|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA/SHOWS
Considerado um dos mais influentes dos anos 80, grupo dos EUA vai tocar amanhã no Campari Rock, em Atibaia
Festival ecoa pós-punk do Mission of Burma
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Como uma banda tida como influência pontual na música de dezenas de seguidores permanece
tanto tempo à sombra? E o que
motiva essa banda a ressurgir
quase 20 anos depois? As questões
estão em "Not a Photograph", documentário que tem o Mission of
Burma como tema e que estréia
no final do mês no Festival de Cinema Independente de Boston.
"Not a Photograph" deve demorar para chegar ao Brasil (se
chegar...), mas o "relegado" Mission of Burma vem. O grupo se
apresenta amanhã no festival
Campari Rock, em Atibaia, ao lado de bandas como Supergrass e
Nação Zumbi e de produtores como David Carretta e Fixmer &
McCarthy (veja quadro ao lado).
O MoB nasceu no meio do pós-punk, época das mais prolíficas,
fervilhantes e criativas do rock
-mais ou menos entre 1977 e
1984. A urgência punk era o que
movia a música da banda, mas esta vinha empurrada não apenas
por três acordes, mas por melodias complexas, quase eruditas, e
manipulações sonoras.
Nova porta
"O punk iniciou como uma reação contra aquelas bandas gigantes de rock, que eram tão grandes
que haviam perdido o contato
com o público e a urgência necessária. Os Ramones foram os primeiros e o que se seguiu foi muito
excitante", lembra Roger Miller,
vocalista e guitarrista do MoB. "O
punk abriu uma porta nova."
Mas não era o suficiente. "Percebemos que essa porta poderia
ser aberta mais e mais. O punk
não era o fim, mas apenas um começo." Com a idéia de destrinchar a trilha aberta pelos punks,
surgiram nomes como Gang of
Four, Talking Heads, Wire, Sonic
Youth e Mission of Burma. Mas,
se faziam a cabeça de críticos e outros músicos, essas bandas não
chegavam até o grande público.
"Em vários shows, não aparecia
ninguém. Com o Sonic Youth
acontecia o mesmo: eles quase se
separaram porque pouca gente
parecia se importar", diz Miller.
Entre 1979 e 1983, Miller, o baixista Clint Conley, o baterista Peter Prescott e Martin Swope, que
manipulava ruídos e efeitos, lançaram um disco, "Vs." e alguns
EPs, além do disco ao vivo "The
Horrible Truth about Burma",
que chegou às lojas em 1985, depois que o grupo se separou.
"Uma das razões [da separação]
é que eu tinha um problema nos
ouvidos, pois tocava muito alto. E
como não estávamos fazendo sucesso, todos achamos melhor terminar a banda. Apenas os críticos
de música gostavam da gente."
(Não à toa a revista "New Yorker" classificou o Mission of Burma como a "mais criminalmente
desconhecida banda dos 80".)
Mas, em 2002, com o pop sendo
tomado por um revival de pós-punk, graças a bandas como Bloc
Party, Rapture e Franz Ferdinand,
o MoB sentiu que era hora de voltar. Assinaram com o selo Matador e lançaram o elogiadíssimo
"OnoffOn". "Éramos mais populares em 2002 do que em 1983. Em
2003 tocamos pela primeira vez
na Inglaterra. Hoje eles nos adoram por lá", afirma o vocalista.
Pixies, REM, Nirvana e muitos
outros citam o MoB como influência. Até o eletrônico Moby
fez um cover de "That's When I
Reach For My Revolver". Um disco novo, "Obliterati", será lançado em maio. Sobre o cover: "Não
é ruim, mas é uma versão "organizada", não é tão maluca".
Texto Anterior: Cinema: Top Veruschka conta quase tudo em documentário Próximo Texto: Anhembi abre às 17h30 para Jack Johnson Índice
|