São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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Piaf abre a competição em Berlim

Longa francês que recupera a trajetória da cantora Édith Piaf inaugura hoje a disputa de 22 títulos pelo Urso de Ouro

O filme brasileiro "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, concorre ao prêmio; diretor faz documentário em Berlim


SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Festival de Berlim começa hoje sua 57ª edição com o filme "La Vie en Rose", em que o diretor francês Olivier Dahan reconstitui a trajetória da cantora Édith Piaf (1915-1963).
A extraordinária biografia de Piaf -que superou uma infância de privação e se tornou o ícone máximo da canção francesa- confere a Dahan a oportunidade de contar, também, parte da história de um tempo (a primeira metade do século 20), de um país (a França), e de sua relação com a cultura.
A imbricação de um personagem singular com um pano de fundo histórico é comum a boa parte dos 22 longas que lutam para ganhar, no próximo dia 17, o Urso de Ouro -principal prêmio do Festival de Berlim, ramo da trinca de ouro das mostras cinematográficas, ao lado das de Cannes e Veneza.
O brasileiro "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, visto por 334 mil espectadores no Brasil, está na disputa e compartilha o recurso de encarar uma sociedade, num de seus momentos cruciais, com foco sobre um percurso individual.

Ditadura
Aqui, é o garoto Mauro (Michel Joelsas) quem vê sua infância ser tumultuada por uma temporada de exílio involuntário na casa do avô, quando a ditadura militar brasileira dos 70 leva seus pais, militantes políticos, à clandestinidade.
Descendente de judeus alemães que fugiram para escapar do nazismo, Hamburger diz que visitará pela primeira vez a cidade de seus avós e bisavós "sem nenhum rancor", até porque se considera "filho da possibilidade da coexistência pacífica" e parte da geração que "já não sofreu com aquilo".
Mas o diretor pretende trazer à tona resquícios do passado, iniciando, durante o festival, o documentário "Um Terreno em Berlim", sobre uma propriedade de seus antepassados, que o governo alemão tenta devolver aos descendentes.
"Esse terreno foi confiscado pelos nazistas. Como ficava em Berlim Oriental, tornou-se depois posse dos comunistas. Agora, querem entregá-lo de volta", conta. Assunto de família que é, o documentário terá assistência de direção de Tom Hamburger, 17, filho de Cao que estréia no cinema.
A produtora Gullane Filmes tentará atrair co-produtores internacionais para o documentário no mercado de filmes, paralelo ao festival.

Prêmios
O Brasil não contava com um longa na competição do Festival de Berlim desde 1998, quando "Central do Brasil", de Walter Salles, venceu o Urso de Ouro e o Urso de Prata de melhor atriz (Fernanda Montenegro).
Hamburger diz que não se sente pressionado a também trazer um troféu para casa. "Não estou nem me cobrando [prêmios] nem com expectativa, apesar de achar que o filme tem qualidades", afirma.
Dos organizadores de Berlim que selecionaram seu filme, o diretor ouviu elogios ao desempenho do elenco e também comentários de que o titulo é "tocante e bem filmado".
"O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" estréia amanhã no festival. Será o segundo longa a ser apresentado em competição. Pela manhã, ocorre projeção para a imprensa, seguida de entrevista coletiva. À tarde, sessão oficial de gala. A Embaixada do Brasil em Berlim oferece coquetel ao diretor e à equipe, após a maratona.
Os atores Michel Joelsas, Daniela Piepszyk (Hanna) e Germano Haiuf (Schlomo) acompanham Hamburger na sessão, assim como Cláudio Galperin e Anna Muylaert (roteiristas), Daniel Rezende (montador), Cássio Amarante (diretor de arte) e Caio e Fabiano Gullane (produtores).


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