São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2007

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"My Fair Lady" ganha nova montagem em SP

Peça de Alan Jay Lerner conta história de vendedora de flores que tenta ser dama

Versão de Jorge Takla perde parte do humor original, que investia nas diferenças entre inglês culto e dialeto falado por londrinos pobres


GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Encenar o musical "My Fair Lady" em versão aportuguesada é pisar em ovos. Parte da graça da peça de Alan Jay Lerner com música de Frederick Loewe -interpretada nos anos 50 por Julie Andrews na Broadway e, mais tarde, nos anos 60, por Audrey Hepburn, no cinema- reside nas diferenças entre o inglês culto e o cockney, espécie de dialeto falado ainda hoje nas ruas de Londres.
A estréia da versão montada por Jorge Takla, hoje para convidados no teatro Alfa teve de varrer este saboroso detalhe para o canto da sala. A língua inglesa ainda é citada pelo texto como objeto dramatúrgico importante, mas acaba transposta a uma realidade tupiniquim em que a forma inculta se modela por uma impostação caipira, cheia de erros gramaticais.
Elisa Doolittle, a protagonista, é uma vendedora de flores de modos bastante rudes, que fala o cockney e trabalha nas ruas de Convent Garden. Ao trombar com ela, o professor de lingüística Henry Higgins (Daniel Boaventura) resolve "ajudá-la" a se transformar em uma dama, ensinando-lhe a falar de forma culta e educada.
"Nessa versão; ela não fala o plural devidamente e troca a letra "l" de algumas palavras por "r", "problema" por "probrema", por exemplo", diz Cláudio Botelho, que assina a tradução. O resultado é uma Elisa Doolittle parecida com a Filó, aquela caipira interpretada po Gorete Milagres na televisão.

Trava-língua
Uma das marcas do original, uma brincadeira em cima do trava-língua "The rain in Spain stays always in the plain" -já traduzido antes, em montagem dos anos 60 com Bibi Ferreira, como o "Rei de Roma rumou a Madri"- agora é substituído por "Atrás do trem as tropas vêm trotando".
Mas o trabalho funciona, preservando com eficiência o sentido das letras. Soa natural na boca dos intérpretes e diverte o público, assim como a interpretação, um pouco acentuada, de Amanda Acosta no papel principal.
Roubam a cena o ator Francarlos Reis, hilário no papel do malandro Alfred Doolittle, pai da protagonista, e Frederico Silveira, cantor lírico que interpreta um burguês apaixonado por Doolittle.


MY FAIR LADY
Onde:
teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel. 0/xx/11/5693-4000)
Quando: qui. e sex., às 21h; sáb., às 17h e 21h; dom., às 16h e 20h
Quanto: R$ 40 a R$ 185


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