São Paulo, sábado, 07 de abril de 2001 |
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Pirandello Antes e depois do teatro
VAIVÉM
FRANCESCA ANGIOLILLO DA REPORTAGEM LOCAL As livrarias brasileiras tornam-se, este mês, palco para Luigi Pirandello (1867-1936). O que se apresenta, no entanto, não é nenhuma de suas famosas peças, como "Seis Personagens à Procura de um Autor" (1921). A crise de identidade, a distinção entre sanidade e loucura - questões fundamentais da obra do autor italiano- já estavam presentes na prosa de Pirandello antes de sua estréia teatral, como mostra a reunião de novelas "O Velho Deus", que a Berlendis & Vertecchia prevê lançar no dia 11. O livro, que abre a coleção Letras Italianas, é o primeiro tomo dos 16 de "Novelas para um Ano", o projeto mais extenso do autor. A editora pretende, nos próximos cinco anos, verter para o português toda a obra. A intenção do escritor era reunir, em um só volume, tantas novelas -narrativas situadas entre o conto e o romance- quanto os dias do ano. Seu editor propôs a divisão em 24 partes. Entre 1922 e 1936, o autor planejou 15 tomos. O 16º foi lançado postumamente, a partir de textos que ele deixou. "O Velho Deus" traz versões reescritas por Pirandello de originais de 1894 a 1903. Grande parte das 240 narrativas -total que Pirandello logrou alcançar-, porém, eram inéditas quando "Novelas para um Ano" saiu na Itália. Se Pirandello mudou os rumos do teatro, para Bruno Berlendis de Carvalho, tradutor da obra, "as novelas tiveram um papel decisivo nos rumos do teatro pirandelliano". "Ele usava a narrativa como laboratório", diz. O contrário também é verdadeiro. É o que mostra "Um, Nenhum e Cem Mil", último romance de Pirandello, que sai pela coleção Prosa do Mundo, da Cosac & Naify, no dia 23. Levou cerca de 15 anos sendo escrito, e foi mudando à medida que a experiência teatral do autor se intensificava. Samuel Titan, organizador da coleção, vê em "Um, Nenhum e Cem Mil" "o momento de máxima expansão dos temas" de Pirandello. Ele o compara ao romance mais famoso do autor, "O Falecido Mattia Pascal", de 1904, "um livro ainda do século 19, cuja técnica não faz pensar em transformação literária como este, que é um romance modernista". A relação de Pirandello com o teatro também ganhará nova luz em breve, na Itália. O jornalista Andrea Pirandello, 76, neto do autor, está organizando a correspondência trocada entre seu avô e seu primogênito, Stefano, durante a Primeira Guerra, quando o filho foi para o front. "No começo, a dramaturgia era uma atividade lateral, da qual, nas primeiras cartas, ele quase se justifica. Sua primeira peça foi uma comédia, encomendada pelo ator siciliano Angelo Musco", disse à Folha. Tão logo encontre editor italiano, a correspondência sairá aqui pela Berlendis & Vertecchia. Leia ao lado trecho de carta inédita, cedida por Andrea Pirandello. Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Trecho de carta Índice |
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