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Museus correm para expor Oiticica
SP ganha mostra com "Metaesquemas" e relevos que é aberta hoje; Inhotim terá pavilhão exclusivo para artista carioca
"Cosmococas" serão exibidas em três instituições dos EUA; após incêndio, custos de exposição paulistana dobram
MARIO GIOIA
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do incêndio de 30%
do acervo de Hélio Oiticica que
estava na casa do irmão, César
Oiticica, no Rio, museus e instituições aceleram mostras e espaços dedicados ao artista carioca, no Brasil e no exterior.
Em São Paulo, hoje, o IAC
(Instituto de Arte Contemporânea) inaugura a exposição
"Da Estrutura ao Tempo", que
exibe 18 trabalhos de Oiticica
(1937-1980) do início de carreira, de 1956 ao começo da década seguinte.
Após o incêndio ocorrido no
último dia 16, a mostra ganhou
mais interesse e teve os custos
duplicados. "A segurança, que
já era maior que o normal, foi
reforçada. O seguro também
aumentou", conta Roberto
Bertani, diretor do IAC.
As obras emprestadas por
cinco colecionadores de São
Paulo e do Rio também estão
com o valor dobrado. Em média, cada um dos 14 "Metaesquemas" presentes no IAC vale
US$ 300 mil (cerca de R$ 516
mil). Cada um dos quatro relevos que completam "Da Estrutura..." é avaliado em US$ 700
mil (R$ 1,2 milhão).
O curador da exposição, Cauê
Alves, fez o recorte no começo
da carreira de Oiticica por avaliar que as leituras sobre essa
fase se repetem.
"É um período muito importante na trajetória do Hélio e
que tem sido visto como antecipador da obra mais sensorial
dele, quando ele abandona o
plano, quase como se a trajetória dele tivesse uma evolução linear", afirma Alves.
"Mas ele poderia ter trilhado
outros caminhos. A rigor, os
"Metaesquemas" se aproximam
muito da produção de outros
construtivos, como Barsotti e
Amilcar de Castro."
Pavilhão exclusivo
Na esteira de mostras de Oiticica pós-incêndio, o Instituto
Inhotim pretende inaugurar no
ano que vem um pavilhão para
abrigar cinco das nove "Cosmococas" produzidas pelo artista,
com o cineasta Neville d'Almeida, nos anos 70.
Só uma das instalações, "CC5
Hendrix War", está montada
hoje no museu de Brumadinho,
na Grande BH. Com a construção do novo pavilhão, as outras
quatro obras da série, que já integravam o acervo do Inhotim,
poderão ser vistas juntas pela
primeira vez desde 2005, quando foram expostas no Rio e em
Buenos Aires.
"Esse projeto já existia antes
do incêndio, mas agora se torna
mais urgente", afirma Rodrigo
Moura, um dos curadores do
centro mineiro. "Toda a situação de como mostrar a obra do
Hélio mudou muito."
No trabalho já montado, Oiticica faz uma homenagem ao
músico Jimi Hendrix. As demais obras da série são instalações com projeções de slides,
espécie de fusão entre artes
plásticas e cinema, dedicadas a
outras figuras centrais na história da arte, como Luis Buñuel, Yoko Ono e John Cage.
"Nossa filosofia era homenagear pessoas de grande transgressão", lembra Neville d'Almeida, que fez a série com Oiticica entre março e agosto de
1973, no apartamento onde o
artista vivia em Nova York.
"Hendrix, por exemplo, fez
uma transgressão tão violenta,
tão absoluta que o vice-presidente na época disse que ele era
um veneno para a juventude
americana."
Esse veneno aparece no
branco da cocaína usada nas fotografias da série. Contornos
dos rostos de Hendrix e Monroe, por exemplo, são traçados por cima dos retratos com
carreiras da droga.
As "Cosmococas" formam
parte expressiva da filosofia de
Oiticica e seu chamado programa ambiental. "É uma obra
matricial de como artistas vão
pensar o papel do espectador
dentro da imagem em movimento", diz Moura.
Três obras da série serão exibidas no exterior. Uma delas, a
que homenageia Buñuel, pode
ser vista agora no museu Yerba
Buena, em San Francisco. Em
fevereiro de 2010, viaja para o
Hunter College, em Nova York,
e segue em setembro de 2010
para o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles.
Colaborou AUDREY FURLANETO, da
Sucursal do Rio
DA ESTRUTURA AO TEMPO
Quando: abertura hoje, às 11h (convidados); de ter. a sáb., das 10h às 18h, e
dom., das 12h às 17h; até 28/2
Onde: IAC (r. Maria Antonia, 242, tel.
0/xx/11/3255-2009); livre
Quanto: entrada franca
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