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MÚSICA
Com mais investimento, orquestra ganha local fixo de ensaio e passa a vender assinaturas de suas apresentações
Camargo Mariano estréia nova fase da Jazz Sinfônica
EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
Uma mesada maior, um mundo
de possibilidades adiante e um
convidado do calibre do pianista
Cesar Camargo Mariano, 60. É assim que a orquestra paulista Jazz
Sinfônica sobe hoje ao palco do
teatro Sérgio Cardoso para inaugurar a temporada 2004 e comemorar a entrada na adolescência.
Criada em abril de 1990, a orquestra recebeu um reforço de capital em agosto do ano passado.
"Isso tornou possível organizar
um pouco mais a nossa programação, contratar assessoria de
imprensa e convidar gente como
o Cesar", conta o maestro João
Mauricio Galindo, 43, que vai assumir a batuta durante a maior
parte do concerto de hoje.
Além disso, a orquestra conta
agora com um local fixo de ensaio
(o próprio teatro Sérgio Cardoso)
e passou a vender assinaturas para suas apresentações. Somado
tudo, a agenda ficou repleta de
concertos com nomes como Zélia
Duncan (21/4), Eduardo Gudin
(19/5), Leo Gandelman (2/6), Luiz
Melodia (16/6), Grupo Pau Brasil
(11/8), Flávio Venturini (22/9),
Arrigo Barnabé (20/10) e Lenine
(10/11).
Mas isso ainda não resolve a vida dos 95 músicos que integram a
orquestra. "Eles ganham metade
do que recebe o pessoal da Osesp
e são obrigados a tocar em outros
lugares", diz Galindo. Assim, ensaiam três vezes e se apresentam
uma vez por semana, em média.
"Essa situação deixa a orquestra
meio confinada a São Paulo. Está
na hora de a gente excursionar.
Sonho com uma turnê em Tóquio, mas, para tanto, precisamos
ter a exclusividade dos músicos."
A idéia de convidar Mariano para a abertura da temporada teve a
sua dose de acaso. O teatro adquiriu um piano Steinway, o que fez
os programadores restringirem a
escolha a alguém que soubesse
transitar pelo ébano e pelo marfim. "O nome dele sempre esteve
na lista", diz o maestro.
Escolhido o convidado, passou-se à elaboração do repertório, que
é formado por clássicos do cancioneiro nacional -como "Milagre dos Peixes", de Milton Nascimento, e "Carinhoso", de Pixinguinha-, composições de Mariano -"Beija-Flor" e "Pesqueiro
de São José"- e do maestro Cyro
Pereira, que dividirá a batuta com
Galindo.
A orquestra fez três ensaios sem
Mariano e outros três com ele.
"Isso é suficiente para garantir a
qualidade do que a gente vai tocar. É esse o tempo que uma sinfônica tradicional leva para decifrar Beethoven ou Bach", calcula
o maestro, para quem a Jazz Sinfônica segue firme no rumo de diminuir a altura do muro que separa o erudito do popular.
"Há 15 dias, tocamos no programa da Hebe. Acompanhamos
gente como o cantor Leonardo.
Ao saber que iríamos tocar com
Zeca Pagodinho, uma instrumentista me disse: "Maestro, eu adoro
as músicas dele. Só não conta pra
ninguém"."
ORQUESTRA JAZZ SINFÔNICA E CESAR
CAMARGO MARIANO. Onde: teatro
Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, SP,
tel. 0/xx/11/288-0136). Quando: hoje, às
21h. Quanto: R$ 20.
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