São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2006

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Performances dominam noite de abertura do evento

DA REPORTAGEM LOCAL

Em vez de discursos, performances. Coube aos artistas a palavra, ou melhor, a ação, na abertura para convidados da 27ª Bienal de São Paulo, anteontem à noite. Com o pavilhão cheio até as 23h, quando as luzes começaram a ser apagadas, o tom político da mostra também esteve presente nas performances.
O artista Cildo Meireles, que apesar de convidado acabou não participando da mostra, esteve presente no espaço de Jarbas Lopes como citação.
Lopes, que realizou uma expedição de Manaus a Belém recolhendo diversos elementos, exibiu-os no terceiro andar do prédio, junto de textos nas paredes que narram impressões do percurso, além de referências à mostra: "Aqui não me serviram nem água", diz uma delas, ou então "Edemar Cildo Meireles", escrito logo abaixo de um desenho das Torres Gêmeas de Nova York sendo atacadas pela palavra "rebelde".
Antes, a italiana Monica Bonvicini realizou a sua performance, encenada por quatro homens, que, com a cabeça, os pés e o pênis, quebraram partes de paredes, ficando imóveis por algum tempo, em mais uma de suas ácidas abordagens sobre o machismo.
Com presença significativa de estrangeiros, especialmente diretores de museus e curadores, os comentários foram positivos. "Esta é a melhor Bienal dos últimos tempos. Primeiro pelo respeito aos artistas, ao terem um espaço generoso, e depois porque podemos vê-los em mais de uma obra", disse Agustín Pérez Rubio, curador do Museu de Arte Contemporânea de Castilla y León, na Espanha. "É a Bienal mais expositiva que já vi", afirmou João Fernandes, curador do Museu Serralves, em Portugal.
O grupo dinamarquês Superflex, que teve um de seus trabalhos vetados na Bienal, "Guaraná Power", também realizou uma performance na abertura. Uma pessoa vestiu um grande olho, como se fosse uma semente de guaraná, enquanto outra a perseguia com o símbolo ¸, de "copyright".
O artista cipriota Nikos Charalambidis levou ao pavilhão um grupo de passistas de escola de samba. A curadora da mostra, Lisette Lagnado, reprovou. "Não gostei que uma imagem tão estereotipada do Brasil fosse uma das primeiras cenas na abertura da mostra", disse. Já a ação de Marcelo Cidade, que pretendia bloquear o uso de celulares nos andares da Bienal, ao contrário do que havia sido instruído, não deu certo. (FCy)


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