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Disney lança em DVD clássico "Peter Pan"
Edição comemorativa de animação de 1953 em disco duplo traz jogos e "making of"
Walt Disney foi pouco fiel ao texto de J.M. Barrie, teve problemas com direitos autorais e criou uma fada Sininho cheia de curvas
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
"Nada de importante acontece conosco depois que chegamos aos 12 anos." A frase do escritor britânico J.M. Barrie
(1860-1937) resume o espírito
de seu personagem Peter Pan e
do clássico desenho homônimo
da Disney que acaba de ser relançado em DVD.
A fábula do garoto que não
queria crescer, eterno habitante da Terra do Nunca, sempre
esteve entre as favoritas de
Walt Disney, que chegou mesmo a vestir a roupa verde do
personagem em uma montagem teatral escolar.
"Peter Pan" foi um dos dois
filmes que Disney sempre quis
fazer [o outro foi "Branca de
Neve e os Sete Anões"]", explica Brian Sibley, historiador da
empresa de animação, em entrevista à Folha em Londres.
"Mas ele teve problemas de
direitos autorais, porque já havia sido feito um filme mudo
antes, e o desenho demorou
mais de 20 anos para sair."
Quando finalmente conseguiu lançar seu "Peter Pan", em
1953, Disney curiosamente fez
a versão menos fiel ao texto
original, entre as inúmeras
adaptações realizadas para cinema e teatro.
Curvas
Entre as mudanças que fez, a
mais bem-sucedida (comercialmente, ao menos) foi a definição física da fada Sininho
-um ponto de luz na peça de
Barrie-, que virou uma de suas
personagens mais famosas.
No lançamento da nova versão restaurada digitalmente, a
Folha conversou também com
Margaret Kerry, que, aos 22
anos, serviu de modelo para os
artistas criarem as formas surpreendentemente sensuais, para a época, de Sininho.
Hoje com 75 anos, Kerry ainda mantém, se não as curvas, ao
menos as feições e o jeito irrequieto da fadinha.
"Muitos na Disney achavam
que a Sininho cheia de curvas
não ia funcionar, porque o padrão da época era o de Wendy
[também de "Peter Pan"], Cinderela, Branca de Neve."
E como funcionou. A personagem, uma das mais vendidas
da Disney, vai ganhar seu próprio filme, previsto para estrear
no ano que vem, e tem sua história contada no disco de extras
que acompanha o novo DVD.
A britânica Kathryn Beaumont, que dublou e serviu de
modelo para Wendy, confirma
a preferência da época por seu
padrão de beleza europeu,
branco e comportado.
Ela, que já havia emprestado
seu modelo e sua voz à Alice de
"Alice no País das Maravilhas"
(1951), lembra que tinha apenas 12 anos quando foi escolhida pessoalmente por Walt Disney para representar Wendy.
"Walt queria uma garota que
fosse inglesa o suficiente para
manter o espírito de um clássico literário britânico, mas cujo
sotaque não espantasse as platéias dos EUA", conta ela.
Ela também demonstra saudosismo ao comparar o estilo
das animações antigas com as
atuais. "Nós fazíamos as cenas
juntos, o que é muito mais dinâmico, torna a animação mais
viva. Hoje cada ator grava suas
falas separadamente, é mais difícil entrar no ritmo do filme."
É difícil saber se as platéias
atuais se importam com isso,
mas uma demanda moderna
que o DVD duplo atende plenamente é a presença dos penduricalhos chamados de "extras".
Há uma série de jogos, um
"making of", o desenvolvimento dos personagens e um documentário sobre a paixão de Disney por Peter Pan.
PETER PAN
Distribuição: Buena Vista (R$ 44,90)
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