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5ª Flip
Para Dennis Lehane, livros policiais voltaram à moda
Americano lança coletânea de narrativas curtas
MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
Um dos principais nomes do
romance policial americano,
Dennis Lehane conhece o Brasil pelo que ouve dos amigos
manobristas, imigrantes brasileiros que vivem em Boston. A
cidade do nordeste dos EUA
que tem uma das maiores populações de brasileiros do país
é também o ambiente de quase
todos os livros de Lehane, incluindo "Sobre Meninos e Lobos" (Mystic River), adaptado
por Clint Eastwood.
O americano falou com a Folha antes de participar da sua
mesa, quando discutiu sobre livros policiais com Guillermo
Arriaga. Ele aproveitou para
lançar "Coronado" (Companhia das Letras), uma coletânea de narrativas curtas. A obra
inclui uma peça de teatro, que
teve um dos papéis criado para
seu irmão ator.
Lehane já é conhecido dos fãs
do gênero aqui. "Dança na Chuva", "Apelo às Trevas" e "Um
Drink Antes da Guerra" são
apenas alguns dos títulos que já
foram publicados, a maior parte com a dupla de detetives Patrick Kenzie e Angie Gennaro.
Lehane escreve num gênero
que sempre brigou para ter
prestígio no mundo literário,
uma batalha quase sempre perdida. Ele acha que, nos últimos
dez anos, o gênero está novamente entrando na moda. Diz
que já ouviu falar do sucesso de
novos autores em países como
Noruega e Suécia, mas que não
lê quase nada, "para não ser influenciado".
Ele reconhece que a França
nunca deixou de consumir os
policiais e que o "polar" já faz
parte da cultura local. Isso não
é bom? "Sim, mas eles são franceses, se é que você me entende...." Ou seja, ele não está nem
aí para o país que ajudou a
transformar o noir (cinema e literatura) em obras cult.
O escritor fica feliz por não
ter mais seu nome associado
aos mestres americanos do gênero, como Raymond Chandler. Também tentou, segundo
ele, não ser influenciado pelo
filme de Eastwood, que o transformou em personalidade. Por
isso, escreveu "Paciente 67",
que fugiu ao seu estilo e é ambientado no passado, em um
hospital psiquiátrico.
"Não deixo o cinema me influenciar. Os filmes podem ajudar a pensar, a estabelecer os
passos do romance, mas cinema e literatura são dois animais
diferentes", diz. Isso não significa que não esteja feliz com a
adaptação de outro livro seu,
"Gone, Baby, Gone", que deve
estrear em outubro nos EUA. O
filme é dirigido pelo ator Ben
Affleck e tem Ed Harris e Morgan Freeman no elenco.
Se o cinema influenciasse Lehane, certamente estes atores
não estariam no elenco. O escritor adora filmes "B", "que
são os melhores", e costuma rever "com prazer" filmes ruins.
Agora está escrevendo um
romance histórico, sobre um
conflito envolvendo a polícia de
Boston, há 80 anos. "Eu não escolho as histórias, são elas me
escolhem", disse.
Ele nega que esteja mudando
a forma como escreve e afirma
que o único compromisso que
tem com o público "é escrever
bons livros".
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