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Nanini leva Odorico Paraguaçu ao teatro
Com direção de Enrique Diaz, "O Bem Amado" entra em cartaz hoje no Rio
Além de encenar a peça em São Paulo, no ano que vem, Nanini pretende filmar com Gerald Thomas e ampliar sua empresa de produção
TEREZA NOVAES
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
É o primeiro ensaio geral de
"O Bem Amado", texto de Dias
Gomes que virou novela e minissérie nos anos 70/80. Cerca
de 300 crianças de escolas municipais lotam o Teatro das Artes, no shopping da Gávea, no
Rio, onde a peça estréia hoje.
O atraso para o início já é de
mais de uma hora, quando
Marco Nanini surge entre as
cortinas. Há alvoroço, mas seu
pedido de silêncio para gravar
uma entrevista para TV no cenário é rapidamente atendido.
A maioria conhece o ator como Lineu, seu personagem no
seriado "A Grande Família",
que já está no ar há sete anos e
ganhou bem-sucedida versão
cinematográfica -o filme levou
52% do público dos longas brasileiros no primeiro semestre.
Nanini finalmente entra no
palco como Odorico Paraguaçu, a platéia acompanha com
atenção. Não se vê mais o "popozão", o apelido de Lineu.
"Me surpreendeu, eles ficaram atentos", comenta Nanini,
após o ensaio, que aconteceu na
última terça-feira.
Embora o espetáculo tenha
fisgado as crianças (a faixa etária era de 12 a 17 anos), a parte
política do texto parece desconectar a platéia. Ele concorda.
"Eles ficaram mais apáticos."
A juventude estaria se distanciando da política? "Eles são
muito garotos, não sei avaliar,
mas se isso acontecer vou ficar
arrasado", diz o ator de 59 anos.
Nanini se mantém profícuo
no teatro, trabalhando com diretores como Gerald Thomas,
Felipe Hirsch e Enrique Diaz,
que encena "O Bem Amado".
A idéia da peça surgiu a partir
de dois convites, um para fazer
o texto para o cinema e outro
para a televisão.
"Achei coincidência receber
convite para os dois veículos
quando a origem de tudo era o
teatro, e eu fazia teatro. Isso me
levou a reler a peça e a achei
muito atual", conta. Os outros
projetos ficaram arquivados.
"A peça é uma farsa, todas as
situações são pintadas muito
fortemente, o que não caracteriza nenhum vínculo partidário. Trata-se de uma peça escrita em 1962, portanto antes da
ditadura, que vem criticando o
coronelismo de muito tempo."
Para criar seu Odorico, Nanini não assistiu à novela. "Lembro do Paulo Gracindo, a interpretação dele ficou muito gravada. Tenho essa imagem na
cabeça, mas só agora vou começar a ver", explica.
O mesmo processo aconteceu em "A Grande Família". "Vi
muito pouco do Jorge Dória,
depois do personagem assimilado é que fui assisti-lo."
Avesso a cultura da celebridade, Nanini tem de lidar com a
popularidade trazida pela TV.
"Tem lugares que eu não posso
ir por causa do Lineu. As pessoas ficam íntimas, dão tapinhas nas costas", conta.
Seu cotidiano é gravar três
vezes por semana. Os planos
são ampliar sua empresa de
produção e estrelar um filme
dirigido por Gerald Thomas.
Em abril do ano que vem, "O
Bem Amado" estréia em São
Paulo, no Cultura Artística.
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