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Mostras vêem múltiplos discursos femininos e distintos modos de pintar
Divulgação
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A instalação "Reino dos Céus", da artista Márcia X, destaque da mostra "Manobras Radicais" |
DA REPORTAGEM LOCAL
As duas mostras que Paulo
Herkenhoff inaugura nesta semana partem da arte brasileira
para abordar dois temas: no
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), "Manobras Radicais" trata dos "muitos e multifacetados discursos das mulheres na arte", de acordo com Heloisa Buarque de Holanda, que
também assina a curadoria; enquanto "Pincelada", no Instituto Tomie Ohtake (ITO), observa o método do pintar nos anos
50 e suas projeções nos 60.
Como sempre em suas mostras, Herkenhoff lança provocações. No CCBB, uma delas é
discutir se é possível observar a
arte a partir da questão de gênero. "Não é uma exposição feminista, mas um olhar a partir
do feminino. Eu a fiz porque
Freud disse que a única pergunta que ele não poderia responder é o que deseja uma mulher. Para mim, então, a mostra
significa me defrontar com
aquilo que não posso saber",
afirma o curador.
Outra das provocações é contestar a tese de que artistas mulheres exerceram e exercem
papel experimental na produção nacional, pois não precisam
se preocupar com a subsistência, já que são ricas de origem
ou casadas com ricos. "Há mulheres ricas também em outros
países, mas isso não possibilitou que a mulher alcançasse lá
o destaque que as mulheres
conquistaram aqui", diz Herkenhoff.
A mostra traz 61 artistas, com
obras das precursoras modernistas Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, passando por várias
décadas, como Lygia Clark, nos
anos 50, Ana Maria Maiolino e
Lenora de Barros, nos anos 70,
até a produção recente, de nomes como Márcia X, Adriana
Varejão e Ana Maria Tavares.
No ITO, o curador apresenta
os distintos modos de pintar
quando a polêmica abstracionismo contra figurativismo já
estava superada, com a vitória
do primeiro, em trabalhos de
artistas concretos, neoconcretos e independentes. Entre
eles, Tomie Ohtake é vista na
série de "pinturas cegas", que
também está no CCBB, além de
uma obra inédita de Hélio Oiticica, feita com pregos.
"Quando o figurativismo
aparece, como por exemplo em
Ivan Serpa, ele surge como um
fantasma", conta o curador, ao
falar da famosa fase negra do
artista. No ITO, ele se orgulha
em apresentar, pela primeira
vez, uma tela que pertencia à
viúva do artista, Ligia, que costuma dizer que a obra era a melhor representação do artista.
(FCY)
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