São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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EXPOSIÇÃO
Painéis de fotos e documentos relatam repressão a Testemunhas de Jeová
Perseguição de nazistas a religiosos é tema de mostra

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Abriu ontem, em Santos, e vai correr o país uma mostra que pretende lembrar, por meio de fotografias e documentos de época, um dos mais desconhecidos grupos perseguidos pelo nazismo: as Testemunhas de Jeová.
Os 60 painéis, com 360 fotos e cem documentos, da exposição "Triângulos Roxos - As Vítimas Esquecidas do Nazismo" relatam em ordem cronológica o drama desses religiosos desde a ascensão do ditador Adolf Hitler, em 1933, até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Os triângulos roxos nos uniformes identificavam os prisioneiros Testemunhas de Jeová nos campos de concentração, de forma análoga aos adereços cor-de-rosa (homossexuais), vermelhos (comunistas e socialistas) e a estrela de Davi (judeus).
Um dos motivos para a perseguição às Testemunhas era o fato de eles rejeitarem a saudação "heil Hitler" (ave, Hitler). Para os religiosos, o único salvador a ser hon-rado era Jesus Cristo.
As Testemunhas de Jeová surgiram como movimento religioso em 1872 nos EUA, pregando fidelidade ao texto bíblico e rejeição ao catolicismo e ao protestantismo. Hoje, estimam ter 6 milhões de adeptos em todo o mundo -540 mil no Brasil.
Durante o regime nazista na Alemanha, as Testemunhas alemãs podiam deixar os campos de concentração se assinassem um documento, apresentado na mostra, no qual renunciavam à própria fé. Isso levou boa parte da historiografia do período a qualificá-los de ""vítimas por opção".
"O objetivo da exposição é trazer atenção à história de uma minoria que teve a opção de escapar e não escapou por ser fiel aos seus princípios", afirma Pedro Catardo, Testemunha de Jeová e um dos coordenadores da mostra.
Dos 25 mil integrantes do movimento que moravam na Alemanha à época de Hitler, 10 mil foram presos. Desses, 2.000 morreram nos campos. Além das fotos e documentos, a exposição, que está no Clube Internacional de Regatas (tel. 0/xx/13/3261-5711), apresenta uma réplica de um forno crematório usado nos campos de extermínio.


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