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ARTES PLÁSTICAS
Somente fotografias e instalações são premiadas
8º Salão da Bahia consolida novos nomes
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
Com inauguração hoje, em Salvador, a oitava edição do Salão da
Bahia firma o evento como importante vitrine no país de consolidação de jovens artistas. Note
bem, não se diz aqui lançamento e
sim -importante frisar- consolidação.
Isso porque, entre os 30 selecionados, a maioria já transita por
exposições no Brasil, alguns até
indicados para a 25ª Bienal de São
Paulo, caso da pintora Vânia Mignone, de Campinas. "Isso é um
parâmetro para verificar o prestígio que o salão vem alcançando",
afirma Heitor Reis, diretor do
Museu de Arte Moderna da Bahia, que organiza o evento.
Os salões de arte têm origem no
século 19, na França, e foram fundamentais para a formação de um
circuito de artes plásticas e o lançamento de artistas modernistas.
No século 20, esse modelo foi
substituído pelas bienais e trienais, que, pelo poder onipresente
do curador, passaram a ser o parâmetro da arte contemporânea.
Mesmo assim, em oito anos de
existência, o Salão da Bahia firmou-se como boa mostra da nova
produção brasileira, caso citado
por Fernando Cocchiarale, diretor do MAM carioca, que a partir
do próximo ano, organiza um salão nos mesmos moldes.
Em 2001, a premiação privilegiou duas linguagens: fotografia e
instalação. Os seis artistas vencedores serão divulgados oficialmente hoje à noite (veja quadro
ao lado). O prêmio é de R$ 15 mil
para cada um dos premiados.
Apesar da ótima representação
de pintura, mesmo que com apenas três selecionados, caso da
própria Mignone, ou ainda de Fábio Faria e Gilberto Vançan, todos
coincidentemente paulistas, é fato
que a linguagem contaminou a
fotografia e deu a ela novos alentos. Tanto que dos 30 trabalhos
selecionados, dez são fotografias.
Um dos melhores exemplos é o
artista baiano Caetano Dias, premiado no salão do ano passado e
que, desta vez, comparece com
um tríptico de imagens manipuladas da internet, que são referências diretas a Goya e Rembrant.
Outra característica do salão é a
minimalização das obras. Mesmo
as esculturas e instalações são tímidas na ocupação dos espaços, o
que dá a impressão que 30 selecionados é pouco. "Para o próximo ano podemos ampliar o número, se o júri assim desejar",
afirma Reis.
Mas, tal questão não retira, obviamente, a qualidade dos trabalhos. Uma das premiadas, Mara
Martins, causa forte impacto, por
exemplo, com uma delicada série
de livros de cerâmica com desenhos de um casal com um inusitado diálogo.
No conjunto, a produção dos 30
artistas aponta para uma arte que
foge da espetacularização, por
meio da pesquisa com materiais,
da história da arte e do cotidiano
dos próprios artistas.
Felizmente, a mostra escapa das
recentes tentativas de outras
grandes exposições, que têm a
"profundidade de um pires e a
densidade de uma baba", como
escreve Ivo Mesquita, no catálogo
do salão.
O jornalista Fabio Cypriano
viajou a convite do MAM/BA
8º SALÃO DA BAHIA - mostra com os
trabalhos dos 30 artistas selecionados
para a oitava edição do evento. Onde:
Museu de Arte Moderna da Bahia (av.
Contorno, s/nº, Salvador, tel. 0/xx/71/
329-0660). Quando: abertura hoje, às
21h; de ter. a sex., das 13h às 21h; sáb., a
partir das 15h; dom., das 14h às 19h. Até
24/2. Quanto: entrada franca.
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