DA REPORTAGEM LOCAL

A Pinacoteca do Estado apresenta a pluralidade da produção contemporânea em fotografia por meio de três exposições que são inauguradas hoje: "A Cidade Ilustrada", de Marcio Scavone, "Público", de Tatewaki Nio, e "CaleidosCorpos", de Gama Junior, todas organizadas no subsolo do museu.
A exposição "A Cidade Ilustrada" reúne 50 imagens de Scavone produzidas nos últimos dois anos, tendo por objeto o trabalho de grafiteiros nos muros de São Paulo. Em meio às fotos, há grafites nas próprias paredes expositivas e uma intervenção do grafiteiro Mauro. Para a ambientação, Júlio de Paula apresenta sons dos locais onde o fotógrafo realizou seus registros.
Por mais que o fotógrafo busque imprimir um trabalho pessoal em suas imagens, especialmente ao vincular os grafites aos seus autores, ao local onde são realizados, ou mesmo às pessoas que circulam em meio a tais obras, é a diversidade da produção dessas pinturas em muros que sobressai.
Pouco valorizada no circuito artístico, por meio das fotos de Scavone é possível vislumbrar a diversidade e complexidade dessa produção, essencialmente urbana e paulistana. A apropriação ganha força quando se concentra em detalhes, tornando mais abstratos os registros.
Com o mesmo nome da mostra, Scavone lança também hoje uma publicação com as imagens exibidas e textos de Rubens Fernandes Júnior, Ignácio de Loyola Brandão e James Scavone.
Já em "Público", Nio realiza uma operação semelhante à de Scavone, ao apresentar dípticos de pessoas em seus locais de trabalho. Entretanto, em vez de focar em apenas uma atividade, o fotógrafo dispara sua lente em diversas profissões, como bombeiros, policiais e jogadores de futebol.
Trata-se aqui de um mapeamento de tipos e espaços, bastante típico de um olhar estrangeiro, caso do fotógrafo japonês, radicado no Brasil desde o fim dos anos 90. O início da mostra, aliás, apresenta a primeira série realizada por Nio no país, com imagens colhidas no Nordeste.
Finalmente, no extremo oposto desses exercícios documentais estão as imagens de Gama Junior, que trabalha digitalmente corpos, numa justaposição que lembra caleidoscópios, daí o nome da mostra. Quanto mais abstratos os resultados, mais força ganha o trabalho.
(FCY)