São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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5ª Flip

Para Dennis Lehane, livros policiais voltaram à moda

Americano lança coletânea de narrativas curtas

MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A PARATY

Um dos principais nomes do romance policial americano, Dennis Lehane conhece o Brasil pelo que ouve dos amigos manobristas, imigrantes brasileiros que vivem em Boston. A cidade do nordeste dos EUA que tem uma das maiores populações de brasileiros do país é também o ambiente de quase todos os livros de Lehane, incluindo "Sobre Meninos e Lobos" (Mystic River), adaptado por Clint Eastwood.
O americano falou com a Folha antes de participar da sua mesa, quando discutiu sobre livros policiais com Guillermo Arriaga. Ele aproveitou para lançar "Coronado" (Companhia das Letras), uma coletânea de narrativas curtas. A obra inclui uma peça de teatro, que teve um dos papéis criado para seu irmão ator.
Lehane já é conhecido dos fãs do gênero aqui. "Dança na Chuva", "Apelo às Trevas" e "Um Drink Antes da Guerra" são apenas alguns dos títulos que já foram publicados, a maior parte com a dupla de detetives Patrick Kenzie e Angie Gennaro.
Lehane escreve num gênero que sempre brigou para ter prestígio no mundo literário, uma batalha quase sempre perdida. Ele acha que, nos últimos dez anos, o gênero está novamente entrando na moda. Diz que já ouviu falar do sucesso de novos autores em países como Noruega e Suécia, mas que não lê quase nada, "para não ser influenciado".
Ele reconhece que a França nunca deixou de consumir os policiais e que o "polar" já faz parte da cultura local. Isso não é bom? "Sim, mas eles são franceses, se é que você me entende...." Ou seja, ele não está nem aí para o país que ajudou a transformar o noir (cinema e literatura) em obras cult.
O escritor fica feliz por não ter mais seu nome associado aos mestres americanos do gênero, como Raymond Chandler. Também tentou, segundo ele, não ser influenciado pelo filme de Eastwood, que o transformou em personalidade. Por isso, escreveu "Paciente 67", que fugiu ao seu estilo e é ambientado no passado, em um hospital psiquiátrico.
"Não deixo o cinema me influenciar. Os filmes podem ajudar a pensar, a estabelecer os passos do romance, mas cinema e literatura são dois animais diferentes", diz. Isso não significa que não esteja feliz com a adaptação de outro livro seu, "Gone, Baby, Gone", que deve estrear em outubro nos EUA. O filme é dirigido pelo ator Ben Affleck e tem Ed Harris e Morgan Freeman no elenco.
Se o cinema influenciasse Lehane, certamente estes atores não estariam no elenco. O escritor adora filmes "B", "que são os melhores", e costuma rever "com prazer" filmes ruins.
Agora está escrevendo um romance histórico, sobre um conflito envolvendo a polícia de Boston, há 80 anos. "Eu não escolho as histórias, são elas me escolhem", disse.
Ele nega que esteja mudando a forma como escreve e afirma que o único compromisso que tem com o público "é escrever bons livros".


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