DE NOVA YORK

Em 1982, Ozzy Osbourne foi proibido pela Justiça do Texas de entrar no Estado "pelo resto da vida" por ter urinado no monumento nacional do Álamo. Anteontem, o roqueiro britânico era o convidado de honra do presidente (e ex-governador texano) George W. Bush no disputado jantar anual da Associação dos Correspondentes da Casa Branca.
Mereceu até menção do republicano durante o tradicional discurso cômico para os jornalistas: "O melhor sobre o Ozzy é que ele fez um monte de discos de sucesso. "Sabbath, Bloody Sabbath", "Blood Bath in Paradise"... [olhando para ele e rindo] Ozzy, minha mãe adora sua obra!".
O que teria acontecido nestes 20 anos, que mudou o status do ex-"Rei das Trevas" de músico decadente para celebridade mundial? A resposta é "The Osbournes", programa que estréia hoje às 23h30 na MTV Brasil.
Um passo adiante na onda de "reality shows" que invadiu as TVs, a série criada no começo do ano pela emissora norte-americana colocou 12 câmeras ligadas 24 horas por dia na casa da família Osbourne, em Beverly Hills.
O resultado foi a atração de maior audiência da história da MTV americana e desta temporada do grupo básico de canais de TV paga dos EUA, com um pico de 8 milhões de espectadores na semana passada, quando foi ao ar o penúltimo episódio.
É simples o segredo do sucesso da saga de Ozzy, sua mulher, Sharon, e seus filhos Jack e Kelly (a mais velha, Aimée, é tímida e preferiu ficar de fora da história). Os Osbournes são uma espécie de Simpsons (ou Flintstones) de carne e osso, uma família maluca, mas funcional, com quem os espectadores podem se relacionar.
O pai passa o dia dormindo, é responsável pela manutenção dos cachorros e gatos e se atrapalha com os controles remotos; a mãe é a empresária pé-no-chão, o que não a impede de jogar um pedaço de rosbife na casa do vizinho barulhento como retaliação; os dois filhos adolescentes brigam o dia inteiro entre si e com os pais; a palavra "fuck" funciona como pontuação das frases de todos.
O décimo e último capítulo da série é exibido hoje à noite nos EUA, mas a emissora já está assinando contrato para mais duas temporadas, com 20 episódios no total. Os US$ 200 mil originais que a família recebeu pularam para US$ 20 milhões, o maior cachê da MTV. A inevitável onda de merchandising e subprodutos também já está a caminho. O principal deve ser um DVD com a primeira temporada, recheado de "cenas muito quentes para a TV", a ser lançado até o final deste ano ou começo do próximo nos EUA.
Além disso, a Sony Music prepara para soltar em junho a trilha sonora da série, "The Osbournes Family Album", cujo destaque é Kelly, a filha caçula, fazendo cover da Madonna em "Papa Don't Preach" -embora ela não esteja grávida e ainda seja virgem, conforme você ficará sabendo no terceiro capítulo de "The Osbournes"... (SÉRGIO DÁVILA)



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