São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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Ator Charlton Heston, 84, morre nos EUA

Vencedor do Oscar com o filme "Ben-Hur' (59), astro sofria de doença degenerativa com sintomas do mal de Alzheimer

Durante carreira, ator privilegiou épicos, ficção científica e filmes-catástrofe e, nos últimos anos, defendeu o uso de armas

France Presse/MGM


DA REPORTAGEM LOCAL

Charlton Heston, vencedor do Oscar de melhor ator pelo papel-título do filme "Ben-Hur" (1959), morreu na noite de sábado, aos 84 anos, em Bervelly Hills, Los Angeles.
Em 2002, o ator americano anunciou que sofria de sintomas do mal de Alzheimer. Ele morreu em sua casa, ao lado da mulher, Lydia, com quem era casado desde 1944. "Nenhum homem poderia ter dado mais à família, à profissão e ao país. Em suas próprias palavras: "Vivi uma vida tão maravilhosa! Vivi o suficiente para duas pessoas'", disse a família, em nota, sem divulgar a causa da morte.
Heston ficou conhecido por sua atuação em filmes épicos ("Ben-Hur", "Os Dez Mandamentos"), de ficção científica ("Planeta dos Macacos", "No Mundo de 2020") e de catástrofe ("Terremoto").
O papel mais controverso, no entanto, foi na vida real, como presidente da Associação Nacional do Rifle (de 1998 a 2003). Isso lhe rendeu uma de suas últimas aparições no cinema, involuntária, no filme "Tiros em Columbine" (2002).
O filme de Michael Moore põe Heston como "vilão" por sua defesa ao direito à posse de armas. À época, porém, a imprensa avaliou que, combalido pela doença degenerativa, o ator pareceu mais inofensivo do que se pretendia mostrar.
Ontem, o site de Michael Moore exibia uma foto de Heston e a reprodução de um pedido da família de que sejam feitas doações ao Fundo de Cinema e Televisão dos EUA.
O presidente americano George W. Bush, que em 2003 outorgou a Heston -ativista político de direita- a medalha da liberdade, a mais alta honraria civil do país, descreveu ontem o ator como um "grande defensor das liberdades". "Ele serviu a seu país na Segunda Guerra, militou pelo movimento dos direitos civis [dos negros, nos anos 50], dirigiu um sindicato [dos atores] e defendeu vigorosamente a segunda emenda", disse, referindo-se ao artigo da Constituição dos EUA que garante o direito dos cidadãos de portar armas.
Nascido em 1924, em Evanston, Illinois, Heston iniciou sua carreira na Broadway como ator e modelo de nu artístico. Em seu começo no cinema, fez "O Maior Espetáculo da Terra" (1952), de Cecil B. DeMille, que voltaria a escalá-lo como o Moisés de "Os Dez Mandamentos".

No Brasil
Seu último filme, "Josef Menguele - My Father, Rua Alguém, 5.555" (2003), em que vivia o nazista, foi rodado no Brasil. O ator brasileiro Odilon Wagner, que fez parte do elenco, diz que Heston sofria dificuldade para se locomover e tinha de ler suas falas em painéis.
"O diretor [o italiano Egidio Eronico] se revoltou e quis "devolver" o Heston. Disse que tinham vendido gato por lebre, que ele não decorava nada." Mas, com a câmera ligada, "era outra coisa". Apesar de ter passado por uma cirurgia no quadril, Heston fez até uma cena de baile com a atriz Denise Weinberg. "Ele girava, posicionava-a conforme a câmera rodava ao redor, e ele mal podia andar..."


Com agências internacionais


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