São Paulo, terça-feira, 07 de novembro de 2000

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PSICANÁLISE
Encontro que começa hoje é o penúltimo de série que acompanha mostras sobre Freud no museu paulista
Simpósio no Masp discute auto-estima do brasileiro

France Presse
Visitante olha montagem presente na mostra "Freud: Conflito e Cultura", no Masp até desembro



CYNARA MENEZES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Qual a verdadeira relação entre psiquiatria e psicanálise? Não é tão grande quanto parece, e um simpósio que começa hoje em São Paulo, embora reúna profissionais de ambos os lados, foge da tendência à polêmica entre as duas profissões para se concentrar em temas como a auto-estima do brasileiro e a história da psicanálise no Brasil.
O simpósio "Psiquiatria e Psicanálise" é o penúltimo da série de encontros que vêm acontecendo no Masp (Museu de Arte de São Paulo) desde o mês passado, como suporte científico às mostras sobre Freud abertas ao público do museu até dezembro.
"A visão psiquiátrica se baseia em critérios médicos", diz o psiquiatra e psicanalista Plínio Montagna, coordenador-geral do simpósio, que faz a conferência de abertura, hoje à noite.
Segundo Montagna, a tendência atual da psiquiatria "é mais biologizante", mais relacionada ao tratamento com remédios em lugar da terapia, apesar de muitos psiquiatras levarem em conta o lado psicológico. "Às vezes o psiquiatra não tem nenhuma informação psicanalítica mais próxima. Outras, sim", diz.
De qualquer maneira, as diferentes visões que psiquiatria e psicanálise têm do tratamento dos distúrbios mentais não serão o eixo central do simpósio.
"A ligação proposta é apenas um mote, um deflagrador, um pretexto para a discussão de questões e temas muito mais amplos e centrais ao mundo de hoje", explica Plínio Montagna.

Temas do simpósio
Os temas propostos incluem títulos com apelo popular, como "Identidade e Auto-Estima do Brasileiro" ou "Ciências Psicológicas e Experiência Religiosa".
A mesa-redonda "Psicanálise em São Paulo: 80 Anos de Caminhada", vai lembrar os pioneiros da psicanálise no Brasil, como Franco da Rocha, Durval Marcondes e Osório César, comparado pela psicanalista Jassanan Pastore, uma das organizadoras do simpósio, a Nise da Silveira, idealizadora do Museu do Inconsciente, no Rio.
"Ele é uma Nise esquecida em São Paulo", defende a psicanalista. "Osório César foi um psiquiatra e crítico de arte, ex-marido de Tarsila do Amaral, que iniciou com os internos a Escola Livre de Artes Plásticas, responsável por cerca de 5.000 obras, parte delas exposta agora no Masp."
Entre os participantes estão nomes como o do psicanalista e colunista da Folha Contardo Calligaris, que será um dos relatores da mesa-redonda "Psicopatologia e Subjetivação Contemporâneas", e o economista e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, da Administração (ambos no governo FHC) e da Fazenda (governo Sarney) Luiz Carlos Bresser Pereira, na mesa sobre auto-estima.
As inscrições, cujos preços variam de R$ 20 (para participar de uma das mesas) a R$ 90 (todo o simpósio) podem ser feitas na portaria do Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 0/xx/11/251-5644, Cerqueira César, SP) ou pelos telefones 0/xx/11/3714-0506 e 0/xx/11/ 3768-0662.


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