São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2004

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MÚSICA

Com mais investimento, orquestra ganha local fixo de ensaio e passa a vender assinaturas de suas apresentações

Camargo Mariano estréia nova fase da Jazz Sinfônica

EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Uma mesada maior, um mundo de possibilidades adiante e um convidado do calibre do pianista Cesar Camargo Mariano, 60. É assim que a orquestra paulista Jazz Sinfônica sobe hoje ao palco do teatro Sérgio Cardoso para inaugurar a temporada 2004 e comemorar a entrada na adolescência.
Criada em abril de 1990, a orquestra recebeu um reforço de capital em agosto do ano passado. "Isso tornou possível organizar um pouco mais a nossa programação, contratar assessoria de imprensa e convidar gente como o Cesar", conta o maestro João Mauricio Galindo, 43, que vai assumir a batuta durante a maior parte do concerto de hoje.
Além disso, a orquestra conta agora com um local fixo de ensaio (o próprio teatro Sérgio Cardoso) e passou a vender assinaturas para suas apresentações. Somado tudo, a agenda ficou repleta de concertos com nomes como Zélia Duncan (21/4), Eduardo Gudin (19/5), Leo Gandelman (2/6), Luiz Melodia (16/6), Grupo Pau Brasil (11/8), Flávio Venturini (22/9), Arrigo Barnabé (20/10) e Lenine (10/11).
Mas isso ainda não resolve a vida dos 95 músicos que integram a orquestra. "Eles ganham metade do que recebe o pessoal da Osesp e são obrigados a tocar em outros lugares", diz Galindo. Assim, ensaiam três vezes e se apresentam uma vez por semana, em média.
"Essa situação deixa a orquestra meio confinada a São Paulo. Está na hora de a gente excursionar. Sonho com uma turnê em Tóquio, mas, para tanto, precisamos ter a exclusividade dos músicos."
A idéia de convidar Mariano para a abertura da temporada teve a sua dose de acaso. O teatro adquiriu um piano Steinway, o que fez os programadores restringirem a escolha a alguém que soubesse transitar pelo ébano e pelo marfim. "O nome dele sempre esteve na lista", diz o maestro.
Escolhido o convidado, passou-se à elaboração do repertório, que é formado por clássicos do cancioneiro nacional -como "Milagre dos Peixes", de Milton Nascimento, e "Carinhoso", de Pixinguinha-, composições de Mariano -"Beija-Flor" e "Pesqueiro de São José"- e do maestro Cyro Pereira, que dividirá a batuta com Galindo.
A orquestra fez três ensaios sem Mariano e outros três com ele. "Isso é suficiente para garantir a qualidade do que a gente vai tocar. É esse o tempo que uma sinfônica tradicional leva para decifrar Beethoven ou Bach", calcula o maestro, para quem a Jazz Sinfônica segue firme no rumo de diminuir a altura do muro que separa o erudito do popular.
"Há 15 dias, tocamos no programa da Hebe. Acompanhamos gente como o cantor Leonardo. Ao saber que iríamos tocar com Zeca Pagodinho, uma instrumentista me disse: "Maestro, eu adoro as músicas dele. Só não conta pra ninguém"."


ORQUESTRA JAZZ SINFÔNICA E CESAR CAMARGO MARIANO. Onde: teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, SP, tel. 0/xx/11/288-0136). Quando: hoje, às 21h. Quanto: R$ 20.


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