São Paulo, sábado, 07 de maio de 2011

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PAINEL DAS LETRAS

JOSÉLIA AGUIAR joselia.aguiar@grupofolha.com.br

O inédito de Saramago

Não se trata de outro caso de escritor que tem seu baú revirado depois de morto e cujos textos um dia descartados vão parar nas livrarias. Quem afiança é Zeferino Coelho, que editou José Saramago por mais de três décadas na Caminho, hoje selo do grupo Leya.
"É um livro muito bom, embora escrito num estilo anterior ao do Saramago que se consagrou", explica, tendo nas mãos as provas de "Clarabóia", que sai em novembro. A obra foi escrita na década de 1950 e enviada ao "Diário de Notícias". Anos depois, já famoso, recebeu o aviso de que seus originais foram encontrados. Preferiu não publicar, mas disse que, após a morte, a decisão podia ser outra. "Na falta de Saramago, quem o substitui? "Lobo Antunes?". Zeferino tem outro preferido: "Gonçalo M. Tavares".

PROSA LUSÓFONA
Da boa prosa contemporânea, a Feira do Livro de Lisboa, que vai até 15 de maio, tem títulos como "O Homem do Turbante Verde", de Mário de Carvalho, que sai pela Caminho, e "A Noite das Mulheres Cantoras", de Lídia Jorge, pela Dom Quixote.
Lançamentos importantes, porém, não coincidem com a data do evento. "A Comissão das Lágrimas", o novo livro de Lobo Antunes, só é publicado em outubro pela Dom Quixote.
De maio até dezembro, pela mesma editora, haverá obras de Patrícia Reis, Maria Teresa Horta, José Eduardo Agualusa, Pepetela, Rita Ferro, Miguel Real e Mário Cláudio.

A EDITORA E A POLÊMICA
A biografia de Snu Abecassis (1940-1980) é um dos livros que mais receberam cobertura da imprensa portuguesa na primeira semana da Feira de Lisboa.
Dinamarquesa que viveu em vários países antes de residir em Lisboa, foi a fundadora da editora Dom Quixote, uma das mais tradicionais de Portugal.
Namorou Francisco Sá Carneiro, então primeiro-ministro português, em um relacionamento que, na época, provocou polêmica entre as alas conservadoras pois ele ainda não era divorciado. Os dois morreram no mesmo acidente de avião.
O livro é "Snu e a Vida Privada com Sá Carneiro", de Cândida Pinto.

O NÚMERO É
14,5 milhões de livros vendidos em Portugal
em 2010; é cerca de 5% do volume no Brasil, segundo APEL e CBL

Pessoa indemonstrável Do espólio de Fernando Pessoa, sai pelo selo português Ática, da Babel, o inédito "A Demonstração do Indemonstrável", livrinho datilografado a tinta roxa em inglês. Ainda devem sair do baú outros inéditos do poeta.

Jorge de Sena "Rever Portugal", de Jorge de Sena, sai pela Guimarães, selo da Babel. Reúne os textos políticos que o autor escreveu entre os anos de 1959 e 1978. A maior parte pertence ao período do seu exílio no Brasil, quando integrou as fileiras da oposição democrática ao salazarismo. Existem ainda textos referentes ao período posterior à Revolução dos Cravos

Agustina Bessa-Luís A Babel traz para o Brasil em breve a obra de Agustina Bessa-Luís, que se consagrou na década de 1950 com "A Sibila". Sua obra é relançada na Feira do Livro de Lisboa. Por aqui, o primeiro título será "Breviário do Brasil"

Ficção judaica A Cotovia, editora independente conhecida pela qualidade da literatura que publica, não fez lançamentos. Divulgou no evento alguns títulos recentes, como a coleção "Judaica", que inclui três brasileiros: Helena Salem, Moacyr Scliar e Bernardo Sorj

Fantástica Editora independente, a Saída de Emergência fez o pré-lançamento do novo livro de David Soares, "Batalha". O jovem é considerado o melhor escritor português de literatura fantástica em atividade hoje

Visão do Egito "Tahir, os Dias da Revolução", livro-reportagem de Alexandra Lucas Coelho, é um dos destaques da editora independente Tinta da China na feira portuguesa. Da autora, já saíram "Caderno Afegão" e "Viva México".


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