São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

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Gotan e Gil revivem dramas de Discépolo

DA REPORTAGEM LOCAL

No mês passado, em uma apresentação em Berlim na abertura da Copa da Cultura, o ministro e cantor Gilberto Gil cantou "Cambalache", um tango clássico dos anos 30, do compositor Enrique Santos Discépolo, que discorre sobre o caos social e político argentino.
Os versos da canção dizem: "Que el mundo fue y será una porquería ya lo sé" (que o mundo foi e será uma porcaria eu já sei). E, mais à frente, onde Gil fez um trocadilho com seu nome: "El que no llora no mama, y el que no afana es un gil" (quem não chora não mama, e quem não afana é um otário).
Não é de hoje que "Cambalache" se faz tão atual. Aos poucos a letra da música foi se tornando uma referência não apenas da Argentina dos anos 30 como de toda a América Latina nos dias de hoje. Em "Caetano Veloso" (1969), o cantor baiano fez uma releitura da faixa e, em 2001, ela foi lembrada pelos argentinos que enfrentavam uma das maiores crises políticas e econômicas de sua história.
"Essa história de que o mundo foi e será uma porcaria é um exagero de todo o derrotismo e pessimismo pelo qual os argentinos são conhecidos no mundo todo", diz Makaroff.
Discépolo ficou tão conhecido por essa letra e pelo universo trágico e bem-humorado que criou que "discepoliano" acabou virando um adjetivo.
Está, inclusive, em uma das canções do Gotan Project em "Lunático". A dramática "Celos" ("crudo final discepoliano/ y en un café, un café de verdad/ cayó el último acorde del piano"; tradução: final cru e discepoliano/ e num café, um café de verdade/ caiu o último acorde do piano). (SC)


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