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ÚLTIMA MODA
As jóias de Gehry
As formas metálicas, retorcidas e abruptas do Walt Disney Concert Hall parecem as
de um óvni gigantesco que tivesse tombado na Terra, em meio
aos edifícios envidraçados de Los
Angeles.
O estilo é inconfundível: trata-se
de um edifício monumental do
arquiteto de origem canadense
Frank Gehry, 77. Inaugurada em
2003, a sala de concertos é hoje
uma das melhores do mundo e pilota agora um verdadeiro renascimento do centro da cidade -tanto turístico quanto local.
Foi em Los Angeles que a joalheria Tiffany & Co. -tão associada à Nova York pelo livro e pelo filme "Breakfast at Tiffany's"
(no Brasil, "Bonequinha de Luxo")- resolveu lançar sua nova
coleção, desenhada por Gehry.
A première da coleção de jóias
aconteceu no último dia 26, na loja da Tiffany na superluxuosa Rodeo Drive, a rua de Beverly Hills
que aglomera, uma após a outra,
as principais grifes do mundo. Para a festa, a joalheria fechou um
quarteirão da Rodeo Drive, produziu um pocket show de John
Legend e Patti LaBelle e reuniu algumas estrelas, como Laurence
Fishburne e Quincy Jones.
O projeto da Tiffany com Gehry
começou, justamente, por causa
do Walt Disney Concert Hall. O
arquiteto propôs desenhar um
broche de diamantes milionário
cuja venda arrecadaria verba para
a construção do auditório. A idéia
não deu certo, mas a Tiffany se interessou em preservar a colaboração com Gehry.
Durante três anos, acompanhado por nove designers de jóias,
Gehry concebeu seis coleções diferentes que remetem às suas formas arquitetônicas. Para tanto,
além de materiais tradicionais, ele
utilizou diamantes brutos, madeira, ouro negro e pedras brancas
russas (Cocholong).
A coleção "Fold" (dobra) explora, em braceletes, anéis e colares,
os ângulos irregulares e as torções
do metal que ele gosta tanto de fazer. "Axis" é composta por círculos e espirais em ouro e prata. Os
preços começam em US$ 275
(cerca de R$ 600) e avançam até
os US$ 750 mil (R$ 1,6 milhão). As
peças serão lançadas neste mês no
Japão e na Inglaterra. No segundo
semestre, elas chegam ao Brasil.
Em conversa com os jornalistas,
o arquiteto confessou que nunca
deu muita atenção a jóias. "Sempre pensei que não havia muita
coisa a fazer com anéis de diamante e similares. Eu não via como poderia trabalhar com isso,
ainda mais que eram tão pequenos! Sempre observei mais a moda, porque é uma janela para o
gosto das pessoas." O estilista japonês Issey Miyake é o nome da
moda que mais interessa a Gehry.
"Gosto dele porque é muito arquitetônico", afirmou.
Todas as jóias tendem a formas
abstratas, mas algumas partem de
figuras caras ao arquiteto, como a
orquídea, na coleção "Orchid", ou
o peixe, na coleção "Fish". O motivo do "peixe" aparece na obra de
Gehry desde os anos 80. Ele explicou a origem do tema em seus
prédios como uma reação ao pós-modernismo.
"Os arquitetos estavam voltando no tempo, à arquitetura grega,
porque não podiam imaginar um
modo de trazer a arquitetura até o
presente", disse. "Fiquei chateado
com isso e então me perguntei se,
já que queríamos voltar no tempo, não deveríamos retornar então 300 mil anos, para o peixe, antes mesmo da presença do homem na Terra. Comecei então a
desenhar peixes, e essas formas
passaram a me interessar arquitetonicamente. E foi assim que cheguei aos edifícios com curvas em
formas de bolhas."
Gehry definiu o que julga ser
importante na atividade de um
arquiteto hoje: "A relação com o
cliente é um dos fatores principais
-é preciso transformar o sonho
dele num sonho maior ainda.
Também é preciso obedecer ao
orçamento e aos prazos. É necessário, principalmente, obter um
resultado que não irrite a comunidade, mas seja parte dela".
O jornalista Alcino Leite Neto viajou a
Los Angeles a convite da Tiffany
Savile Row cabocla
Enquanto a Oscar Freire e a
Haddock Lobo florescem como ruas do luxo em São Paulo, a poucas quadras dali a
alameda Franca permanece
um enigma comercial nos
Jardins. A abertura da alfaiataria de luxo Paramount no nš 1.185 pode reforçar
uma possível vocação para
essa rua complicada: se especializar em roupas masculinas e se tornar uma espécie
de Savile Row paulistana.
Savile Row é a rua londrina
onde se concentram os mais
conceituados alfaiates britânicos. A al. Franca abriga há
décadas, no nš 1.030, o pioneiro Severo, alfaiate de políticos e artistas. No nš 1.159,
quase na esquina com a Augusta, fica Renée Trajar, que
confecciona inclusive para o
estilista Mario Queiroz -cuja grife masculina se localiza
em frente, no nš 1.166. No nš
1.161, funciona a Camiceria
Romanato, de roupa casual
para homens. No nš 1.213 está
instalada a alfaiataria Leonardo - Ufficio di Moda.
Look tropical
Duas revistas de moda
americanas, a "Vogue" e a
"Elle", fizeram editoriais fotográficos no Brasil para
seus números de abril, que
apresentam as roupas da
primavera e do verão no hemisfério Norte.
A "Elle" fotografou em
Salvador, com
baianas em trajes típicos. A
"Vogue" optou pelo Rio de
Janeiro, tendo como modelos o rapper Pharrell Williams e a top russa Karolina
Kurkova, que nas fotos andam pela praia acompanhados de um segurança
parrudo. Nenhuma das
duas revistas utilizou roupas de estilistas brasileiros
nos editoriais.
AGENDA
Na Doc Dog da al. Lorena,
1.998, acontece amanhã o lançamento da reedição da linha
Adicolor, da Adidas.
A MOB inaugura nova loja na alameda dos Arapanés,
1.263 (Moema), na terça-feira,
dia 11, às 20h. Os stylists Chiara Gadaleta e Davi Pollack farão as vitrines para festa, assinada por Cacá Ribeiro.
INVESTIDA CATARINENSE
A Rosa Chá e a Marisol formaram a sociedade Rosa Chá
Studio Ltda. O estilo e a comunicação da nova marca ficarão
por conta de Amir Slama, da
Rosa Chá. A catarinense Marisol -dona da grife infantil Lilica Ripilica e uma das mais
poderosas indústrias de vestuário do país- vai atuar na
produção e na distribuição.
ALCINO LEITE, com Viviane Whiteman - ultima.moda@folha.com.br
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