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MÚSICA/LANÇAMENTOS
"LIVE AT LEEDS"
Disco é registro da única turnê em que o grupo tocou a ópera-rock "Tommy" ao vivo
Show confirma supremacia do Who no palco
MARCELO VALLETTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Se você um dia tivesse a chance de conversar com um rock
star das antigas e perguntasse
qual o melhor show que ele viu na
vida, a probabilidade de ele responder "The Who, no final dos
anos 60" não é pequena.
Na virada dos 60 para os 70, o
grupo estava no auge da forma e
não encontrava muita competição nos palcos britânicos. Os Beatles não mais se apresentavam, o
hard rock ainda engatinhava com
Led Zeppelin e Black Sabbath e os
Rolling Stones, por melhores que
fossem, não eram páreo, ao vivo,
para o quarteto liderado pelo guitarrista Pete Townshend.
A prova dessa supremacia está
na nova edição do clássico "Live
at Leeds", primeiro e melhor registro oficial da banda ao vivo. Pela primeira vez, é lançada a íntegra do concerto gravado em 14 de
fevereiro de 70, na Universidade
de Leeds. A grande atração desta
nova versão de "Live at Leeds" é a
execução de "Tommy", obra mais
célebre do grupo. Lançada em 69,
a ópera-rock sobre um garoto cego, surdo e mudo que é craque no
pinball foi tocada ao vivo pela formação original do Who apenas
nesta turnê.
Sobre "Tommy", é preciso reiterar que, apesar do pomposo título
ópera-rock, a obra é muito mais
rock do que ópera e não lembra
em quase nada extravagantes trabalhos de grupos da época.
Esta versão ao vivo, que está separada no disco 2, não traz todas
as músicas do "Tommy" original
e é tocada em andamento mais
acelerado, deixa isso bem claro.
Em pouco mais de 50 minutos, o
público da apresentação viaja pela
saga, que tem como destaque as
faixas "Overture", "Go to the Mirror" e "We're Not Gonna Take It".
No primeiro CD aparecem alguns dos maiores sucessos do
quarteto, como "I Can't Explain",
"Substitute" e "Happy Jack", em
versões diretas, energéticas.
O hino "My Generation" é outro destaque. A faixa, com 15 minutos de duração, revisita vários
temas de "Tommy" e mostra que
a química entre os integrantes do
grupo era fantástica. Também
aparecem as covers "Summertime Blues", "Shakin" All Over",
"Fortune Teller" e o blues "Young
Man Blues", em versão que lembra o Led Zeppelin da época.
"I'm a Boy" e "A Quick One,
While He's Away" são ensaios para "Tommy", tentativas anteriores de Townshend em criar uma
ópera-rock. Mas o Who de "Live
at Leeds" felizmente não tinha sucumbido aos vícios do rock de
arena. A banda não perde tempo
com firulas e proporciona à audiência verdadeiro ataque sônico.
Ao contrário das convencionais
bandas de rock, no Who a dita
"cozinha" (bateria e baixo) não
faz o papel de suporte para guitarra e voz. Os riffs de Townshend é
que são a base para que John Entwhistle passeie pelas cordas do
baixo e para que Keith Moon sole
praticamente o tempo inteiro,
descendo o braço na bateria, sem
fazer questão de marcar o ritmo.
Esse estilo revolucionário fica
bastante evidente no melhor momento do show, a impressionante
faixa de abertura, "Heaven and
Hell". De cara, fica óbvio que o
grande destaque da noite é o incansável Moon. Pegue seu ingresso e prepare os ouvidos, porque o
espetáculo é inesquecível.
Live at Leeds
Artista: The Who
Lançamento: Polydor/Universal
Quanto: R$ 50, em média
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