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Crítica
Talento supera qualquer dúvida sobre Chaplin
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Sempre é possível pensar,
diante dos filmes de Charlie
Chaplin, se um milionário como ele sentia-se efetivamente
solidário às pessoas pouco afortunadas ou se o tipo tão humano de Carlitos não passava de
uma bela demagogia.
A questão é retórica, naturalmente (mas a vida também é,
em boa medida), porque são
tais e tantas as riquezas de
"Tempos Modernos" (TC
Cult, 18h40), lançado em 1936,
que o talento do ator-diretor
supera qualquer dúvida que se
possa levantar.
Seu encontro com a garota
cega valeria, por si só, o filme.
O desarranjo na linha de montagem na qual ele trabalha como operário e o decorrente
efeito, idem.
O mesmo vale para o momento em que uma bandeira
vermelha surge em sua vida e o
leva a ser confundido com os
comunistas.
Pensando bem, a sinceridade
não é um problema artístico;
portanto, não interessa no caso
de Chaplin. O sentimentalismo, de que ele não raro abusou,
é outra conversa.
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