São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2010

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Dinheiro público brasileiro atrai Frankfurt

Programa do Livro Didático chama a atenção de estrangeiros em feira alemã, mas falta de profissionalização é entrave

Encontro concorrido fez apologia da abertura do país, mas falhou ao não fornecer dados práticos sobre parcerias

MARCOS FLAMÍNIO PERES
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

Deve ter sido efeito dos artigos e reportagens publicados na mídia internacional ao longo da semana passada, louvando as proezas econômicas do Brasil.
Mas o fato é que o evento sobre investimento no mercado editorial do país, que aconteceu ontem na Feira de Livros de Frankfurt, estava concorrido.
As cerca de 60 pessoas -entre norte-americanos, alemães, neozelandeses e franceses que ocupavam o auditório, fora os brasileiros- sabiam aquilo que procuravam: o dinheiro público.
Mais precisamente, o Programa Nacional do Livro Didático, que segundo Ceciliany Alves, da editora FTD e uma das palestrantes, representa o "maior do mundo" no gênero.
E os números dão razão aos estrangeiros: segundo relatório da Câmara Brasileira do Livro, os títulos didáticos representaram 51% de tudo o que foi publicado no mercado editorial brasileiro no ano passado.
Entre 2008 e 2009, o segmento teve um crescimento de 9% em títulos publicados. Já em número de exemplares, o salto foi ainda maior: de 15%.
Mas é um mercado ainda fechado: 82% do total de obras adquiridas pelo programa se concentram nas mãos de cinco grupos, afirma Alves.
O ensino do espanhol como segunda língua, um dos desdobramentos desse segmento, também despertou o interesse da plateia -assim como o mercado de e-books nas universidades privadas do país.
Também falaram Ana Paula Hisayama, da Companhia das Letras, Miriam Gabbai, da editora Callis, e Ricardo Costa, do site PublishNews, que destacou outro tema de interesse da plateia: o mercado de livros didáticos.

PROFISSIONALIZAÇÃO
Mas a impressão que ficou é a de que o Brasil ainda não sabe vender seu mercado potencial.
Entre a apologia da nação multicultural e aberta a oportunidades, faltou fornecer dados objetivos -em um encontro que ocorreu simplesmente no maior balcão de negócios do setor.
Por exemplo: com quem um editor estrangeiro deve falar para encontrar um parceiro nacional? Qual o caminho jurídico e burocrático que deve ser percorrido? Qual o valor do investimento necessário? Qual o retorno possível e em quanto tempo pode ocorrer?
Era uma dúvida que, por exemplo, intrigava Sidonie Bancquart-Warrem, dona da Sea of Stories, casa de San Francisco (EUA) especializada em livros infantis.
Entusiasmada com o potencial do país, ela manifestou à reportagem a dúvida mais básica: "Há eventos para expor meus livros no Brasil [similares à Feira de Frankfurt]?".
Próximo de se tornar o país "convidado de honra" da Feira de Frankfurt, em 2013, o Brasil deixa a impressão de que precisa profissionalizar o quanto antes seu ainda incipiente mercado editorial.


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