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Fraternal cruza o melodrama
e a comédia
DA REPORTAGEM LOCAL
Em "Borandá", a Fraternal
Cia. de Artes e Malas-Artes
radicaliza o seu Projeto de
Pesquisa da Comédia Popular Brasileira, lançado em
1993. O espetáculo enverga
para o drama, mais especificamente para o melodrama.
"Não temos preconceito
com gêneros. A comédia popular pressupõe uma tragicidade", afirma Ednaldo
Freire.
Esse auto do migrante, como define seu autor, Luís Alberto de Abreu, deve surpreender o público que
acompanha a Fraternal. As
sagas familiares "Tião" e
"Maria Déia" são de extração mais dramática, uma
subversão da comédia decorrida da própria pesquisa
de campo.
"Só a comédia não daria
conta", reconhece Abreu, 51.
Inicialmente, a dramaturgia
estava centrada na fábula
mítica "Galatéia", mas os depoimentos mudaram os rumos do texto.
O atalho não é novidade
para a companhia. Freire
lembra que alguns espetáculos traziam "pausas dramáticas" em plena comédia, caso
de "Sacra Folia", no qual
uma das passagens remetia à
chacina da Candelária (93).
"Borandá", no entanto,
quer preservar a estrutura
narrativa em favor de um
painel épico de homens e
mulheres que pisam mundos diferentes e, ao mesmo
tempo, não são de lugar nenhum.
Cinco atores-saltimbancos
revezam a voz do narrador e
os papéis, por vezes dirigindo-se diretamente à platéia,
à la Brecht, ignoram o que se
entende no teatro por "quarta parede".
"Em meio a tudo isso, há o
resgate da palavra em detrimento do espetacular", afirma o ator Luti Angelelli, 37.
A Fraternal é uma das
companhias contempladas
pelo Programa de Fomento
ao Teatro na Cidade de São
Paulo.
(VS)
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