São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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ÚLTIMA MODA

As jóias de Gehry

As formas metálicas, retorcidas e abruptas do Walt Disney Concert Hall parecem as de um óvni gigantesco que tivesse tombado na Terra, em meio aos edifícios envidraçados de Los Angeles.
O estilo é inconfundível: trata-se de um edifício monumental do arquiteto de origem canadense Frank Gehry, 77. Inaugurada em 2003, a sala de concertos é hoje uma das melhores do mundo e pilota agora um verdadeiro renascimento do centro da cidade -tanto turístico quanto local.
Foi em Los Angeles que a joalheria Tiffany & Co. -tão associada à Nova York pelo livro e pelo filme "Breakfast at Tiffany's" (no Brasil, "Bonequinha de Luxo")- resolveu lançar sua nova coleção, desenhada por Gehry.
A première da coleção de jóias aconteceu no último dia 26, na loja da Tiffany na superluxuosa Rodeo Drive, a rua de Beverly Hills que aglomera, uma após a outra, as principais grifes do mundo. Para a festa, a joalheria fechou um quarteirão da Rodeo Drive, produziu um pocket show de John Legend e Patti LaBelle e reuniu algumas estrelas, como Laurence Fishburne e Quincy Jones.
O projeto da Tiffany com Gehry começou, justamente, por causa do Walt Disney Concert Hall. O arquiteto propôs desenhar um broche de diamantes milionário cuja venda arrecadaria verba para a construção do auditório. A idéia não deu certo, mas a Tiffany se interessou em preservar a colaboração com Gehry.
Durante três anos, acompanhado por nove designers de jóias, Gehry concebeu seis coleções diferentes que remetem às suas formas arquitetônicas. Para tanto, além de materiais tradicionais, ele utilizou diamantes brutos, madeira, ouro negro e pedras brancas russas (Cocholong).
A coleção "Fold" (dobra) explora, em braceletes, anéis e colares, os ângulos irregulares e as torções do metal que ele gosta tanto de fazer. "Axis" é composta por círculos e espirais em ouro e prata. Os preços começam em US$ 275 (cerca de R$ 600) e avançam até os US$ 750 mil (R$ 1,6 milhão). As peças serão lançadas neste mês no Japão e na Inglaterra. No segundo semestre, elas chegam ao Brasil.
Em conversa com os jornalistas, o arquiteto confessou que nunca deu muita atenção a jóias. "Sempre pensei que não havia muita coisa a fazer com anéis de diamante e similares. Eu não via como poderia trabalhar com isso, ainda mais que eram tão pequenos! Sempre observei mais a moda, porque é uma janela para o gosto das pessoas." O estilista japonês Issey Miyake é o nome da moda que mais interessa a Gehry. "Gosto dele porque é muito arquitetônico", afirmou.
Todas as jóias tendem a formas abstratas, mas algumas partem de figuras caras ao arquiteto, como a orquídea, na coleção "Orchid", ou o peixe, na coleção "Fish". O motivo do "peixe" aparece na obra de Gehry desde os anos 80. Ele explicou a origem do tema em seus prédios como uma reação ao pós-modernismo.
"Os arquitetos estavam voltando no tempo, à arquitetura grega, porque não podiam imaginar um modo de trazer a arquitetura até o presente", disse. "Fiquei chateado com isso e então me perguntei se, já que queríamos voltar no tempo, não deveríamos retornar então 300 mil anos, para o peixe, antes mesmo da presença do homem na Terra. Comecei então a desenhar peixes, e essas formas passaram a me interessar arquitetonicamente. E foi assim que cheguei aos edifícios com curvas em formas de bolhas."
Gehry definiu o que julga ser importante na atividade de um arquiteto hoje: "A relação com o cliente é um dos fatores principais -é preciso transformar o sonho dele num sonho maior ainda. Também é preciso obedecer ao orçamento e aos prazos. É necessário, principalmente, obter um resultado que não irrite a comunidade, mas seja parte dela".


O jornalista Alcino Leite Neto viajou a Los Angeles a convite da Tiffany

Savile Row cabocla

Enquanto a Oscar Freire e a Haddock Lobo florescem como ruas do luxo em São Paulo, a poucas quadras dali a alameda Franca permanece um enigma comercial nos Jardins. A abertura da alfaiataria de luxo Paramount no nš 1.185 pode reforçar uma possível vocação para essa rua complicada: se especializar em roupas masculinas e se tornar uma espécie de Savile Row paulistana.
Savile Row é a rua londrina onde se concentram os mais conceituados alfaiates britânicos. A al. Franca abriga há décadas, no nš 1.030, o pioneiro Severo, alfaiate de políticos e artistas. No nš 1.159, quase na esquina com a Augusta, fica Renée Trajar, que confecciona inclusive para o estilista Mario Queiroz -cuja grife masculina se localiza em frente, no nš 1.166. No nš 1.161, funciona a Camiceria Romanato, de roupa casual para homens. No nš 1.213 está instalada a alfaiataria Leonardo - Ufficio di Moda.

Look tropical
Duas revistas de moda americanas, a "Vogue" e a "Elle", fizeram editoriais fotográficos no Brasil para seus números de abril, que apresentam as roupas da primavera e do verão no hemisfério Norte.
A "Elle" fotografou em Salvador, com baianas em trajes típicos. A "Vogue" optou pelo Rio de Janeiro, tendo como modelos o rapper Pharrell Williams e a top russa Karolina Kurkova, que nas fotos andam pela praia acompanhados de um segurança parrudo. Nenhuma das duas revistas utilizou roupas de estilistas brasileiros nos editoriais.

AGENDA

  Na Doc Dog da al. Lorena, 1.998, acontece amanhã o lançamento da reedição da linha Adicolor, da Adidas.

  A MOB inaugura nova loja na alameda dos Arapanés, 1.263 (Moema), na terça-feira, dia 11, às 20h. Os stylists Chiara Gadaleta e Davi Pollack farão as vitrines para festa, assinada por Cacá Ribeiro.

INVESTIDA CATARINENSE
A Rosa Chá e a Marisol formaram a sociedade Rosa Chá Studio Ltda. O estilo e a comunicação da nova marca ficarão por conta de Amir Slama, da Rosa Chá. A catarinense Marisol -dona da grife infantil Lilica Ripilica e uma das mais poderosas indústrias de vestuário do país- vai atuar na produção e na distribuição.


ALCINO LEITE, com Viviane Whiteman - ultima.moda@folha.com.br

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