São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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MÚSICA/SHOWS

Considerado um dos mais influentes dos anos 80, grupo dos EUA vai tocar amanhã no Campari Rock, em Atibaia

Festival ecoa pós-punk do Mission of Burma

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Como uma banda tida como influência pontual na música de dezenas de seguidores permanece tanto tempo à sombra? E o que motiva essa banda a ressurgir quase 20 anos depois? As questões estão em "Not a Photograph", documentário que tem o Mission of Burma como tema e que estréia no final do mês no Festival de Cinema Independente de Boston.
"Not a Photograph" deve demorar para chegar ao Brasil (se chegar...), mas o "relegado" Mission of Burma vem. O grupo se apresenta amanhã no festival Campari Rock, em Atibaia, ao lado de bandas como Supergrass e Nação Zumbi e de produtores como David Carretta e Fixmer & McCarthy (veja quadro ao lado).
O MoB nasceu no meio do pós-punk, época das mais prolíficas, fervilhantes e criativas do rock -mais ou menos entre 1977 e 1984. A urgência punk era o que movia a música da banda, mas esta vinha empurrada não apenas por três acordes, mas por melodias complexas, quase eruditas, e manipulações sonoras.

Nova porta
"O punk iniciou como uma reação contra aquelas bandas gigantes de rock, que eram tão grandes que haviam perdido o contato com o público e a urgência necessária. Os Ramones foram os primeiros e o que se seguiu foi muito excitante", lembra Roger Miller, vocalista e guitarrista do MoB. "O punk abriu uma porta nova."
Mas não era o suficiente. "Percebemos que essa porta poderia ser aberta mais e mais. O punk não era o fim, mas apenas um começo." Com a idéia de destrinchar a trilha aberta pelos punks, surgiram nomes como Gang of Four, Talking Heads, Wire, Sonic Youth e Mission of Burma. Mas, se faziam a cabeça de críticos e outros músicos, essas bandas não chegavam até o grande público.
"Em vários shows, não aparecia ninguém. Com o Sonic Youth acontecia o mesmo: eles quase se separaram porque pouca gente parecia se importar", diz Miller.
Entre 1979 e 1983, Miller, o baixista Clint Conley, o baterista Peter Prescott e Martin Swope, que manipulava ruídos e efeitos, lançaram um disco, "Vs." e alguns EPs, além do disco ao vivo "The Horrible Truth about Burma", que chegou às lojas em 1985, depois que o grupo se separou.
"Uma das razões [da separação] é que eu tinha um problema nos ouvidos, pois tocava muito alto. E como não estávamos fazendo sucesso, todos achamos melhor terminar a banda. Apenas os críticos de música gostavam da gente."
(Não à toa a revista "New Yorker" classificou o Mission of Burma como a "mais criminalmente desconhecida banda dos 80".)
Mas, em 2002, com o pop sendo tomado por um revival de pós-punk, graças a bandas como Bloc Party, Rapture e Franz Ferdinand, o MoB sentiu que era hora de voltar. Assinaram com o selo Matador e lançaram o elogiadíssimo "OnoffOn". "Éramos mais populares em 2002 do que em 1983. Em 2003 tocamos pela primeira vez na Inglaterra. Hoje eles nos adoram por lá", afirma o vocalista.
Pixies, REM, Nirvana e muitos outros citam o MoB como influência. Até o eletrônico Moby fez um cover de "That's When I Reach For My Revolver". Um disco novo, "Obliterati", será lançado em maio. Sobre o cover: "Não é ruim, mas é uma versão "organizada", não é tão maluca".


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