São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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MÚSICA

Decano da Velha Guarda da Portela fez sucesso com músicas como "Barracão de Zinco"

Morre, aos 84 anos, Jair do Cavaquinho

DA SUCURSAL DO RIO

Decano da Velha Guarda da Portela e sócio nš 1 da escola, Jair do Cavaquinho morreu ontem, no Rio, aos 84 anos -faria 85 no próximo dia 26. Ele estava internado no hospital Nossa Senhora do Carmo, em Campo Grande (zona oeste), desde 28 de março, quando sofreu um infarto.
Seu corpo foi velado ontem na quadra da Portela e será sepultado hoje, às 10h, no cemitério de Irajá (zona norte do Rio).
Jair de Araújo Costa foi o mascote dos fundadores da Portela, que se chamava Vai Como Pode e ganhou o novo nome em 1935. Conviveu com o líder Paulo da Portela (1901-1949) e repassava seus ensinamentos aos componentes mais novos.
"Jair conhecia toda a história da escola", disse Monarco, líder da Velha Guarda. "Era um cavaquinho de responsabilidade, ótimo compositor e vai ficar imortalizado pela sua obra, que vamos continuar cantando."
Entre as músicas de Jair que fizeram sucesso estão "Barracão de Zinco", lançada por Jamelão em 1962, "Vou Partir", parceria com seu amigo Nelson Cavaquinho, "Conversa de Malandro" (com Paulinho da Viola) e "Pecadora" (com Joãozinho).

Voz miúda
Só teve chance de lançar um disco solo na vida. Em 2002, Marisa Monte adquiriu o CD que Jair gravara com produção de Pedro Amorim e o lançou com o de Argemiro Patrocínio (1923-2003), outro grande portelense. Pôde, então, registrar na sua voz miúda composições como "Eu e a Rosa", "Cabelos Brancos" e "Adeus, Palhaço".
Sua carreira está marcada pela participação em grupos importantes de samba. Em 1965, cantou no histórico show "Rosa de Ouro" ao lado de Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, Elton Medeiros e outros. Em seguida, integrou o A Voz do Morro e, com Mauro Duarte, Elton, Nelson Sargento e Anescarzinho, criou os Cinco Crioulos. Entrou nos anos 90 para a Velha Guarda da Portela, gravando "Tudo Azul" -com produção de Marisa Monte- em 2000.
"Seu Jair era um artista esplêndido. Espirituoso, com ele a conversa fluía. Prendia a atenção, além de ser um exímio dançarino. Eu costumava brincar com ele pedindo para ele dançar e dizendo que era o nosso Fred Astaire", disse Marisa.
Sua especialidade sua era o miudinho, modo tradicional de se dançar samba que consiste em passos curtos e movimentos graciosos.
A paixão pelo samba o levou, quando criança, a improvisar um cavaquinho com quatro cordas de arame. Autodidata, tornou-se um craque no instrumento. Nos últimos anos, vinha tocando apenas tamborim nos shows da Velha Guarda.
(LFV)


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