São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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"Tive sorte em carreira longa", diz Kiri

Soprano neozelandesa se apresenta no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, no Rio, em SP e no sul

Em três cidades, ela tem o acompanhamento da Orquestra Sinfônica Brasileira, com regência de Roberto Minczuk

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O 38º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão começa hoje, às 21h, com uma apresentação da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), regida por John Neschling. Mas a atração mais famosa do evento está agendada para a semana que vem.
Trata-se da soprano neozelandesa Kiri Te Kanawa, 63, que começa, amanhã, no Rio, uma turnê nacional, que inclui concertos em São Paulo, na quarta; em Campos do Jordão, no sábado que vem; e em Porto Alegre, no dia 17.
No Rio, em São Paulo e em Campos, Kiri se apresenta com a Orquestra Sinfônica Brasileira, regida pelo diretor artístico do festival, Roberto Minczuk, e canta árias e canções do repertório franco-germânico. Em Porto Alegre, com a sinfônica local, sob a batuta de Cláudio Ribeiro, o programa se concentra em Mozart e Puccini.
De sangue indígena maori, Kanawa irrompeu no cenário internacional da ópera nos anos 70, como o soprano lírico ideal para papéis mozartianos, aparecendo, inclusive, na versão filmada da ópera "Don Giovanni" que o cineasta Joseph Losey fez em 1979.
Elegância cênica, emissão uniforme e sonoridade cheia fizeram dela uma das glórias da ópera nas décadas de 80 e 90. Com o papel-título de "Vanessa", de Samuel Barber, em 2004, ela se despediu dos teatros de ópera.
"Foi uma decisão difícil, mas era hora de deixar, era parte do que tinha de acontecer", afirmou à Folha, por telefone. "Eu tive sorte de ter tido uma carreira de mais de 40 anos."
"Para continuar cantando tanto tempo, tive sempre de colocar a voz em primeiro lugar com relação à vida pessoal, levar uma dieta saudável etc.", diz. "Não sei se foi a decisão mais certa. Houve muitos sacrifícios e erros, mas eu cheguei onde cheguei."
Hoje ela continua fazendo cerca de 30 concertos por anos, com parceiros de gosto duvidoso, como o tenor pop Andrea Bocelli. Tem, ainda, uma fundação com o seu nome, para ajudar artistas neozelandeses emergentes. "Prefiro trabalhar com jovens por volta dos 24 anos, para os quais acho que tenho mais coisas a oferecer, como ajuda e aconselhamento."
Nos concertos do Rio e de São Paulo, Kanawa canta canções orquestrais de um dos compositores com que maior teve afinidade estilística ao longo de sua carreira: o alemão Richard Strauss (1864-1949). Interpreta também os "Chants d'Auvergne", do francês Joseph Marie Canteloube (1879-1957). O ciclo é formado de canções coletadas, harmonizadas e orquestradas pelo compositor na Província de Auvergne, entre 1924 e 1955. Muitas delas estão escritas não em francês, mas no dialeto local.


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