VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Capaz de alcançar registros múltiplos de interpretação no cinema, como se viu em "Bicho de Sete Cabeças", "Abril Despedaçado" e "Cidade de Deus", para citar alguns, o cearense Gero Camilo também pisa com segurança os chãos do teatro e da literatura. O ator reestréia hoje "A Procissão" no Centro Cultural São Paulo.
Trata-se de monólogo em que ainda assina dramaturgia e direção. Participam do espetáculo as cantoras e percussionistas Tata Fernandes, Lelena Anhaia e Ceumar (eventual). Recentemente, Camilo lançou o livro "A Macaúba da Terra". Em edição independente, reúne contos e peças curtas por meio de linguagem poética que mescla herança nordestina e apropriação da vida urbana.
Escrita e montada em 97, "A Procissão", um drama, condensa o despojamento de Camilo para o ato da representação, seja no palco, na tela ou na televisão. Ele vive Zé, espécie de contador de histórias que entretém o povo (o público) de uma romaria. Em meio a velas e lampiões, o personagem discorre sobre a sobrevivência, a fé e a busca que mobilizam os penitentes tanto quanto qualquer ser humano.