|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Dinheiro público brasileiro atrai Frankfurt
Programa do Livro Didático chama a atenção de estrangeiros em feira alemã, mas falta de profissionalização é entrave
Encontro concorrido
fez apologia da abertura do país, mas falhou ao não fornecer dados práticos sobre parcerias
MARCOS FLAMÍNIO PERES
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
Deve ter sido efeito dos artigos e reportagens publicados na mídia internacional
ao longo da semana passada,
louvando as proezas econômicas do Brasil.
Mas o fato é que o evento
sobre investimento no mercado editorial do país, que
aconteceu ontem na Feira de
Livros de Frankfurt, estava
concorrido.
As cerca de 60 pessoas
-entre norte-americanos,
alemães, neozelandeses e
franceses que ocupavam o
auditório, fora os brasileiros- sabiam aquilo que procuravam: o dinheiro público.
Mais precisamente, o Programa Nacional do Livro Didático, que segundo Ceciliany Alves, da editora FTD e
uma das palestrantes, representa o "maior do mundo"
no gênero.
E os números dão razão
aos estrangeiros: segundo relatório da Câmara Brasileira
do Livro, os títulos didáticos
representaram 51% de tudo o
que foi publicado no mercado editorial brasileiro no ano
passado.
Entre 2008 e 2009, o segmento teve um crescimento
de 9% em títulos publicados.
Já em número de exemplares, o salto foi ainda maior:
de 15%.
Mas é um mercado ainda
fechado: 82% do total de
obras adquiridas pelo programa se concentram nas
mãos de cinco grupos, afirma
Alves.
O ensino do espanhol como segunda língua, um dos
desdobramentos desse segmento, também despertou o
interesse da plateia -assim
como o mercado de e-books
nas universidades privadas
do país.
Também falaram Ana Paula Hisayama, da Companhia
das Letras, Miriam Gabbai,
da editora Callis, e Ricardo
Costa, do site PublishNews,
que destacou outro tema de
interesse da plateia: o mercado de livros didáticos.
PROFISSIONALIZAÇÃO
Mas a impressão que ficou
é a de que o Brasil ainda não
sabe vender seu mercado potencial.
Entre a apologia da nação
multicultural e aberta a oportunidades, faltou fornecer
dados objetivos -em um encontro que ocorreu simplesmente no maior balcão de negócios do setor.
Por exemplo: com quem
um editor estrangeiro deve
falar para encontrar um parceiro nacional? Qual o caminho jurídico e burocrático
que deve ser percorrido?
Qual o valor do investimento
necessário? Qual o retorno
possível e em quanto tempo
pode ocorrer?
Era uma dúvida que, por
exemplo, intrigava Sidonie
Bancquart-Warrem, dona da
Sea of Stories, casa de San
Francisco (EUA) especializada em livros infantis.
Entusiasmada com o potencial do país, ela manifestou à reportagem a dúvida
mais básica: "Há eventos para expor meus livros no Brasil
[similares à Feira de Frankfurt]?".
Próximo de se tornar o país
"convidado de honra" da
Feira de Frankfurt, em 2013,
o Brasil deixa a impressão de
que precisa profissionalizar o
quanto antes seu ainda incipiente mercado editorial.
Texto Anterior: Contardo Calligaris: "Eu Matei Minha Mãe" Próximo Texto: Frankfurtianas Índice | Comunicar Erros
|