|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Interfaces Contemporâneas", com 200 artistas, comemora aniversário do museu
MAC, 40, convida para o banquete
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A mesa está posta. Cerca de 200
artistas foram convidados a participar do banquete que o Museu
de Arte Contemporânea (MAC)
da Universidade de São Paulo
prepara, a partir de amanhã, para
comemorar seus 40 anos. A maior
parte são artistas já consagrados,
mas há também um penetra.
Elza Ajzenberg, diretora do
MAC, utiliza-se da mesa como
metáfora para retratar a história
da instituição, criada pelo industrial e mecenas Ciccillo Matarazzo, em 1963. "Como bom filho de
imigrantes italianos, Ciccillo observou o seu tempo. Soube selecionar os elementos mais saborosos ou mais instigantes de artistas", afirma Ajzenberg.
Uma das sete salas da mostra é
composta inteiramente por obras
em que a mesa é o tema: há duas
"Santa Ceia", uma de Brecheret e
outra de Volpi, e telas de Matisse e
Maria Leontina, entre outras.
"Com um acervo de mais de
8.500 obras, foi muito difícil selecionar apenas 200 para a mostra",
diz Ajzenberg, que divide a curadoria da exposição com outras
pesquisadoras do museu.
No menu que Ciccillo legou ao
MAC estão algumas das mais "saborosas" obras do século 20, como o auto-retrato de Modigliani,
único realizado pelo artista, ou
obras de Picasso, Kandinsky, De
Chirico e Marc Chagall, todas expostas na mostra.
Criador da Bienal de São Paulo,
em 1951, e do Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1948, Ciccillo era um mecenas impetuoso.
Em 1962, logo após se separar da
mulher, Yolanda Penteado, decidiu definir o destino de sua coleção particular: doou toda ela à
Universidade de São Paulo.
No ano seguinte, o empresário
consegue extinguir o MAM, na
época dirigido por Mário Pedrosa, e transferir todo seu patrimônio ao novo museu, o MAC.
Em 8 de abril de 1963, que remete à comemoração dos exatos 40
anos amanhã, o MAC recebia
1.263 obras do acervo do MAM.
"A preocupação de Ciccillo era
dispor o acervo em uma instituição pública e de pesquisa, o que é
um dos eixos de nossa preocupação. Além do mais, Ciccillo tinha
um excelente olhar para a arte de
sua época, que hoje chamamos
moderna, mas na época era contemporânea", explica a curadora.
Por isso, a mostra que celebra os
40 anos é denominada "Interfaces
Contemporâneas", apesar de
grande parte conter os modernos
até então citados.
Mas há também os contemporâneos, como Regina Silveira,
Nelson Leirner e Cildo Meireles,
para citar os brasileiros, ou então
o alemão Joseph Beys e o venezuelano Jesus Rafael Soto, que
comparece com uma monumental obra penetrável, que foi destaque na Bienal de São Paulo, em
1994. O homenageado da exposição é o pintor octogenário Arcângello Ianelli.
E o penetra? Entre tantos nomes
consagrados na história da arte
expostos no MAC, encontra-se
também uma tela de Romero
Britto, o brasileiro que tem obras
no acervo de Michael Jordan, Arnold Schwarzenegger e Whitney
Houston, mas nunca participou
de bienais ou mostras em museus
importantes, seja no Brasil ou no
exterior. Provocação?
"Acredito ser importante discutir a obra de Britto, que trabalha
com questões contemporâneas. A
crítica de arte está defasada. Há
muitos que não gostam dele apenas por seu sucesso comercial,
mas, no Renascimento, por
exemplo, importantes artistas trabalhavam em lojas, para vender
mais, e não em ateliês", responde
Daisy Peccinini, a curadora responsável pela escolha.
Como em toda a festa, os penetras vão dar o que falar.
MAC USP 40 ANOS INTERFACES
CONTEMPORÂNEAS. Mostra com 200
obras do acervo do museu. Curadoria:
Elza Ajzenberg e equipe do museu.
Onde: Museu de Arte Contemporânea da
USP (r. da Reitoria, 160, Cidade
Universitária, São Paulo, tel. 0/xx/11/
3091-3327). Quando: amanhã, 18h30; de
ter. a dom., das 10h às 19h, sáb. e dom.,
das 10h às 16h. Até 8/6. Quanto: entrada
franca.
Texto Anterior: Nelson Ascher: A destruição de Bagdá Próximo Texto: Panorâmica - Ilustrada: Sem voz, Paul McCartney cancela show na Inglaterra Índice
|