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Grupos revivem glórias do passado
Fleetwood Mac
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Reportagem Local
O dinheiro é capaz de muitos milagres. Muito dinheiro é capaz de
milagres ainda maiores. Pois deve
ter sido um desses grandes milagres que reuniu novamente a formação mais conhecida do grupo
Fleetwood Mac.
O quinteto formado pelo baterista Mick Fleetwood, pelo baixista
John McVie, pela tecladista e vocalista Christine McVie, pelo guitarrista e vocalista Lindsey Buckingham e pela vocalista Stevie Nicks
deu ao mundo "Rumours"
(1977), um amontoado de bem lapidadas canções pop que tornaram o disco um dos cinco mais
vendidos da história.
Com 25 milhões de cópias, "Rumours" foi parido em meio a dois
divórcios, o de Buckingham e Stevie e o de Christine e John.
Com o sucesso, o quinteto se
manteve junto sem nunca conseguir repetir a vendagem de "Rumours". Com a saída de Buckingham, na década de 80, o grupo
continuou se arrastando.
Em comemoração aos 20 anos de
"Rumours", o quinteto se juntou
novamente para um show da
MTV. Não deve ter sido fácil colar
os cacos. Nos créditos, cada um
aparece empresariado por um
agente diferente. Provavelmente,
os empresários e advogados passaram mais tempo juntos do que os
músicos ensaiando.
De todo modo, o show virou disco e emplacou o primeiro lugar na
parada americana revivendo sucessos como "Go Your Own
Way", "Dreams" ou "Don't
Stop". Em "The Dance", o nome
do CD, eles mostram que a alquimia funciona, mesmo nas músicas
novas, como "Temporary One" e
"Sweet Girl".
O repertório deixou de lado outras composições famosas do grupo. Como "Black Magic Woman", que muitos pensam ser do
guitarrista Santana, que popularizou a música, mas que faz parte da
primeira fase da banda.
Curiosamente, o Fleetwood Mac
é um caso raro de um grupo com
duas caras distintas. Sob a batuta
do guitarrista Peter Green, e com o
nome de Peter Green's Fleetwood
Mac, o grupo nasceu inglês em 67
tocando blues. Logo se tornaria
um dos mais influentes da história.
Green foi o substituto de Eric
Clapton no John Mayall Bluesbraker, na época em que os muros de
Londres costumavam ser manchados com a inscrição "Eric Clapton
é Deus".
Clapton e Green são diferentes.
O primeiro vendeu mais discos do
que influenciou músicos. No ano
passado, Green foi apontado em
uma enquete feita por uma revista
inglesa com críticos especializados
como um dos três guitarristas mais
influentes da história.
Green saiu do John Mayall Bluesbraker para montar sua própria
banda, com Fleetwood, McVie e o
guitarrista Jeremy Spencer.
Afundado no ácido, incomodado com o súbito assédio e a transformação em ídolo, Green abandonou a música em 71. Enquanto
isso, o Fleetwood Mac se americanizava e se tornava mais e mais
pop.
Green fez um rápido regresso à
música na virada dos anos 70 para
os anos 80. Nesse período de silêncio, Green continuou incensado
por uma geração de guitarristas
em discos tributos (saíram ao menos quatro nos últimos três anos).
Como nem todo milagre acontece por conta do dinheiro, Green
resolveu voltar no ano passado.
Sem badalação, sem clipes na
MTV, recusando qualquer idolatria, fez poucos shows em lugares
pequenos na Europa.
É a diferença entre a fase inglesa e
a fase norte-americana daquela
que foi, em épocas diferentes, uma
das bandas de blues mais influentes da história e uma das mais comerciais e vendáveis da música
pop. As duas revivem novamente.
Disco: The Dance
Banda: Fleetwood Mac
Lançamento: WEA
Quanto: R$ 18, em média
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