São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2010

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DEPOIMENTO

Eu me sinto culpado pela extinção do jacarandá

SERGIO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eu me considero o assassino do jacarandá. Porque usei essa madeira a dar com pau. Nessa época, nos anos 60, tinha jacarandá na esquina.
Eu me sinto absolutamente culpado pela extinção do jacarandá. Mas eu não sabia desse risco. Todo mundo usava jacarandá. A minha empresa, a Oca, fazia tudo que é tipo de móvel com jacarandá até o final dos anos 70.
Quando fiz os móveis da Manchete, nos anos 80, usei jacarandá e mogno que o Adolfo Bloch tinha.
Não perguntei como tinha conseguido a madeira. Era normal. Não era crime ambiental. Fiz mesas de mogno com 5 cm de espessura.
Tenho paixão por jacarandá, mas para mim essa madeira morreu. Ganhei uma bengala de jacarandá que é uma beleza.
Não sei se terei idade para ver essa madeira ser usada novamente. Ela demora mais de cem anos para virar árvore grande. Tenho 82 anos.
Hoje só uso madeira certificada, aquela que os técnicos garantem que não foi desmatada, mas cultivada. A falta de jacarandá não afetou em nada a minha criação.

SERGIO RODRIGUES é designer de móveis, criador da premiada poltrona Mole e de móveis para o Palácio do Alvorada


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