São Paulo, terça, 7 de julho de 1998

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ARTES PLÁSTICAS
Em operação realizada em 48 dias, dois quadros de Van Gogh e um de Cézanne foram resgatados
Polícia italiana recupera telas roubadas

France Presse
"O Jardineiro", de Van Gogh, quadro recuperado pela polícia italiana


das agências internacionais

O ministro da cultura italiano Walter Veltroni anunciou ontem, pela rádio estatal RAI, que a polícia militar especializada na tutela do patrimônio artístico italiano recuperou os dois quadros de Vincent Van Gogh e o de Paul Cézanne roubados da Galeria Nacional de Arte Moderna, em 19 de maio. Oito pessoas, suspeitas de estarem envolvidas com o roubo, foram presas.
Duas das pinturas foram encontradas em Roma e a terceira em Turim (norte da Itália). Os presos são cidadãos italianos residentes nessas cidades.
Segundo o ministro, as três obras impressionistas estavam prontas para serem enviadas ao mercado internacional. As telas não sofreram danos. As pinturas de Van Gogh são as únicas peças do artista que pertencem a instituições italianas. A pintura de Cézanne é uma das últimas que o artista francês produziu.
O roubo, ocorrido em 19 de maio, foi realizado por três homens armados que se esconderam na galeria e esperaram o horário de fechamento. Apenas três guardas femininas protegiam o local naquela noite. Elas foram rendidas e obrigadas a desligar o sistema de alarmes.
Ao lado de obras de outros artistas impressionistas conhecidos, como Monet, Degas e Modigliani, os ladrões escolheram justamente as telas "A Arlesiana" e "O Jardineiro", de Van Gogh, e a pintura inacabada "A Cabana de Jourdan", de Cézanne.
Esses eram os únicos quadros de autoria desses artistas guardados na Galeria Nacional de Arte Moderna e os únicos existentes em museus italianos.
Os ladrões, que agiram com os rostos cobertos, também levaram um pouco mais de 1 milhão de liras (US$ 570) que se encontravam no caixa forte da galeria.
Um funcionário do bar da galeria observou que a porta do museu estava entreaberta e acionou o alarme à 1h30 do dia seguinte.
As autoridades anunciaram imediatamente que não se tratava de um simples furto, mas de um roubo à mão armada realizado por profissionais. A operação da polícia durou 48 dias e foi realizada em sigilo para a proteção das obras.
O ministro italiano de cultura Walter Veltroni lembrou naquela época que o único caso anterior de roubo à mão armada de um quadro (de Velázquez) foi cometido pelo chefe da máfia do Vêneto, Felice Manieri, em 1992.
As pinturas recuperadas voltam agora para o mesmo lugar no museu que recebeu reforço no sistema de alarmes.
"A Cabana de Jourdan", também chamada de "Casa e Árvores" é uma tela inacabada de 65cm por 81 cm, pintada por Cézanne em 1906, ano de sua morte.
"A Arlesiana", retrato de Madame Ginoux, do holandês Van Gogh é um óleo sobre tela de 60cm por 50 cm, sem assinatura, supostamente pintado entre janeiro e fevereiro de 1890.
Essa obra participou da mais recente exposição retrospectiva do pintor produzida em Amsterdã, em 1990.
"O Jardineiro" mede 61 cm por 50 cm e também não está assinada. Consta que foi pintada por Van Gogh em Saint Rémy (sul da França), no segundo trimestre de 1889.



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