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Crítica
Cronenberg mira mundo de auto- destruição
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Crash - Estranhos Prazeres" (Max Prime, 22h15) talvez
seja o filme certo para nossos
dias (especialmente o dos paulistanos). Sua história gira em
torno de um grupo de pessoas
para quem os carros não são
feitos para andar, e sim para
trombar. É um prazer semelhante àquele que temos na infância, brincando nos carros
bate-bate dos parques.
De certa forma, todo mundo
sabe que os carros não foram
feitos para andar. Eles foram
feitos para impressionar garotas, para deixar os vizinhos
com inveja e os sócios desconfiados. Os automóveis são a
quintessência do progresso -o
problema é que já não se faz
progresso como antigamente-
e o signo da liberdade.
Mas a liberdade nunca será
tal se vigiada, se não trouxer
embutida a hipótese de autodestruição. É a isso que se dedica esse grupo de malucos do filme de David Cronenberg: a
produzir ferro retorcido e corpos retalhados. Isso não é, claro, a única função dos carros.
Mas andar, simplesmente, pelas ruas também não.
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