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"Passione" leva divã de psiquiatra para centro da história
Associação questiona terapia realizada em novela global pelo médico Flávio Gikovate
VITOR MORENO
DE SÃO PAULO
Você chega para a terapia,
deita no divã e dá de cara
com um personagem da novela das oito. Não, você não
está ficando louco. Você está
no consultório do doutor Flávio Gikovate.
O psiquiatra e psicoterapeuta está no centro de uma
das tramas que mais aguçam
a curiosidade do público de
"Passione" (Globo): afinal,
qual é o segredo de Gerson?
Vivido por Marcello Antony, o personagem procurou ajuda para se livrar de
um problema que ainda não
foi revelado ao público.
Para chegar ao mistério
-que ele jura ainda desconhecer-, o médico consulta
o atormentado personagem.
"É uma espécie de amostra
grátis de terapia", brinca ele
em entrevista à Folha.
O convite para a novela
partiu de Silvio de Abreu.
"Além de imprimir grande
verdade nas cenas, ainda
traz um olhar diferente que
não acredito que um ator pudesse trazer", elogia o autor e
amigo de longa data.
Gikovate também ajuda a
produzir as próprias falas e
orienta Silvio quanto ao perfil psicológico de Gerson.
Segundo ele, que já participou de outros programas
na TV, seus pacientes da vida
real estão acostumados com
suas investidas na mídia.
"Alguns comentam, mas as
pessoas que vêm aqui estão
interessadas na história delas, não na minha", diz.
PROMOÇÃO
Gikovate afirma que o número de pacientes em sua clínica cresceu com a novela.
"Tenho 44 anos de carreira, sou um médico estabelecido, tenho uma obra teórica
sofisticada e sempre fiz trabalho de divulgação", diz.
Além disso, aos 67 anos,
afirma estar se encaminhando para a aposentadoria.
Mesmo assim, a Associação Brasileira de Psiquiatria
diz que ele pode estar infringindo o Código de Ética Médica, que proíbe "consultar,
diagnosticar ou prescrever
por qualquer meio de comunicação de massa".
A entidade se reúne neste
mês para decidir se leva o caso ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado
São Paulo), o que, em última
instância, pode levar o médico a ter a licença suspensa.
Consultados, o Cremesp e
o CFM (Conselho Federal de
Medicina) disseram não ter
recebido queixas contra a
participação do médico e não
poderem se manifestar antes
de o assunto ser analisado.
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