São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2000

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MODA
Com o fim dos desfiles, ontem, na Itália, hoje o circo fashion vai a Paris
Mão do estilista faz a diferença em Milão

Reuters
A modelo Gisele Bündchen desfila look da Dolce & Gabbana


ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A MILÃO

Os olhos dos especialistas em moda, compradores e jornalistas seguem em busca das pequenas gemas na temporada de lançamento do prêt-à-porter de primavera-verão 2001. Os desfiles de Milão terminaram oficialmente ontem, e hoje o circo fashion segue para Paris, última etapa do circuito, que recebe os desfiles até o dia 14, encerrando uma maratona de um mês de passarela.
Unanimidade mesmo, por enquanto, foram Dolce & Gabbana e Armani (até o fechamento desta edição faltava o desfile de Versace, ontem à noite). Tanto que a Hugo Boss parece querer chegar perto da consumidora Armani. Hugo Boss estreou sua coleção feminina com megadesfile na noite de quinta-feira, no palácio do Senado, ricamente ornado e decorado, com lustres instalados em seu pátio ao ar livre, com tantas telas de TV digital de perder a conta. Na festa gigantesca armada a seguir, champanhe de não faltar e a clara demonstração de que a marca alemã ganha território no disputado mercado italiano.
Na coleção, o melhor é o mais contido, em jaquetas precisas e decotadas, com um botão, usadas com saias de corte seco, ou os desdobramentos de camisa masculina. Os poderosos ternos risca-de-giz se contrapõem aos vestidos assimétricos fluidos, tudo em preto, com sapato anabela de salto de acrílico meio i-Mac.
No segmento da riqueza, Fendi avançou para o couro e para o jérsei, com uma pitadinha de punk-rock, de seus estonteantes casacos de pele psicodélicos do inverno. Mostrou (mais uma vez) o domínio do criador alemão Karl Lagerfeld, que, na casa romana, exercitou silhuetas e proporções sempre chiques e elegantes.
Jil Sander é que não agradou. Com a saída da estilista, também alemã, de sua própria marca, agora sob a direção de Patrizio Bertelli, da Prada, o tom geral é que Sander está fazendo falta. Estranho ver a estética limpa, cool, quase fria e minimalista de Sander sem a mão da estilista.
Estava tudo lá, mas faltando o toque mágico, o sopro de vida que faz roupas se transformarem em moda e despertarem paixão.
O que aconteceu plenamente na pequena Marni, em que Consuelo Castiglioni vem, estação após estação, enchendo os olhos do povo. Feminina, a coleção tange levemente os fundamentos do folk-chic e dos anos 50, usando estampas gráficas abstratas e flores atemporais. Acompanhar a Marni é seguir em direção a uma moda off-trend, artística quase, com bom gosto e personalidade. Tudo a ver com o momento atual.
Já Anna Molinari divertiu-se na fusão dos 50 com os 80, num desfile que deveria ser visto por estilistas e estudantes de moda, tamanha a coerência das idéias e o modo inteligente de agradar consumidoras nesse momento de transição do romantismo de uma década para a agressividade da outra, tentando conjugar dois dos valores da mulher de 2001.
O gancho eram escarpins brancos com meia preta de náilon transparente (lembra? Algumas usam até hoje). Com isso, couture e moda de rua no vestido de Kirsten preto com ilhoses; cinema francês e rockabilly; punk e romance.
Delícias: o vestido t-shirt (atenção que a forma já é tendência em Milão) desfilado pela brasileira Ana Claudia; a capa tipo trench-coat de tafetá-madeira.


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