São Paulo, terça-feira, 07 de junho de 2005

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CRÍTICA

Novo disco é prova de coragem artística

ESPECIAL PARA A FOLHA

Com um público fiel e uma carreira consolidada, Ed Motta já tinha dado uma prova de coragem artística ao lançar o instrumental "Dwitza", em 2002. Desta vez foi um pouco mais longe, flertando de leve com as cacofonias do jazz de vanguarda, em algumas faixas de "Aystelum".
Mas os fãs mais conservadores não têm por que se assustar com a nova incursão jazzística de Motta. A faixa-título, por exemplo, soa mais como trilha sonora de um filme de imagens espaciais. Além dos vocais do autor, "Awunism" e "Balendoah" destacam solos do saxofonista Andrés Perez (revelação que Ed Motta foi buscar no Chile), mas se mantêm distantes do radicalismo do free jazz.
Já a canção "A Charada" (letra de Ronaldo Bastos) tem muito a ver com as canções que Motta gravou em discos recentes. Outra faixa que os fãs mais ligados à sua faceta "soul" vão sentir afinidade é "Patidid", um sacudido samba-funk que remete à lendária Banda Black Rio.
O Rio de Janeiro também serve de cenário a dois saborosos sambas de Ed Motta com Nei Lopes. A letra de "Pharmácias" resgata o visual "art decô" das antigas farmácias cariocas. "Samba Azul", que destaca vocais da cantora Alcione, traz imagens de um Rio soturno, bem diverso de seu estereótipo solar. Mais jazzístico, o samba "É Muita Gig Véi!" (de Motta) mistura teclados eletrônicos com tamborins e cuícas.
As canções do musical "7" soam meio esquisitas (um produtor convencional certamente as incluiria ao final do CD, como faixas-extras), mas quem conhece os discos anteriores do autor já ouviu liberdades desse tipo. Sem medo de correr riscos, Ed Motta sabe que um artista de verdade não oferece apenas o que seu público espera. (CC)


Aystelum
   
Artista: Ed Motta
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 30, em média


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