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Cinema/estréias
Filme nacional é lançado em cinema, TV, DVD e internet
"3 Efes", de Carlos Gerbase, tem estréia simultânea hoje nessas quatro mídias; longa gaúcho de baixo orçamento trata dos "grandes apetites da humanidade"
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
O cinema de guerrilha no
Brasil ganha hoje novo capítulo
com o lançamento simultâneo
da produção gaúcha "3 Efes" no
cinema, na TV aberta e na paga,
na internet e em DVD. Rodado
em 20 dias com um orçamento
inicial de R$ 30 mil, finalizado e
distribuído nessas quatro mídias por outros R$ 70 mil, o longa-metragem de Carlos Gerbase ("Sal de Prata") chega ao público pouco menos de um ano
depois do início das filmagens.
Em Brasília, Curitiba, Porto
Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, ele estará em
cartaz nos cinemas durante
apenas uma semana, em projeção digital. Ainda hoje, o Canal
Brasil o exibirá pela primeira
vez, às 22h; a TV COM, do Rio
Grande do Sul, às 22h45. O portal Terra, por meio de streaming, dividirá o longa em cinco
partes. Já o DVD é vendido
também a partir de hoje, na loja
virtual da Casa de Cinema de
Porto Alegre, por R$ 29.
O site de divulgação (3efes.com.br) traz um blog e curtas
sobre os bastidores. "Tenho
certeza de que é o melhor lançamento possível para um filme como esse no Brasil", disse
Gerbase à Folha, por telefone.
Com uma abertura que lembra
o curta-metragem "Ilha das
Flores" (1989), de Jorge Furtado, "3 Efes" narra histórias paralelas que convergem para
exemplificar a tese de um personagem fictício sobre os
"grandes apetites da humanidade": fome, sexo e fasma (representação da realidade).
A universitária Sissi (Cris
Kessler), também operadora
de telemarketing, precisa sustentar o pai e o irmão mais novo, namora um jogador de futebol em início de carreira e passa fome. Por meio de uma amiga (Ana Maria Mainieri), descobre que pode ganhar dinheiro com sexo. Sua tia (Carla Cassapo) ilustra, na relação com
um catador de papel (Paulo Rodrigues), o risco dos simulacros. Outro núcleo, situado em
uma agência de publicidade,
discute caráter, ou a falta dele.
As interpretações são irregulares, e alguns diálogos, artificiais. O tom de farsa, no entanto, funciona como espécie de
antídoto para as fragilidades da
história. Mais significativo do
que o próprio filme é o caminho alternativo para o qual
aponta com seu lançamento.
"O mundo mudou, e não adianta mais querer tutelar o público", afirma Gerbase.
Os prazos que costumam separar o lançamento em cinema
da chegada ao DVD e das exibições na TV (as "janelas") já não
fazem sentido, acredita ele,
diante do público que "vai na
internet e baixa (os arquivos
com o filme), vai no camelô e
compra (o DVD pirata)". "Se eu
cumpro as "janelas", estou perdendo dinheiro", diz. "E não
me fale em direito autoral. Autor é fantoche nessa discussão.
O que está em jogo são os direitos comerciais. Autor não é
ninguém", completa.
3 EFES
Diretor: Carlos Gerbase
Produção: Brasil, 2007
Onde: estréia hoje no Frei Caneca Unibanco Arteplex
Avaliação: regular
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