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MÚSICA
Decano da Velha Guarda da Portela fez sucesso com músicas como "Barracão de Zinco"
Morre, aos 84 anos, Jair do Cavaquinho
DA SUCURSAL DO RIO
Decano da Velha Guarda da
Portela e sócio nš 1 da escola, Jair
do Cavaquinho morreu ontem,
no Rio, aos 84 anos -faria 85 no
próximo dia 26. Ele estava internado no hospital Nossa Senhora
do Carmo, em Campo Grande
(zona oeste), desde 28 de março,
quando sofreu um infarto.
Seu corpo foi velado ontem na
quadra da Portela e será sepultado hoje, às 10h, no cemitério de
Irajá (zona norte do Rio).
Jair de Araújo Costa foi o mascote dos fundadores da Portela,
que se chamava Vai Como Pode e
ganhou o novo nome em 1935.
Conviveu com o líder Paulo da
Portela (1901-1949) e repassava
seus ensinamentos aos componentes mais novos.
"Jair conhecia toda a história da
escola", disse Monarco, líder da
Velha Guarda. "Era um cavaquinho de responsabilidade, ótimo
compositor e vai ficar imortalizado pela sua obra, que vamos continuar cantando."
Entre as músicas de Jair que fizeram sucesso estão "Barracão de
Zinco", lançada por Jamelão em
1962, "Vou Partir", parceria com
seu amigo Nelson Cavaquinho,
"Conversa de Malandro" (com
Paulinho da Viola) e "Pecadora"
(com Joãozinho).
Voz miúda
Só teve chance de lançar um disco solo na vida. Em 2002, Marisa
Monte adquiriu o CD que Jair gravara com produção de Pedro
Amorim e o lançou com o de Argemiro Patrocínio (1923-2003),
outro grande portelense. Pôde,
então, registrar na sua voz miúda
composições como "Eu e a Rosa",
"Cabelos Brancos" e "Adeus, Palhaço".
Sua carreira está marcada pela
participação em grupos importantes de samba. Em 1965, cantou
no histórico show "Rosa de Ouro"
ao lado de Clementina de Jesus,
Paulinho da Viola, Elton Medeiros e outros. Em seguida, integrou
o A Voz do Morro e, com Mauro
Duarte, Elton, Nelson Sargento e
Anescarzinho, criou os Cinco
Crioulos. Entrou nos anos 90 para
a Velha Guarda da Portela, gravando "Tudo Azul" -com produção de Marisa Monte- em
2000.
"Seu Jair era um artista esplêndido. Espirituoso, com ele a conversa fluía. Prendia a atenção,
além de ser um exímio dançarino.
Eu costumava brincar com ele pedindo para ele dançar e dizendo
que era o nosso Fred Astaire", disse Marisa.
Sua especialidade sua era o miudinho, modo tradicional de se
dançar samba que consiste em
passos curtos e movimentos graciosos.
A paixão pelo samba o levou,
quando criança, a improvisar um
cavaquinho com quatro cordas de
arame. Autodidata, tornou-se um
craque no instrumento. Nos últimos anos, vinha tocando apenas
tamborim nos shows da Velha
Guarda.
(LFV)
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