São Paulo, terça, 7 de outubro de 1997.




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Grupos revivem glórias do passado
Fleetwood Mac

LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Reportagem Local

O dinheiro é capaz de muitos milagres. Muito dinheiro é capaz de milagres ainda maiores. Pois deve ter sido um desses grandes milagres que reuniu novamente a formação mais conhecida do grupo Fleetwood Mac.
O quinteto formado pelo baterista Mick Fleetwood, pelo baixista John McVie, pela tecladista e vocalista Christine McVie, pelo guitarrista e vocalista Lindsey Buckingham e pela vocalista Stevie Nicks deu ao mundo "Rumours" (1977), um amontoado de bem lapidadas canções pop que tornaram o disco um dos cinco mais vendidos da história.
Com 25 milhões de cópias, "Rumours" foi parido em meio a dois divórcios, o de Buckingham e Stevie e o de Christine e John.
Com o sucesso, o quinteto se manteve junto sem nunca conseguir repetir a vendagem de "Rumours". Com a saída de Buckingham, na década de 80, o grupo continuou se arrastando.
Em comemoração aos 20 anos de "Rumours", o quinteto se juntou novamente para um show da MTV. Não deve ter sido fácil colar os cacos. Nos créditos, cada um aparece empresariado por um agente diferente. Provavelmente, os empresários e advogados passaram mais tempo juntos do que os músicos ensaiando.
De todo modo, o show virou disco e emplacou o primeiro lugar na parada americana revivendo sucessos como "Go Your Own Way", "Dreams" ou "Don't Stop". Em "The Dance", o nome do CD, eles mostram que a alquimia funciona, mesmo nas músicas novas, como "Temporary One" e "Sweet Girl".
O repertório deixou de lado outras composições famosas do grupo. Como "Black Magic Woman", que muitos pensam ser do guitarrista Santana, que popularizou a música, mas que faz parte da primeira fase da banda.
Curiosamente, o Fleetwood Mac é um caso raro de um grupo com duas caras distintas. Sob a batuta do guitarrista Peter Green, e com o nome de Peter Green's Fleetwood Mac, o grupo nasceu inglês em 67 tocando blues. Logo se tornaria um dos mais influentes da história.
Green foi o substituto de Eric Clapton no John Mayall Bluesbraker, na época em que os muros de Londres costumavam ser manchados com a inscrição "Eric Clapton é Deus".
Clapton e Green são diferentes. O primeiro vendeu mais discos do que influenciou músicos. No ano passado, Green foi apontado em uma enquete feita por uma revista inglesa com críticos especializados como um dos três guitarristas mais influentes da história.
Green saiu do John Mayall Bluesbraker para montar sua própria banda, com Fleetwood, McVie e o guitarrista Jeremy Spencer.
Afundado no ácido, incomodado com o súbito assédio e a transformação em ídolo, Green abandonou a música em 71. Enquanto isso, o Fleetwood Mac se americanizava e se tornava mais e mais pop.
Green fez um rápido regresso à música na virada dos anos 70 para os anos 80. Nesse período de silêncio, Green continuou incensado por uma geração de guitarristas em discos tributos (saíram ao menos quatro nos últimos três anos).
Como nem todo milagre acontece por conta do dinheiro, Green resolveu voltar no ano passado. Sem badalação, sem clipes na MTV, recusando qualquer idolatria, fez poucos shows em lugares pequenos na Europa.
É a diferença entre a fase inglesa e a fase norte-americana daquela que foi, em épocas diferentes, uma das bandas de blues mais influentes da história e uma das mais comerciais e vendáveis da música pop. As duas revivem novamente.

Disco: The Dance Banda: Fleetwood Mac Lançamento: WEA Quanto: R$ 18, em média


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