São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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Cinema/estréias

Filme nacional é lançado em cinema, TV, DVD e internet

"3 Efes", de Carlos Gerbase, tem estréia simultânea hoje nessas quatro mídias; longa gaúcho de baixo orçamento trata dos "grandes apetites da humanidade"

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

O cinema de guerrilha no Brasil ganha hoje novo capítulo com o lançamento simultâneo da produção gaúcha "3 Efes" no cinema, na TV aberta e na paga, na internet e em DVD. Rodado em 20 dias com um orçamento inicial de R$ 30 mil, finalizado e distribuído nessas quatro mídias por outros R$ 70 mil, o longa-metragem de Carlos Gerbase ("Sal de Prata") chega ao público pouco menos de um ano depois do início das filmagens.
Em Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, ele estará em cartaz nos cinemas durante apenas uma semana, em projeção digital. Ainda hoje, o Canal Brasil o exibirá pela primeira vez, às 22h; a TV COM, do Rio Grande do Sul, às 22h45. O portal Terra, por meio de streaming, dividirá o longa em cinco partes. Já o DVD é vendido também a partir de hoje, na loja virtual da Casa de Cinema de Porto Alegre, por R$ 29.
O site de divulgação (3efes.com.br) traz um blog e curtas sobre os bastidores. "Tenho certeza de que é o melhor lançamento possível para um filme como esse no Brasil", disse Gerbase à Folha, por telefone.
Com uma abertura que lembra o curta-metragem "Ilha das Flores" (1989), de Jorge Furtado, "3 Efes" narra histórias paralelas que convergem para exemplificar a tese de um personagem fictício sobre os "grandes apetites da humanidade": fome, sexo e fasma (representação da realidade).
A universitária Sissi (Cris Kessler), também operadora de telemarketing, precisa sustentar o pai e o irmão mais novo, namora um jogador de futebol em início de carreira e passa fome. Por meio de uma amiga (Ana Maria Mainieri), descobre que pode ganhar dinheiro com sexo. Sua tia (Carla Cassapo) ilustra, na relação com um catador de papel (Paulo Rodrigues), o risco dos simulacros. Outro núcleo, situado em uma agência de publicidade, discute caráter, ou a falta dele.
As interpretações são irregulares, e alguns diálogos, artificiais. O tom de farsa, no entanto, funciona como espécie de antídoto para as fragilidades da história. Mais significativo do que o próprio filme é o caminho alternativo para o qual aponta com seu lançamento.
"O mundo mudou, e não adianta mais querer tutelar o público", afirma Gerbase. Os prazos que costumam separar o lançamento em cinema da chegada ao DVD e das exibições na TV (as "janelas") já não fazem sentido, acredita ele, diante do público que "vai na internet e baixa (os arquivos com o filme), vai no camelô e compra (o DVD pirata)". "Se eu cumpro as "janelas", estou perdendo dinheiro", diz. "E não me fale em direito autoral. Autor é fantoche nessa discussão. O que está em jogo são os direitos comerciais. Autor não é ninguém", completa.


3 EFES
Diretor:
Carlos Gerbase
Produção: Brasil, 2007
Onde: estréia hoje no Frei Caneca Unibanco Arteplex
Avaliação: regular


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