São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2006

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Mostras vêem múltiplos discursos femininos e distintos modos de pintar

Divulgação
A instalação "Reino dos Céus", da artista Márcia X, destaque da mostra "Manobras Radicais"


DA REPORTAGEM LOCAL

As duas mostras que Paulo Herkenhoff inaugura nesta semana partem da arte brasileira para abordar dois temas: no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), "Manobras Radicais" trata dos "muitos e multifacetados discursos das mulheres na arte", de acordo com Heloisa Buarque de Holanda, que também assina a curadoria; enquanto "Pincelada", no Instituto Tomie Ohtake (ITO), observa o método do pintar nos anos 50 e suas projeções nos 60.
Como sempre em suas mostras, Herkenhoff lança provocações. No CCBB, uma delas é discutir se é possível observar a arte a partir da questão de gênero. "Não é uma exposição feminista, mas um olhar a partir do feminino. Eu a fiz porque Freud disse que a única pergunta que ele não poderia responder é o que deseja uma mulher. Para mim, então, a mostra significa me defrontar com aquilo que não posso saber", afirma o curador.
Outra das provocações é contestar a tese de que artistas mulheres exerceram e exercem papel experimental na produção nacional, pois não precisam se preocupar com a subsistência, já que são ricas de origem ou casadas com ricos. "Há mulheres ricas também em outros países, mas isso não possibilitou que a mulher alcançasse lá o destaque que as mulheres conquistaram aqui", diz Herkenhoff.
A mostra traz 61 artistas, com obras das precursoras modernistas Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, passando por várias décadas, como Lygia Clark, nos anos 50, Ana Maria Maiolino e Lenora de Barros, nos anos 70, até a produção recente, de nomes como Márcia X, Adriana Varejão e Ana Maria Tavares.
No ITO, o curador apresenta os distintos modos de pintar quando a polêmica abstracionismo contra figurativismo já estava superada, com a vitória do primeiro, em trabalhos de artistas concretos, neoconcretos e independentes. Entre eles, Tomie Ohtake é vista na série de "pinturas cegas", que também está no CCBB, além de uma obra inédita de Hélio Oiticica, feita com pregos.
"Quando o figurativismo aparece, como por exemplo em Ivan Serpa, ele surge como um fantasma", conta o curador, ao falar da famosa fase negra do artista. No ITO, ele se orgulha em apresentar, pela primeira vez, uma tela que pertencia à viúva do artista, Ligia, que costuma dizer que a obra era a melhor representação do artista. (FCY)


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