Abertura do festival internacional de Campos do Jordão teve programa dedicado ao Ano da França no Brasil, no sábado

Shows de música popular acontecem ao mesmo tempo em que concertos; Scandurra se apresentou com Arnaldo Antunes

IRINEU FRANCO PERPÉTUO
MARCUS PRETO
ENVIADOS ESPECIAIS A CAMPOS DO JORDÃO

Na abertura do 40º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, no lotado auditório Cláudio Santoro, os espanhóis Victor Pablo Pérez (regente) e Maria Bayo (soprano) executaram no sábado, com a Osesp, um programa dedicado à música francesa.
A mudança no repertório se justifica pela temática do festival, que se propõe a celebrar o Ano da França no Brasil. Outra efeméride lembrada pelo evento, mas ausente do concerto de abertura, são os 50 anos de falecimento do compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959).
O concerto de abertura teve um programa francês com sotaque do outro lado dos Pirineus, marcado por obras coloridas, célebres e de inspiração hispânica, abrindo com trechos orquestrais da ópera "Carmen", de Bizet, e encerrando com o célebre "Bolero", de Ravel. O público entusiasmou-se o suficiente para pedir um bis, e a Osesp, obediente, tocou o tema do toureiro de "Carmen".
Na primeira parte do espetáculo, Bayo entoou "Bailero" e "La Delaissado", que são dois dos "Chants d'Auvergne", canções folclóricas francesas harmonizadas por Joseph Canteloube, bem como "Les Filles de Cadix", de Leo Delibes.
Além do diretor artístico do festival, Roberto Minczuk, estavam presentes no concerto o governador paulista, José Serra, o vice, Alberto Goldman, e o secretário de Estado da Cultura, João Sayad. Como de hábito, houve prolixo falatório das autoridades e organizadores, atrasando em meia hora o início da apresentação.

Música popular
Exatamente no mesmo horário do concerto de abertura do festival erudito, Edgard Scandurra fazia um show em dupla com Arnaldo Antunes, em outro espaço da cidade, ao ar livre, como parte da série de apresentações gratuitas de música popular que acontece nesta temporada. "Acho que amanhã não vai dar praia não", brincou Scandurra com a pequena plateia encasacada para tentar se defender do frio de 6 C.
E não foi tarefa fácil para os dois músicos descongelar a plateia sentada nas primeiras fileiras, composta principalmente por mulheres com mais de 60 anos e casais com filhos pequenos -o mesmo público que, no dia seguinte, compareceria ao concerto da Orquestra Jovem do Estado, ao ar livre.
Antunes e Scandurra tiveram que tocar pelo menos cinco canções para que os primeiros gritos entusiasmados fossem ouvidos. Além do frio, esse descompasso pode ter sido causado, em parte, pelo conceito experimental do show da dupla, que não incluiu nenhum hit.
Entre os shows de música popular programados para os próximos finais de semana em Campos estão os de Fernanda Porto, Luisa Maita e Moinho. A dobradinha Antunes e Scandurra faz segunda sessão na cidade no dia 1º de agosto.


Texto Anterior: Teatro: SP tem festival de intercâmbio de linguagens
Próximo Texto: Jackson por ele mesmo
Índice