São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2011

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ANÁLISE

Seriado ditou o ritmo ágil das comédias com edição a partir de ângulos variados

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

O talento de Lucille Ball não se resumiu a provocar gargalhadas com a destrambelhada Lucy. A TV de 60 anos atrás era um meio tecnicamente restrito, e a inventividade necessária para verter um show de rádio em programa de TV fez de "I Love Lucy" a mãe de um gênero, a "sitcom", que parece eterno.
Nascia ali a comédia do cotidiano, formato com episódios de 25 minutos, cenários reduzidos a poucos espaços, diálogos na forma de duelos cômicos e sobreposição entre atores e personagens.
A fórmula que consagrou "I Love Lucy" pode ser vista numa legião de seguidores, de "A Feiticeira" a "Two and a Half Men", passando por "Friends" e "The Office".
Antes de isso acontecer, as condições para a "sitcom" nascer vieram um tanto por causa de exigências feitas pela atriz. Ela quis que a produção fosse em Los Angeles em vez de Nova York, onde estavam as emissoras de TV.
Também negociou a contratação do diretor de fotografia Karl Freund, autor das imagens do clássico "Metropolis", de Fritz Lang. Freund contornou a limitação da TV ao vivo com o registro em película feito com três câmeras, focalizadas em cada personagem e no conjunto da cena.
A edição posterior do material filmado em variedade de ângulos ofereceu um ritmo ágil, próprio da comédia.
A isso se juntou o registro das risadas, que agregam vivacidade e impelem a rir até do que tem pouca graça.
Esse modo de produção definiu a linguagem e foi convertido num modelo que dominou até os anos 90, quando a HBO libertou a "sitcom" até das gargalhadas engarrafadas, pôs as cenas nas ruas e locações e passou a ser copiada pela concorrência.


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