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"My Fair Lady" ganha nova montagem em SP
Peça de Alan Jay Lerner conta história de vendedora de flores que tenta ser dama
Versão de Jorge Takla perde parte do humor original, que investia nas diferenças
entre inglês culto e dialeto falado por londrinos pobres
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Encenar o musical "My Fair
Lady" em versão aportuguesada é pisar em ovos. Parte da graça da peça de Alan Jay Lerner
com música de Frederick Loewe -interpretada nos anos 50
por Julie Andrews na Broadway e, mais tarde, nos anos 60,
por Audrey Hepburn, no cinema- reside nas diferenças entre o inglês culto e o cockney,
espécie de dialeto falado ainda
hoje nas ruas de Londres.
A estréia da versão montada
por Jorge Takla, hoje para convidados no teatro Alfa teve de
varrer este saboroso detalhe
para o canto da sala. A língua
inglesa ainda é citada pelo texto
como objeto dramatúrgico importante, mas acaba transposta
a uma realidade tupiniquim em
que a forma inculta se modela
por uma impostação caipira,
cheia de erros gramaticais.
Elisa Doolittle, a protagonista, é uma vendedora de flores
de modos bastante rudes, que
fala o cockney e trabalha nas
ruas de Convent Garden. Ao
trombar com ela, o professor de
lingüística Henry Higgins (Daniel Boaventura) resolve "ajudá-la" a se transformar em uma
dama, ensinando-lhe a falar de
forma culta e educada.
"Nessa versão; ela não fala o
plural devidamente e troca a letra "l" de algumas palavras por
"r", "problema" por "probrema",
por exemplo", diz Cláudio Botelho, que assina a tradução. O
resultado é uma Elisa Doolittle
parecida com a Filó, aquela caipira interpretada po Gorete
Milagres na televisão.
Trava-língua
Uma das marcas do original,
uma brincadeira em cima do
trava-língua "The rain in Spain
stays always in the plain" -já
traduzido antes, em montagem
dos anos 60 com Bibi Ferreira,
como o "Rei de Roma rumou a
Madri"- agora é substituído
por "Atrás do trem as tropas
vêm trotando".
Mas o trabalho funciona,
preservando com eficiência o
sentido das letras. Soa natural
na boca dos intérpretes e diverte o público, assim como a interpretação, um pouco acentuada, de Amanda Acosta no
papel principal.
Roubam a cena o ator Francarlos Reis, hilário no papel do
malandro Alfred Doolittle, pai
da protagonista, e Frederico
Silveira, cantor lírico que interpreta um burguês apaixonado
por Doolittle.
MY FAIR LADY
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel.
0/xx/11/5693-4000)
Quando: qui. e sex., às 21h; sáb., às
17h e 21h; dom., às 16h e 20h
Quanto: R$ 40 a R$ 185
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