São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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TEATRO

"Pranto de Maria Parda", que estréia hoje no Sérgio Cardoso, conta a história de uma andarilha bêbada

Satyros encenam Gil Vicente obscuro

PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO

Um dos raros autores teatrais estudados nos primeiros bancos escolares -ao lado, talvez, somente, de Martins Pena-, Gil Vicente (1465-1537) sobe hoje ao palco em montagem de texto seu sem notícia de encenação no país.
"Pranto de Maria Parda", levada pela companhia Os Satyros, é obra menos conhecida do dramaturgo português, habitué de vestibulares pelo curto e divertido "Auto da Barca do Inferno".
"Quando um grupo procura textos para fazer, nunca passa por sua cabeça encenar Gil Vicente. Isso é uma atividade de cursinho, diz-se, erradamente", conta o diretor Rodolfo García Vázquez, 40.
A companhia faz uma adaptação do monólogo original, introduzindo uma espécie de intervenção metalinguística. No palco, uma trupe medieval monta em troca de comida (batatas) a peça "Pranto de Maria Parda", sobre as desventuras de uma velha andarilha bêbada que se queixa da carestia, ocasionada por uma grande seca que a priva do vinho.
Em peregrinação pelas tavernas, a mendiga não consegue comprar a bebida. Desespera-se e declama seu testemunho a quem quiser ouvi-la. Soraya Aguillera faz a personagem.
Péricles Cavalcanti musicou trechos da obra vicentina, utilizando ritmos tais quais o xaxado, o xote, o samba e o vira. A trilha sonora, cantada, é interpretada com adufe (tipo de pandeiro) e violão, entre outros instrumentos. Como cenografia, apresenta-se uma carroça de companhia itinerante, coadjuvada por esculturas de Cristo e do deus do vinho, Dionísio.
O grupo Os Satyros, fundado em São Paulo em 89, teve sede em Portugal de 92 a 99. Lá, Ivam Cabral, um dos integrantes, assistiu à montagem do texto com a atriz Maria do Céu Guerra, que lhe inspirou a indicação a Vázquez.


PRANTO DE MARIA PARDA. Texto: Gil Vicente. Adaptação: Ivam Cabral. Direção: Rodolfo García Vázquez. Com: cia. Os Satyros. Onde: Sérgio Cardoso -°sala Marcenaria (r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, SP, tel. 0/xx/11/288-0136). Quando: de qui. a sáb., às 21h, e dom., às 19h; até 26/1. 60 min. Quanto: R$ 10.



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