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Doze produtores musicais indicam quem deve bombar neste ano
A cantora Céu, Mombojó, Instituto e Turbo Trio estão entre os artistas eleitos
Bolsa de APOSTAS
Bruno Miranda/Folha Imagem
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A cantora paulistana Céu, promessa de revelação na MPB neste ano, lançou seu disco de estréia, independente, em outubro de 2005 |
ADRIANA FERREIRA SILVA
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
É inevitável. Neste ano, você vai
ouvir ainda mais Marisa Monte,
Chico Buarque, Arnaldo Antunes
e Fernanda Abreu -eles são alguns dos artistas que têm novos
discos programados para 2006.
Mas, abaixo desse olimpo, entre
os independentes, quem fará o
barulho que o Cansei de Ser Sexy
fez no ano passado?
A Folha conversou com 12 produtores -aqueles profissionais
que acompanham o processo de
gravação do artista- que prestam serviço tanto aos indies
quanto ao "mainstream", para saber quais são as tendências e os
novos nomes que devem ecoar
durante o ano. Além de trabalhar
com artistas como Nação Zumbi,
Pato Fu e Los Hermanos, eles produzem outros que, muitas vezes,
não têm uma grande gravadora
por trás, mas se dão bem graças
ao boca-a-boca.
Eles apostam na consolidação
de um cenário bastante criativo,
que inclui bandas paraenses como o La Pupuña, os pernambucanos Mombojó, o coletivo paulista
Instituto e o próprio Cansei de Ser
Sexy. E também indicam nomes
como o da cantora Céu e o do grupo Turbo Trio.
Se depender dos entrevistados,
Céu irá ao
estrelato. Cinco deles lembraram
da cantora, que lançou seu primeiro disco de MPB em outubro
do ano passado. Na época, ela se
tornou a queridinha dos críticos,
e, atualmente, superlota casas do
circuito alternativo como o Grazie
a Dio!, em SP, onde fez minitemporada no mês passado.
Para o produtor de Céu, Beto
Villares, que já trabalhou com Pato Fu e Zélia Duncan, ainda "há
muita coisa para acontecer". "O
lançamento foi bem bacana e há
uma perspectiva de distribuição
maior, também fora do país."
Apollo 9, que convidou a cantora para participar de três faixas de
seu primeiro disco, "Res Inexplicata Volans", também se derrama
em elogios à moça. "O disco dela é
maravilhoso. Talvez um dos mais
legais do ano."
O carioca Marcelinho da Lua e
Pena Schmidt, que produziu "Cabeça Dinossauro", dos Titãs, fazem uníssono. "Ela interpreta as
canções de uma forma bem bacana. Uma maneira interessante de
apresentar a música brasileira",
opina Marcelinho.
Hip hop à brasileira
Samba, coco, funk carioca, repente e jazz são alguns dos ingredientes do temperado hip hop
brasileiro. E seguem incrementado essa receita as bandas Turbo
Trio, Z'África Brasil e Instituto.
Os dois últimos apresentam neste
ano o segundo disco da carreira.
"O rap underground está se
consolidando", aposta Zé Gonzales, que produziu faixas de Seu
Jorge, Racionais e Marcelo D2. "O
novo CD do Z'África está muito
bom. O Turbo também tem um
trabalho legal", diz Gonzales.
"O Z'África tem um apelo brasileiro forte, calcado na cultura nordestina, misturando com embolada, maracatu e com a presença
forte da zabumba. É o grupo que
tem mais consciência de que o repente é o rap brasileiro", explica
Daniel Ganjaman, um dos integrantes do coletivo Instituto.
Formado por artistas/produtores, o Instituto surgiu no cenário
musical em 2002 com a elogiada
coletânea "Coleção Nacional". O
grupo é responsável pela produção de vários nomes do rap, entre
eles, o Z'África, além de bandas
como a Nação Zumbi.
O novo disco do grupo de Ganjaman, sem data de lançamento
definida, terá participações internacionais, como o nigeriano Tony
Allen, ex-baterista de Fela Kuti.
Veterano na cena, BNegão (ex-Planet Hemp) estréia em CD com
sua nova banda, o Turbo Trio,
parceria com Alexandre Basa e
Tejo Damasceno, do Instituto.
"O Turbo é uma aposta para ser
um grande nome da música, acredito que pode surpreender internacionalmente", afirma Carlos
Eduardo Miranda, produtor de
Raimundos, Cordel do Fogo Encantado e Otto.
Um dos mentores do Trama
Virtual, site ligado à gravadora
Trama que disponibiliza espaço
para bandas na internet, Miranda
destaca ainda os artistas on-line.
O Mombojó é um exemplo desse perfil de músico. A banda de
Recife decolou com a ajuda de seu
site próprio, no qual colocou todas as faixas do primeiro disco,
"Nadadenovo". O novo CD do
grupo deve sair neste ano pela
Trama. É outro "segundo disco"
que merece atenção.
A nova Recife
Se a terra do Mombojó foi fértil
durante a última década, a próxima que promete dar frutos é Belém, no longínquo Pará.
A cena paraense, que mescla influência de ritmos locais (guitarrada e tecnobrega) e rock, tem
despertado interesse de pessoas
como Pena Schmidt. "É uma coisa muito fresca, com influência
pouco conhecidas. Lembra o Caribe", descreve Schmidt. De lá, ele
destaca Pio Lobato e o La Pupuña,
um "surf music da pororoca".
Para o carioca Kassin, que assina, entre outras, produções para
Los Hermanos e está trabalhando
com Jorge Mautner, duas bandas
da cena rock, do Rio, devem estourar: Moptop e Forfun. "Elas
têm o apelo "messiânico" do Los
Hermanos, além de serem boas."
É impossível saber se algum
desses "novos" artistas será alçado além da barreira dos milhares
de discos. Por ora, senhores, ouçam e façam suas apostas.
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