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FESTA NA FLORESTA
Ecosystem 1.0 contorna ausências de artistas no line-up, e idealizador planeja uma versão 2.0
Rave na Amazônia reúne 35 mil em seus quatro dias
FERNANDA MENA
ENVIADA ESPECIAL A MANAUS
Na tarde da última sexta-feira, o
DJ norte-americano Krust chegou ao aeroporto de Manaus
(AM) e foi recepcionado por um
guia local, de inglês fluente, que
logo puxou uma conversa:
-"Que tipo de música você vai
tocar nesse "festival de rock" aí?"
-"Jungle music", respondeu
Krust, sem rodeios.
-"Mas isso é música de índio!"
Para uma festa tida como "para
gringo ver", a Ecosystem 1.0, a rave da Amazônia, tomou outro rumo e catequizou milhares de manauenses com doutrinas da cultura eletrônica e propostas de conscientização ecológica.
Foram quatro dias repletos de
atrações nacionais e internacionais, que sacudiram gringos, paulistas, cariocas e uma maioria esmagadora de gente da capital do
Amazonas -jovens roqueiros,
patricinhas, caboclos e até Hell's
Angels. No total foram 35 mil pessoas nos quatro dias de evento, segundo a organização.
Curupira
Grandes nomes previstos viraram lenda há poucos dias da festa.
Os "curupiras" da rave foram:
Afrika Bambaataa, Dimitri, DJ
Spooky, Bryan Gee, Jumping Jack
Frost, Shy FX e Marcelo D2.
"A hora é de pensar em quem
veio tocar, e não em quem faltou",
disse o DJ brasileiro radicado nos
EUA Carlos "Soul" Slinger, mentor da festa que teve apoio do
Greenpeace e patrocínio do governo do Estado do Amazonas.
Não se sabia ao certo quem iria
tocar, nem quando ou onde, mas
ninguém parecia se importar
muito com isso. Dançava-se tudo
e, se a música não agradasse, ainda havia quatro outras opções.
Pedreira
A vedete da Ecosystem foi o
próprio local da festa: uma pedreira de 360 metros quadrados
recortada por igarapés e cercada
por floresta secundária. Lá foram
levantadas duas enormes ocas:
Maloca Tecno e Maloca Jungle.
No lago foi erguido um palco
flutuante, que teve shows de State
of Bengal, Suba Dream Band, DJ
Krush, Otto e Nação Zumbi. Havia ainda um chill-out camuflado
entre árvores (com puffs de pelúcia e redes), a área vip e um palco
aberto aos DJs, o Woodstick.
"Valeu a pena, mas poderia ser
melhor", disse a paulistana Roberta Pacini, 23, que criticou o
evento porque pagou R$ 160 para
os quatro dias de festa em um pacote oferecido pelo site da rave,
quando, na bilheteria, o ingresso
para cada dia era vendido a R$ 5.
Lanterna
O público se embrenhou no mato e tomou conta dos espaços.
Criou rotas alternativas de uma
pista a outra, montou barracas e
se armou de lanternas para reforçar a iluminação da lua cheia.
Contrariando as expectativas
do Greenpeace, o local se manteve
limpo e a coleta seletiva de lixo
funcionou. "O saldo é muito positivo", comemorou Rebeca Lerer,
24, do Greenpeace.
O festival já tem garantida a sua
segunda edição para o ano que
vem. A área da pedreira, recuperada para a festa, será transformada em parque.
Carlos Slinger já traça os planos
de sua próxima empreitada: "Não
sei se vai rolar uma Ecosystem 3.0.
Penso em algo na África".
A jornalista Fernanda Mena viajou a
convite da organização da Ecosystem 1.0
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