São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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MÚSICA

Britânicos tocam no estacionamento do Credicard com ingressos esgotados

Oasis retorna a São Paulo e promete show sem frescuras

Tim Chong/Reuters
O vocalista do Oasis, Liam Gallagher, em show em Cingapura


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Liam Gallagher, menino de ouro e bad boy do britpop, está conosco. Duas vezes.
A primeira, na entrevista a seguir, em que desanca U2, Franz Ferdinand, até David Beckham e a seleção inglesa. A segunda será na semana que vem, quando o Oasis vem ao país pela terceira vez, para show em São Paulo -já com os 14.600 ingressos esgotados.
Após o estouro nos anos 90, com os discos "Definitely Maybe" e "(What's the Story) Morning Glory", a banda, liderada por Liam e pelo irmão Noel Gallagher, entrou num limbo criativo e comercial. No ano passado, o disco "Don't Believe the Truth" devolveu o Oasis tanto ao topo das paradas como às boas críticas.
Aqui, por telefone, Liam fala sobre sua banda, que ainda considera a melhor do mundo.
 

Folha - O Oasis já tocou no Brasil duas vezes: em 1998 e em 2001, no Rock in Rio. Você gostou? O que achou do festival?
Liam Gallagher -
É sempre bom ir à América do Sul, os fãs ficam bem animados conosco aí, são apaixonados. Não me lembro muito do festival, apenas que o Guns N" Roses tocou. Mas não me lembro bem como foi...

Folha - Em 1998, você tocou aqui vestindo uma camisa da seleção brasileira. Naquele ano, o Brasil ficou em segundo no Mundial da França. Neste ano haverá Copa novamente. Quais as chances do Brasil? E da Inglaterra?
Gallagher -
Não sou daqueles muito patriotas quanto à seleção inglesa. Acho que se jogar direito e merecer ganhar, você ganha. Mas às vezes eles parecem jogar como mulheres. Beckham e outros... Maricas. Mas estou ansioso pelo torneio. A turnê termina em 1º de abril [31 de março, na verdade], então estaremos livres. Não vou à Alemanha, verei pela TV.

Folha - Seu último disco recebeu críticas elogiosas, e você escreveu as letras de algumas canções. Você pretende continuar compondo?
Gallagher -
Eu escrevi apenas três músicas deste último álbum, então tem muitas outras. E o melhor ainda está por vir. Mas o que eu mais gosto é de cantar. Devem entrar sempre uma ou duas canções minhas em cada álbum que lançaremos no futuro.

Folha - Sempre quando o assunto é Oasis fala-se que vocês são problemáticos, que brigam muito entre si e com outras bandas. Mas nos últimos tempos vocês estão bem tranqüilos. Vocês mudaram?
Gallagher -
Não mudamos! Nós apenas crescemos um pouco. Algumas pessoas não têm criado os problemas que costumavam criar... Hoje eu e meu irmão nos respeitamos mais do que anteriormente. E ficamos um pouco mais espertos. É diferente de quando formamos a banda, não tínhamos filhos, nada a perder. É maravilhoso estar numa banda. Principalmente quando você se sente bem.

Folha - Muita gente diz que o rock britânico está em alta atualmente, mas você parece não gostar muito dessas bandas novas, não é?
Gallagher -
Não é que não goste delas. Sempre me perguntam esse tipo de coisa, o que acho disso, de aquilo. Acho que não estão fazendo grandes discos. Eles têm um tipo de movimento, mas é como música fast food. Você ouve a música, diz: "Ei, até que é legal", mas os álbuns... Não são bons álbuns. Essas bandas fazem uma música boa e só. Não desejo má sorte a elas, mas não são tão boas quanto Oasis...

Folha - Todo mundo parece estar falando sobre o Arctic Monkeys e de como eles ganharam muitos fãs pela internet. Você os considera um fenômeno?
Gallagher -
Ainda não ouvi o disco, apenas vi alguns dos singles deles na TV. Eles vão tocar conosco no Canadá. Mas gosto da banda, prefiro eles a Franz Ferdinand, por exemplo, que fingem tocar punk rock. Arctic Monkeys me lembra de quando começamos, alguns caras do norte da Inglaterra. Eles não estão tentando enganar ninguém. Se é um fenômeno, vamos ver no ano que vem.

Folha - Há algumas semanas, aqui no Brasil, tivemos dois shows enormes, de U2 e Rolling Stones. Eles ainda são relevantes?
Gallagher -
Eles são as maiores bandas do mundo, sem dúvida, mas as músicas... São um monte de merda, não? Os Stones não são uma mentira, claro, mas... Eles são grandes, enchem estádios e estão nessa há tempos, então respeito, mas não curto nada do que o U2 vem fazendo. Eles são muito rockstars, para mim, não dizem muita coisa. Não se parecem com pessoas normais.

Folha - Quando começaram, você e Noel diziam que tinham a ambição de ser a melhor e maior banda do mundo...
Gallagher -
E ainda somos assim. Algumas coisas vão e vêm, tivemos altos e baixos, mas é isso o que adoro na banda. Quando acordo de manhã, minha missão é que o Oasis seja a maior banda do mundo de novo. Não somos hoje a maior banda do mundo. Somos a melhor banda do mundo, e não a maior banda, qualquer um pode ver isso. Perdemos alguns integrantes da banda, tivemos problemas pessoais no caminho, mas ainda estou pronto para enfrentar tudo isso de novo. Sou o melhor cantor do mundo, e o melhor cantor tem que estar na melhor banda.

Folha - Então você ainda tem a ambição, a fome de antigamente?
Gallagher -
Claro. Não há ninguém mais faminto. Quando subo num palco, fico louco.

Folha - Sobre o show em São Paulo, como será? O que tocarão?
Gallagher -
Será rock and roll direto. Vocês não vão ver grandes luzes e coisas do gênero... Será um show sem frescuras.


Oasis
Quando:
15 de março, às 22h Onde: estacionamento do Credicard Hall (av. Nações Unidas, 17.955, Santo Amaro, SP; tel. 0/xx/11/6846-6000)
Quanto: ingressos esgotados


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