São Paulo, sábado, 7 de novembro de 1998

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MoMA abriga os Campana

da Folha Campinas

Os irmãos Fernando e Humberto Campana vão expor 14 peças de criação própria no MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) de 27 de novembro até 19 de janeiro de 99. É a primeira vez que designers brasileiros montam uma exposição no museu. As peças serão expostas no térreo do MoMA.
O artista alemão Ingo Maurer, especialista em iluminação de ambientes, participa da exposição junto dos irmãos Campana.
A mostra integra um projeto do museu dedicado a designers contemporâneos, o "Projects 66".
No dia 24, Fernando, Humberto, Ingo Maurer e a curadora de design do MoMA, Paola Antonelli, apresentam o projeto e a exposição à imprensa norte-americana.
Entre as peças da mostra estão cadeiras, poltronas, biombos, mesas e bancos. As 14 obras que vão ao MoMA representam a produção dos irmãos entre 1992 e 98.
Segundo Fernando, suas obras são confeccionadas com materiais como papelão, plásticos e metais. "A gente recoloca o material em um ambiente em que ele não é habitualmente utilizado. Não existe uma definição. É um trabalho de forma, ergonomia, pesquisa de materiais, sem uma tendência."
Os móveis dos designers têm materiais próprios à produção industrial. "Não reinventamos nada. As peças já existem, só damos um novo olhar", diz Fernando.
O acervo da exposição terá dois biombos, um deles em papelão com aço, uma estante de metal, uma mesa inflável, dois bancos e oito cadeiras ou poltronas.
Algumas das cadeiras e poltronas são feitas com cordas de algodão coloridas, plásticos e tubos.
Os designers têm dois projetos, um de cadeiras e outro de luminárias, utilizados em escala de produção industrial em uma fábrica da Itália, a Edra/Mazzei.
A luminária "Estela", feita com uma tela de borracha esponjosa, também fabricada na Itália, é vendida no Brasil como produto importado por lojas especializadas em decoração de São Paulo.
As peças dos designers valem entre R$ 28 e R$ 3.800, segundo Fernando. "Existem também as invendáveis, de valor único para nós." A mais cara é a estante labirinto, que vai à exposição.
Os irmãos comercializam suas peças em São Paulo, Belo Horizonte, no Rio e em Salvador.
"Nosso objetivo é vender para todo o mundo, e expor no MoMA talvez abra esse precedente. É um processo contínuo: colocar um dado novo brasileiro representado no exterior", disse Fernando.
Os designers têm trabalhos publicados em vários livros, catálogos e revistas nacionais e internacionais. Os dois têm um ateliê em Santa Cecília, em São Paulo, e estão na cidade há 15 anos.
Fernando é formado em arquitetura e Humberto, em direito. Eles moraram em Brotas (a 247 km de São Paulo), onde ainda vive a família. São professores de design industrial na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).
Já participaram de exposições no Museu da Escultura, no Museu da Casa Brasileira, no Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Itália, na Alemanha, em San Francisco (EUA), em Miami (EUA), e em uma galeria de Nova York.
(MARCELO BARTOLOMEI)


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