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Nova série mistura sexo e mistérios no espaço
"Defying Gravity" tem melodramas inverossímeis com cenário de ficção científica
Trama fala sobre grupo de astronautas em viagem de 6 anos pelo Sistema Solar em companhia de "entidade" que modifica seus corpos
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma "entidade" se esconde
em meio a um grupo no espaço.
O mocinho teve um caso de
apenas uma noite com a mocinha (que mudou de vez sua vida), mas ela mantém segredo.
Já viu essa trama?
O desconhecido é base dos
enredos de ficção científica e já
foi explorado em várias facetas.
Stanley Kubrick o transformou
em um computador com inteligência artificial em "2001
-°Uma Odisséia no Espaço"; James Cameron criou seres fantásticos no seu "O Segredo do
Abismo". A lista é quilométrica.
A série "Defying Gravity"
(desafiando a gravidade), que
estreou no último domingo na
rede ABC norte-americana
(ainda sem previsão no Brasil),
usa essa mesma premissa: o
acompanhante misterioso de
uma tripulação numa viagem
de seis anos pelo Sistema Solar.
Ao longo dos 13 episódios, o
grupo de oito astronautas tem
de aprender a conviver uns
com os outros enquanto lidam
com os percalços da missão.
Muitos deles já se envolveram romanticamente e, logo na
estreia, acontece um "balé sexual" entre um casal. A Nasa
desliga as câmeras para lhes dar
privacidade, enquanto eles se
entrelaçam e flutuam numa cabine sem gravidade. Plasticamente bonito, mas dramaticamente dispensável e apelativo.
Ambientada em 2052, a série
escolheu não desenvolver o visual do futuro da humanidade.
Tudo parece igual a "Apollo 13",
filme de 1995 de Ron Howard.
Considerando que se passaram
14 anos desde então, o fato só
conta contra o programa.
Uma inovação foi imaginada:
o banimento do aborto. Isso
porque a personagem de Laura
Harris, uma bióloga, vai se ver
às voltas com a escolha entre a
maternidade e a chance de estar numa missão.
Para o papel de herói e narrador, foi escolhido Ron Livingston. Ele é um dos veteranos
desta viagem, mas há cinco
anos teve um acidente em Marte que o fez abandonar duas
pessoas da equipe no planeta
vermelho. Imagine se uma delas não era sua namorada...
Todos na nave têm seus segredos. Além do aborto ilegal,
que causa alucinações na bióloga, há um alcoólatra, os casos
antigos e os tripulantes que sabem sobre a presença "da coisa". É uma espécie de carona
em "Lost", mas mal-ajambrada.
Por ter sido criada por James
Parriott, roteirista e produtor-executivo de "Grey's Anatomy", o seriado foi apelidado
de "Grey's Anatomy do espaço", mas é exagero e destrata o
bom enredo de "Grey's".
Não dá para negar semelhanças, como o elenco ser majoritamente formado por bonitões
e todo mundo transar com todo
mundo, mas a causa talvez seja
"Defying Gravity" misturar fórmulas de sucesso.
No final das contas, a série
parece ter sua situação bem definida numa das frases de Livingston: "Lembro-me tão bem
desse momento [de pré-embarque rumo ao espaço]. Tudo
está no seu futuro. E tudo parece bem". No seriado, esse otimismo termina com dois mortos e quase o fim de sua carreira
de astronauta. Resta saber se o
futuro será igualmente sombrio para "Defying Gravity".
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