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Performances dominam noite de abertura do evento
DA REPORTAGEM LOCAL
Em vez de discursos, performances. Coube aos artistas a
palavra, ou melhor, a ação, na
abertura para convidados da
27ª Bienal de São Paulo, anteontem à noite. Com o pavilhão cheio até as 23h, quando as
luzes começaram a ser apagadas, o tom político da mostra
também esteve presente nas
performances.
O artista Cildo Meireles, que
apesar de convidado acabou
não participando da mostra, esteve presente no espaço de Jarbas Lopes como citação.
Lopes, que realizou uma expedição de Manaus a Belém recolhendo diversos elementos,
exibiu-os no terceiro andar do
prédio, junto de textos nas paredes que narram impressões
do percurso, além de referências à mostra: "Aqui não me
serviram nem água", diz uma
delas, ou então "Edemar Cildo
Meireles", escrito logo abaixo
de um desenho das Torres Gêmeas de Nova York sendo atacadas pela palavra "rebelde".
Antes, a italiana Monica
Bonvicini realizou a sua performance, encenada por quatro
homens, que, com a cabeça, os
pés e o pênis, quebraram partes
de paredes, ficando imóveis por
algum tempo, em mais uma de
suas ácidas abordagens sobre o
machismo.
Com presença significativa
de estrangeiros, especialmente
diretores de museus e curadores, os comentários foram positivos. "Esta é a melhor Bienal
dos últimos tempos. Primeiro
pelo respeito aos artistas, ao terem um espaço generoso, e depois porque podemos vê-los em
mais de uma obra", disse Agustín Pérez Rubio, curador do
Museu de Arte Contemporânea de Castilla y León, na Espanha. "É a Bienal mais expositiva que já vi", afirmou João Fernandes, curador do Museu Serralves, em Portugal.
O grupo dinamarquês Superflex, que teve um de seus trabalhos vetados na Bienal, "Guaraná Power", também realizou
uma performance na abertura.
Uma pessoa vestiu um grande
olho, como se fosse uma semente de guaraná, enquanto
outra a perseguia com o símbolo ¸, de "copyright".
O artista cipriota Nikos Charalambidis levou ao pavilhão
um grupo de passistas de escola
de samba. A curadora da mostra, Lisette Lagnado, reprovou.
"Não gostei que uma imagem
tão estereotipada do Brasil fosse uma das primeiras cenas na
abertura da mostra", disse. Já a
ação de Marcelo Cidade, que
pretendia bloquear o uso de celulares nos andares da Bienal,
ao contrário do que havia sido
instruído, não deu certo.
(FCy)
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