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ALCINO LEITE NETO, em Nova York - ultima.moda@folha.com.br
Lacoste 2º tempo
A poderosa marca de sportswear inaugura nova fase de negócios no Brasil e anuncia desfile em São Paulo
A Lacoste completou 75 anos
e está com novos planos para o
Brasil. "Vamos modernizar todo o nosso negócio no país",
conta à Folha, em Nova York, o
empresário Philippe Lacoste,
um dos herdeiros e diretor de
relações internacionais da poderosa marca de sportswear.
A partir deste ano, a Lacoste
passará a vender no Brasil a sua
linha mais fashion, e não apenas as peças mais básicas. Fará,
inclusive, um desfile no dia 24
de abril, em São Paulo, para
mostrar o prêt-à-porter da grife, desenhado por Christophe
Lemaire desde 2000. Também
está prevista a criação de uma
flagship na rua Oscar Freire.
A Lacoste foi criada na França pelo campeão de tênis René
Lacoste e sua mulher, a campeã
de golfe Simone Thion de
Chaume. Hoje, fatura cerca de
1,5 bilhão de euros, em 110 países. Phillipe Lacoste, 40, é um
"habitué" do Brasil: visitou o
país diversas vezes, e sua família tinha uma casa em Búzios.
Desde 2003, a grife francesa
desfila na semana de moda de
Nova York, onde mostrou no
último domingo sua charmosa
coleção para o próximo inverno. O destaque foram as peças
em preto e cores vivas, inspiradas na bandeira da Jamaica.
FOLHA - Por que a Lacoste decidiu
mudar seus negócios no Brasil?
PHILIPPE LACOSTE - A Lacoste mudou muito nos últimos anos, indo na direção da moda, e precisamos exprimir esta mudança
no Brasil. Deixamos nosso antigo parceiro no país [a Paramount] e criamos uma joint
venture da Devanlay [empresa
ligada à Lacoste] com novos
parceiros brasileiros e argentinos, para operar no Mercosul.
Vamos reformular as lojas e levar nosso prêt-à-porter ao país.
FOLHA - A Lacoste continuará a fabricar no Brasil?
LACOSTE - Sim, porque, do contrário, os preços ficariam muito
altos para o consumidor brasileiro. Eu diria que fabricamos
no Brasil 60% do que é vendido
no país. Pretendemos aumentar essa produção local, fabricando parte do prêt-à-porter.
FOLHA - As camisas polos também
são feitas no Brasil?
LACOSTE - Sim, e tudo vai muito
bem. Nós investimos nas nossas próprias fábricas, não terceirizamos a produção. Preparamos as pessoas para o trabalho, levando inclusive técnicos
da França para ensiná-las.
FOLHA - Por que a Lacoste decidiu
desfilar em Nova York?
LACOSTE - Primeiro, porque é
uma semana mais sportswear,
enquanto Paris é mais costura,
e Milão, mais voltada às marcas
italianas. Também porque é
uma semana onde se pode colocar na passarela ao mesmo
tempo as roupas femininas e
masculinas. Terceiro, porque,
na França, os jornalistas de
moda franceses não viam o
nosso desfile, de tal modo somos ligados à tradição do país.
Eles só prestaram atenção
quando nos mudamos para Nova York. Por fim, porque os
EUA é o nosso primeiro mercado, com 17% das vendas. A
França é o segundo, com 12%.
FOLHA - Por que o esporte e a moda se influenciam cada vez mais?
LACOSTE - Porque as pessoas
querem se vestir de forma mais
descontraída e mais confortável. Por outro lado, querem
conservar uma certa elegância.
E é isso que leva as marcas de
esporte a buscarem a moda.
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