São Paulo, quarta, 7 de outubro de 1998

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TELEVISÃO
Nova "Pecado Capital' é superprodução pobre

FRANCISCO MARTINS DA COSTA
Editor do TV Folha

Dentro de sua política de só apostar no certo, a Rede Globo estreou anteontem o remake de "Pecado Capital" na faixa das 18h.
Para minimizar as chances de um fiasco, a emissora escolheu uma das tramas de maior êxito de Janete Clair, convocou a dupla de atores que ajudou a alavancar o sucesso de "Por Amor" (Du Moscovis e Carolina Ferraz) para fazer o casal central e pôs a banda que mais vende discos no país (Só Pra Contrariar) para interpretar o tema de abertura.
A fórmula aparentemente agradou, com uma audiência significativa na estréia. Segundo o Ibope, a novela registrou 38 pontos de média e 44 pontos de pico (cada ponto equivale a cerca de 80 mil telespectadores na Grande SP). Sua antecessora, "Era uma Vez", alcançou 33 pontos de média e pico de 39 na estréia, em abril.
Mas deu pra perceber que, a esse remake, só resta mesmo uma saída: fugir do original.
As inevitáveis comparações com a novela de Janete Clair, exibida em 1975-76, deixam a atual em desvantagem.
Du Moscovis não tem o carisma de Francisco Cuoco no papel de Carlão. Francisco Cuoco como Salviano dá saudades de Lima Duarte. Carolina Ferraz, linda, não convence como suburbana, papel no qual Betty Faria atuava mais à vontade.
A superprodução mostra que "dinheiro na mão é vendaval". Os alegados R$ 90 mil gastos por capítulo não apareceram. A explosão da lancha dirigida por Miguel, o ladrão interpretado por Marco Ricca, mais parecia uma cena de filme "B".
A perseguição em motocicletas foi um misto de "Loucademia de Polícia" e "Dirty Harry". A diferença é que, para economizar, a produção evitou as batidas espetaculares. Só mostrou um festival de freadas que, em vez de empolgar, provocavam bocejos.
Eri Johnson mostrou que só sabe fazer o papel de Eri Johnson, assim como seu colega Romário. Seu personagem, o Tenorinho, parece um fugitivo de "Malhação" que conseguiu uma ponta na novela das seis.

"Malhação"
Outra estréia da Globo anteontem foi a nova fase de "Malhação". Com cenas ao vivo, a produção corre o risco de, muito em breve, mudar de nome para "Falhação".
O som fica por vezes ininteligível, o texto continua fraco e o elenco de jovens atores protagonizou momentos constrangedores. A novelinha, nos moldes do "Caça Talentos", de Angélica, continua lembrando uma apresentação de fim de ano de uma escolinha de artes.



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