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CRÍTICA
Novo disco é prova de coragem artística
ESPECIAL PARA A FOLHA
Com um público fiel e uma
carreira consolidada, Ed
Motta já tinha dado uma prova de
coragem artística ao lançar o instrumental "Dwitza", em 2002.
Desta vez foi um pouco mais longe, flertando de leve com as cacofonias do jazz de vanguarda, em
algumas faixas de "Aystelum".
Mas os fãs mais conservadores
não têm por que se assustar com a
nova incursão jazzística de Motta.
A faixa-título, por exemplo, soa
mais como trilha sonora de um
filme de imagens espaciais. Além
dos vocais do autor, "Awunism" e
"Balendoah" destacam solos do
saxofonista Andrés Perez (revelação que Ed Motta foi buscar no
Chile), mas se mantêm distantes
do radicalismo do free jazz.
Já a canção "A Charada" (letra
de Ronaldo Bastos) tem muito a
ver com as canções que Motta
gravou em discos recentes. Outra
faixa que os fãs mais ligados à sua
faceta "soul" vão sentir afinidade
é "Patidid", um sacudido samba-funk que remete à lendária Banda
Black Rio.
O Rio de Janeiro também serve
de cenário a dois saborosos sambas de Ed Motta com Nei Lopes. A
letra de "Pharmácias" resgata o
visual "art decô" das antigas farmácias cariocas. "Samba Azul",
que destaca vocais da cantora Alcione, traz imagens de um Rio soturno, bem diverso de seu estereótipo solar. Mais jazzístico, o
samba "É Muita Gig Véi!" (de
Motta) mistura teclados eletrônicos com tamborins e cuícas.
As canções do musical "7" soam
meio esquisitas (um produtor
convencional certamente as incluiria ao final do CD, como faixas-extras), mas quem conhece os
discos anteriores do autor já ouviu liberdades desse tipo. Sem
medo de correr riscos, Ed Motta
sabe que um artista de verdade
não oferece apenas o que seu público espera.
(CC)
Aystelum
Artista: Ed Motta
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 30, em média
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