|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VISUAIS
"Preto no Branco" reúne experiências do artista na imprensa, como no "Jornal de Resenhas", da Folha, e no "Jornal do Brasil"
Revolução gráfica de Amilcar ganha livro
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ano Amilcar de Castro tem
um dos seus capítulos finais hoje,
com o lançamento do livro "Preto
no Branco - A Arte Gráfica de
Amilcar de Castro", na Casa das
Rosas, em São Paulo, às 19h.
Principal homenageado da 5ª
Bienal do Mercosul, um dos principais nomes do Ano do Brasil na
França e foco de exposição na galeria Millan Antonio, em São Paulo, Amilcar (1920-2002) realizou
uma importante obra gráfica,
com destaque para a reforma que
assinou, em 1957, nas páginas do
"Jornal do Brasil".
"Ele tem um papel fundamental
na história gráfica brasileira, com
importância equivalente a da sua
escultura dentro das artes plásticas brasileiras", afirma Yanet
Aguilera, que fez a organização e
seleção de "Preto no Branco".
Antes de Amilcar repaginar o
visual do diário carioca, os jornais
tinham suas primeiras páginas
quase que inteiramente dominadas por textos. O artista utilizou a
fotografia e espaços em branco
para renovar de forma irreversível o aspecto gráfico da imprensa
brasileira. "Amilcar produziu a
mais significativa experiência gráfica na imprensa nacional com a
reforma no JB", afirma o filósofo e
professor de estética da USP,
Franklin de Mattos.
Mattos foi quem convidou o artista mineiro para outro projeto-chave nas artes gráficas nacionais,
o "Jornal de Resenhas", que começou a ser publicado em 1999
como resultado de uma parceria
entre a Folha, a Discurso, a USP, a
UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais) e a Unesp (Universidade Estadual Paulista).
"Ele era meio durão, nunca ficava completamente satisfeito, mas
sempre foi tranqüilo trabalhar
com ele", conta Mattos, um dos
editores do "Jornal de Resenhas",
que deixou de circular em 2004.
Para ele, "Preto no Branco" tem o
mérito de reunir as experiências
gráficas de Amilcar em diferentes
periódicos brasileiros. "O livro
cobre uma lacuna. Não havia um
estudo de fôlego sobre a produção
gráfica completa do artista."
O projeto gráfico do livro, assinado por Eliane Stephan e Ana
Starling, leva em conta as características da obra do artista. "É uma
releitura do sofisticadíssimo estilo
de Amilcar, que constrói o design
das páginas equilibrando o branco, as letras e as fotos ou ilustrações", diz Aguilera. Logo no primeiro capítulo, "Pulsões do Construtivismo", a primeira parte do
texto é exibida com só uma coluna vertical, cercada de branco.
O poeta e crítico de arte Ferreira
Gullar, um dos principais teóricos
do neoconcretismo e colunista da
Folha, lembra que as mudanças
não agradaram a todos. Na revista
"Manchete", nos anos 50, seu proprietário, Adolfo Bloch, fez ressalvas ao trabalho de Amilcar, de Janio de Freitas [agora colunista da
Folha] e de Gullar. "Quando nós
fizemos a paginação da matéria
sobre o Manuel Bandeira em que
dois terços da página eram em
branco, ele [Bloch] ficou furioso
dizendo que nós estávamos estragando papel (...)", conta Gullar
em depoimento no livro.
Preto no Branco - A Arte Gráfica de Amilcar de Castro
Organização: Yanet Aguilera
Editora: Discurso/UFMG
Quanto: R$ 90 (R$ 72 no lançamento,
hoje, às 19h, na Casa das Rosas - av.
Paulista, 37, SP, tel. 0/xx/11/3285-6986)
Texto Anterior: Audiovisual: Congresso de Cinema discute futuro dos filmes Próximo Texto: Música/"First Impressions of Earth": Strokes faz álbum mais elaborado Índice
|