São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2001

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CINEMA/ESTRÉIA

"INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL"

Protagonista, que já concorreu ao Oscar por "O Sexto Sentido" é aposta para o prêmio deste ano

"Equilibrei máquina e homem"

MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Nunca é cedo demais para começar a falar de Oscar. Pelo menos não em Los Angeles. E, para o garoto Haley Joel Osment, 13, já não parece ser cedo demais para começar a ouvir seu nome ligado à estatueta dourada.
Osment, o protagonista de Spielberg em "Inteligência Artificial", já chegou a alguns passos do prêmio em 2000, aos 11 anos, quando concorreu a melhor coadjuvante por "O Sexto Sentido". Agora, no papel do robô David, é alvo, mais uma vez, de repetidos elogios da crítica, que dá como certa sua aparição entre os indicados do ano que vem.
"Nunca pensei que fosse ser escolhido como protagonista de um filme de Spielberg", disse ele à Folha em Los Angeles. "Quando Steven ligou para minha casa para me convidar para o papel, fiquei sem voz por algumas horas."
"Acham que sou muito adulto por causa dos papéis que faço e, às vezes, me pego pensando se realmente não estou perdendo parte da infância. Mas a verdade é que sou apenas uma criança que atua em filmes de Hollywood."
Mas, como um adulto calejado, Osment, que embolsou US$ 2 milhões por "Inteligência Artificial", se esquiva quando o assunto é Oscar. "Seria uma honra, mas não quero pensar nisso ainda."
Para dar mais peculiaridade ao "tour de force" de Osment no filme idealizado por Stanley Kubrick e concebido numa espécie de homenagem (Kubrick morreu em 1999) por seu amigo Steven Spielberg, basta dizer que, originalmente, o papel seria entregue a um robô de verdade.
"Kubrick não acreditava que houvesse um ator de menos de dez anos que fosse capaz de conferir a necessária autenticidade ao personagem", explicou o pai de Osment, que o acompanha a todas as entrevistas. "E ele sabia que, mesmo se encontrasse uma criança suficientemente talentosa para fazê-lo, não poderia usá-la porque ela acabaria envelhecendo durante as filmagens", diz, sobre a característica do diretor de levar anos rodando um filme.
"O mais difícil foi encontrar o equilíbrio exato entre máquina e ser humano", explicou Osment sobre as minúcias de seu papel.
Para aprimorar a elogiada técnica, Osment faz exercícios em casa com o pai, que também é ator, e revê seus filmes. "Gosto de analisar minhas interpretações como um jogador analisa seus fundamentos durante uma partida."
Quanto ao futuro, ele garante que pretende estudar para se tornar um cineasta completo. Em julho, armado de sua filmadora digital, o menino rodou seu primeiro curta, um filme que ele escreveu, dirigiu e protagonizou.



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