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DOCUMENTÁRIO
"Morte na Escadaria" acompanha julgamento de escritor bissexual
Série destrincha Justiça dos EUA
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto séries de ficção como
"Nip/Tuck" buscam seus temas
na vida real para eletrizar seus espectadores, o documentário
"Morte na Escadaria" não precisa
de muito esforço para causar choque semelhante. Afinal, trata-se
de uma produção que enfoca um
julgamento, uma espécie de paixão nacional para os americanos.
Série em oito partes dirigida pelo francês Jean-Xavier de Lestrade, 42, vencedor do Oscar 2002 de
documentário por "Murder on a
Sunday Morning", "Morte" aborda os mecanismos da Justiça americana a partir do caso do escritor
Michael Peterson. Após a morte
da mulher, Kathleen, em um suposto acidente (queda de uma escadaria), ele torna-se suspeito de
assassinato, mesmo sem provas
de seu envolvimento. A questão
desemboca na moral do país: a
polícia e a Justiça dão como certa
sua culpa ao descobrir que o escritor é bissexual. Leia a seguir a entrevista que Lestrade, diretor graduado em direito, concedeu à Folha.
(BYS)
Folha - O que o motivou a fazer
"Morte na Escadaria"?
Jean-Xavier de Lestrade - Em
"Murder" contei a história de um
rapaz negro e pobre acusado de
matar um branco. Ele foi pego pela polícia porque foi o primeiro
negro a aparecer andando perto
da cena. Desta vez, quis fazer o
oposto: encontrar um acusado
branco, rico, figura pública [em
Durham, Carolina do Norte,
EUA] e disposto a pagar US$ 1 milhão [R$ 2,3 milhões] em sua defesa. O que eu queria era encontrar um caso com uma profunda
questão moral: ele foi perseguido
por aquilo que era [bissexual], e
não pelo que havia feito.
Folha - De onde vem seu interesse
pela sociedade americana?
Lestrade - Por trás de cada caso
há uma história humana. E as histórias que você encontra nos EUA
são familiares para quase qualquer pessoa por causa da influência dos filmes e séries. "Morte"
não é sobre os norte-americanos,
mas sim sobre quem somos.
Folha - "Morte na Escadaria" é
uma espécie de "reality show"?
Lestrade - Não. Peterson não é
um homem comum; ele é um homem extraordinário. Não foi confortável acompanhar sua vida durante dois anos. Não tenho 100%
de certeza de que ele seja inocente.
Um "reality" tenta fazer você
acreditar que está vendo algo conectado à vida real. Na verdade,
não tem nada a ver com pessoas
reais; tudo é falso. No meu filme,
você pode ter a sensação de estar
vendo uma ficção, mas ele é sempre conectado à realidade. Tentei
não ser um voyeur ou colocar o
público nessa condição.
Folha - Você considera a Justiça
norte-americana justa?
Lestrade - Teoricamente, é um
sistema balanceado; na prática, é
injusta, um jogo que depende do
quanto você tem para gastar em
sua defesa. Ela reflete o moralismo americano, e isso é válido em
qualquer país. Por isso, filmar a
Justiça é tão interessante.
Morte na Escadaria
Quando: às quartas, às 21h, no GNT
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