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TEATRO
"Pranto de Maria Parda", que estréia hoje no Sérgio Cardoso, conta a história de uma andarilha bêbada
Satyros encenam Gil Vicente obscuro
PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO
Um dos raros autores teatrais
estudados nos primeiros bancos
escolares -ao lado, talvez, somente, de Martins Pena-, Gil Vicente (1465-1537) sobe hoje ao
palco em montagem de texto seu
sem notícia de encenação no país.
"Pranto de Maria Parda", levada pela companhia Os Satyros, é
obra menos conhecida do dramaturgo português, habitué de vestibulares pelo curto e divertido
"Auto da Barca do Inferno".
"Quando um grupo procura
textos para fazer, nunca passa por
sua cabeça encenar Gil Vicente.
Isso é uma atividade de cursinho,
diz-se, erradamente", conta o diretor Rodolfo García Vázquez, 40.
A companhia faz uma adaptação do monólogo original, introduzindo uma espécie de intervenção metalinguística. No palco,
uma trupe medieval monta em
troca de comida (batatas) a peça
"Pranto de Maria Parda", sobre as
desventuras de uma velha andarilha bêbada que se queixa da carestia, ocasionada por uma grande
seca que a priva do vinho.
Em peregrinação pelas tavernas, a mendiga não consegue
comprar a bebida. Desespera-se e
declama seu testemunho a quem
quiser ouvi-la. Soraya Aguillera
faz a personagem.
Péricles Cavalcanti musicou trechos da obra vicentina, utilizando
ritmos tais quais o xaxado, o xote,
o samba e o vira. A trilha sonora,
cantada, é interpretada com adufe
(tipo de pandeiro) e violão, entre
outros instrumentos. Como cenografia, apresenta-se uma carroça de companhia itinerante, coadjuvada por esculturas de Cristo e
do deus do vinho, Dionísio.
O grupo Os Satyros, fundado
em São Paulo em 89, teve sede em
Portugal de 92 a 99. Lá, Ivam Cabral, um dos integrantes, assistiu
à montagem do texto com a atriz
Maria do Céu Guerra, que lhe inspirou a indicação a Vázquez.
PRANTO DE MARIA PARDA. Texto: Gil
Vicente. Adaptação: Ivam Cabral.
Direção: Rodolfo García Vázquez. Com:
cia. Os Satyros. Onde: Sérgio Cardoso
-°sala Marcenaria (r. Rui Barbosa, 153,
Bela Vista, SP, tel. 0/xx/11/288-0136).
Quando: de qui. a sáb., às 21h, e dom., às
19h; até 26/1. 60 min. Quanto: R$ 10.
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