São Paulo, sexta-feira, 07 de agosto de 2009

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Nova série mistura sexo e mistérios no espaço

"Defying Gravity" tem melodramas inverossímeis com cenário de ficção científica

Trama fala sobre grupo de astronautas em viagem de 6 anos pelo Sistema Solar em companhia de "entidade" que modifica seus corpos

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma "entidade" se esconde em meio a um grupo no espaço. O mocinho teve um caso de apenas uma noite com a mocinha (que mudou de vez sua vida), mas ela mantém segredo. Já viu essa trama?
O desconhecido é base dos enredos de ficção científica e já foi explorado em várias facetas. Stanley Kubrick o transformou em um computador com inteligência artificial em "2001 -°Uma Odisséia no Espaço"; James Cameron criou seres fantásticos no seu "O Segredo do Abismo". A lista é quilométrica.
A série "Defying Gravity" (desafiando a gravidade), que estreou no último domingo na rede ABC norte-americana (ainda sem previsão no Brasil), usa essa mesma premissa: o acompanhante misterioso de uma tripulação numa viagem de seis anos pelo Sistema Solar.
Ao longo dos 13 episódios, o grupo de oito astronautas tem de aprender a conviver uns com os outros enquanto lidam com os percalços da missão.
Muitos deles já se envolveram romanticamente e, logo na estreia, acontece um "balé sexual" entre um casal. A Nasa desliga as câmeras para lhes dar privacidade, enquanto eles se entrelaçam e flutuam numa cabine sem gravidade. Plasticamente bonito, mas dramaticamente dispensável e apelativo.
Ambientada em 2052, a série escolheu não desenvolver o visual do futuro da humanidade. Tudo parece igual a "Apollo 13", filme de 1995 de Ron Howard. Considerando que se passaram 14 anos desde então, o fato só conta contra o programa.
Uma inovação foi imaginada: o banimento do aborto. Isso porque a personagem de Laura Harris, uma bióloga, vai se ver às voltas com a escolha entre a maternidade e a chance de estar numa missão.
Para o papel de herói e narrador, foi escolhido Ron Livingston. Ele é um dos veteranos desta viagem, mas há cinco anos teve um acidente em Marte que o fez abandonar duas pessoas da equipe no planeta vermelho. Imagine se uma delas não era sua namorada...
Todos na nave têm seus segredos. Além do aborto ilegal, que causa alucinações na bióloga, há um alcoólatra, os casos antigos e os tripulantes que sabem sobre a presença "da coisa". É uma espécie de carona em "Lost", mas mal-ajambrada.
Por ter sido criada por James Parriott, roteirista e produtor-executivo de "Grey's Anatomy", o seriado foi apelidado de "Grey's Anatomy do espaço", mas é exagero e destrata o bom enredo de "Grey's".
Não dá para negar semelhanças, como o elenco ser majoritamente formado por bonitões e todo mundo transar com todo mundo, mas a causa talvez seja "Defying Gravity" misturar fórmulas de sucesso.
No final das contas, a série parece ter sua situação bem definida numa das frases de Livingston: "Lembro-me tão bem desse momento [de pré-embarque rumo ao espaço]. Tudo está no seu futuro. E tudo parece bem". No seriado, esse otimismo termina com dois mortos e quase o fim de sua carreira de astronauta. Resta saber se o futuro será igualmente sombrio para "Defying Gravity".


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