São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2001

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ARTES PLÁSTICAS

Somente fotografias e instalações são premiadas

8º Salão da Bahia consolida novos nomes

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Com inauguração hoje, em Salvador, a oitava edição do Salão da Bahia firma o evento como importante vitrine no país de consolidação de jovens artistas. Note bem, não se diz aqui lançamento e sim -importante frisar- consolidação.
Isso porque, entre os 30 selecionados, a maioria já transita por exposições no Brasil, alguns até indicados para a 25ª Bienal de São Paulo, caso da pintora Vânia Mignone, de Campinas. "Isso é um parâmetro para verificar o prestígio que o salão vem alcançando", afirma Heitor Reis, diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia, que organiza o evento.
Os salões de arte têm origem no século 19, na França, e foram fundamentais para a formação de um circuito de artes plásticas e o lançamento de artistas modernistas. No século 20, esse modelo foi substituído pelas bienais e trienais, que, pelo poder onipresente do curador, passaram a ser o parâmetro da arte contemporânea. Mesmo assim, em oito anos de existência, o Salão da Bahia firmou-se como boa mostra da nova produção brasileira, caso citado por Fernando Cocchiarale, diretor do MAM carioca, que a partir do próximo ano, organiza um salão nos mesmos moldes.
Em 2001, a premiação privilegiou duas linguagens: fotografia e instalação. Os seis artistas vencedores serão divulgados oficialmente hoje à noite (veja quadro ao lado). O prêmio é de R$ 15 mil para cada um dos premiados.
Apesar da ótima representação de pintura, mesmo que com apenas três selecionados, caso da própria Mignone, ou ainda de Fábio Faria e Gilberto Vançan, todos coincidentemente paulistas, é fato que a linguagem contaminou a fotografia e deu a ela novos alentos. Tanto que dos 30 trabalhos selecionados, dez são fotografias.
Um dos melhores exemplos é o artista baiano Caetano Dias, premiado no salão do ano passado e que, desta vez, comparece com um tríptico de imagens manipuladas da internet, que são referências diretas a Goya e Rembrant.
Outra característica do salão é a minimalização das obras. Mesmo as esculturas e instalações são tímidas na ocupação dos espaços, o que dá a impressão que 30 selecionados é pouco. "Para o próximo ano podemos ampliar o número, se o júri assim desejar", afirma Reis.
Mas, tal questão não retira, obviamente, a qualidade dos trabalhos. Uma das premiadas, Mara Martins, causa forte impacto, por exemplo, com uma delicada série de livros de cerâmica com desenhos de um casal com um inusitado diálogo.
No conjunto, a produção dos 30 artistas aponta para uma arte que foge da espetacularização, por meio da pesquisa com materiais, da história da arte e do cotidiano dos próprios artistas.
Felizmente, a mostra escapa das recentes tentativas de outras grandes exposições, que têm a "profundidade de um pires e a densidade de uma baba", como escreve Ivo Mesquita, no catálogo do salão.


O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite do MAM/BA


8º SALÃO DA BAHIA - mostra com os trabalhos dos 30 artistas selecionados para a oitava edição do evento. Onde: Museu de Arte Moderna da Bahia (av. Contorno, s/nº, Salvador, tel. 0/xx/71/ 329-0660). Quando: abertura hoje, às 21h; de ter. a sex., das 13h às 21h; sáb., a partir das 15h; dom., das 14h às 19h. Até 24/2. Quanto: entrada franca.


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