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CINEMA/ESTRÉIA
"INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL"
Protagonista, que já concorreu ao Oscar por "O Sexto Sentido" é aposta para o prêmio deste ano
"Equilibrei máquina e homem"
MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Nunca é cedo demais para começar a falar de Oscar. Pelo menos não em Los Angeles. E, para o
garoto Haley Joel Osment, 13, já
não parece ser cedo demais para
começar a ouvir seu nome ligado
à estatueta dourada.
Osment, o protagonista de
Spielberg em "Inteligência Artificial", já chegou a alguns passos do
prêmio em 2000, aos 11 anos,
quando concorreu a melhor
coadjuvante por "O Sexto Sentido". Agora, no papel do robô David, é alvo, mais uma vez, de repetidos elogios da crítica, que dá como certa sua aparição entre os indicados do ano que vem.
"Nunca pensei que fosse ser escolhido como protagonista de um
filme de Spielberg", disse ele à Folha em Los Angeles. "Quando Steven ligou para minha casa para
me convidar para o papel, fiquei
sem voz por algumas horas."
"Acham que sou muito adulto
por causa dos papéis que faço e, às
vezes, me pego pensando se realmente não estou perdendo parte
da infância. Mas a verdade é que
sou apenas uma criança que atua
em filmes de Hollywood."
Mas, como um adulto calejado,
Osment, que embolsou US$ 2 milhões por "Inteligência Artificial",
se esquiva quando o assunto é Oscar. "Seria uma honra, mas não
quero pensar nisso ainda."
Para dar mais peculiaridade ao
"tour de force" de Osment no filme idealizado por Stanley Kubrick e concebido numa espécie
de homenagem (Kubrick morreu
em 1999) por seu amigo Steven
Spielberg, basta dizer que, originalmente, o papel seria entregue a
um robô de verdade.
"Kubrick não acreditava que
houvesse um ator de menos de
dez anos que fosse capaz de conferir a necessária autenticidade ao
personagem", explicou o pai de
Osment, que o acompanha a todas as entrevistas. "E ele sabia
que, mesmo se encontrasse uma
criança suficientemente talentosa
para fazê-lo, não poderia usá-la
porque ela acabaria envelhecendo
durante as filmagens", diz, sobre a
característica do diretor de levar
anos rodando um filme.
"O mais difícil foi encontrar o
equilíbrio exato entre máquina e
ser humano", explicou Osment
sobre as minúcias de seu papel.
Para aprimorar a elogiada técnica, Osment faz exercícios em casa
com o pai, que também é ator, e
revê seus filmes. "Gosto de analisar minhas interpretações como
um jogador analisa seus fundamentos durante uma partida."
Quanto ao futuro, ele garante
que pretende estudar para se tornar um cineasta completo. Em julho, armado de sua filmadora digital, o menino rodou seu primeiro curta, um filme que ele escreveu, dirigiu e protagonizou.
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